Esse tipo de sono pode ser sinal de Alzheimer, segundo estudo

Algumas pessoas demoram mais para entrar na fase de sonho do sono, conhecida como movimento rápido dos olhos (REM, na sigla em inglês). E isso pode ser sinal precoce da doença de Alzheimer. Pelo menos, o que sugere um estudo com pesquisadores da China, Espanha e Estados Unidos envolvidos.

A pesquisa, publicada (em inglês) nesta semana na revista Alzheimer’s and Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association, se baseou em trabalhos anteriores. Esses trabalhos investigaram as relações entre qualidade do sono, formação de memória, pensamento cognitivo e risco de demência.

Distúrbios no sono têm sido cada vez mais associados à doença de Alzheimer, dizem pesquisadores

“Distúrbios do sono são comuns em pacientes com demência e têm sido cada vez mais associados à doença de Alzheimer, bem como a biomarcadores de Alzheimer e demências relacionadas, mesmo em estágios pré-clínicos da doença”, escrevem os pesquisadores em seu artigo publicado.

Mulher deitada na cama olhando para o teto com os braços cruzados atrás da cabeça
Estudo sugere que demora para entrar no sono REM pode estar associada a doença de Alzheimer (Imagem: Lysenko Andrii/Shutterstock)

Para investigar essa relação, a equipe monitorou 128 adultos de 71 anos, em média. Desses, 64 tinham diagnóstico de Alzheimer e 41 apresentavam comprometimento cognitivo leve. Os pesquisadores analisaram essas pessoas durante uma noite numa clínica.

A equipe dividiu o contingente de participantes em grupos conforme o tempo que eles levaram para atingir o sono REM. Um grupo atingiu o REM em aproximadamente 98 minutos (uma hora e 38 minutos), enquanto outro demorou cerca de 193 minutos (três horas e 13 minutos).

  • Após ajustar fatores como idade, função cognitiva e risco genético, os pesquisadores observaram que aqueles com REM mais atrasado tinham maior probabilidade de ter Alzheimer.

Comparações adicionais revelaram que o grupo com REM tardio apresentava maior acúmulo das proteínas beta-amiloide e tau no cérebro, ambas associadas ao Alzheimer. Além disso, eles tinham níveis mais baixos de BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro), proteína que apoia a sobrevivência dos neurônios e facilita o aprendizado.

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Ressalvas

Ainda é difícil distinguir entre causas e consequências do Alzheimer. Por exemplo, os aglomerados de proteínas beta-amiloide e tau podem ser tanto causadores quanto resultados da doença. Mas estudos como este em questão ajudam a avançar na compreensão dos mecanismos envolvidos.

Ilustração de cérebro se desfazendo igual nuvem para representar neurodegeneração da Doença de Alzheimer
Aglomerados de proteínas beta-amiloide e tau no cérebro podem ser tanto causadores quanto consequências da doença de Alzheimer (Imagem: Naeblys/Shutterstock)

Embora não haja relação direta de causa e efeito, os pesquisadores acreditam que atingir o sono REM mais cedo promove um equilíbrio químico cerebral mais saudável – o que o protege contra efeitos da demência.

  • Vale mencionar: a epidemiologista Yue Leng, da Universidade da Califórnia (EUA), explica que o atraso no sono REM pode aumentar os níveis de cortisol (hormônio do estresse) e prejudicar o hipocampo, região do cérebro crucial para a formação de memórias (saiba mais neste comunicado, em inglês).

Por isso, os pesquisadores recomendam promover um ciclo de sono saudável. Como? Tratar condições como apneia do sono e evitar o consumo excessivo de álcool é um bom começo. Isso pode ajudar a prevenir atrasos no sono REM, apoiar a formação de memórias e reduzir o risco de demência.

Futuras pesquisas devem explorar o impacto de medicamentos que influenciam os padrões de sono, pois eles podem modificar a progressão da doença. Investigar esses mecanismos é importante porque pode levar a intervenções mais eficazes para retardar ou prevenir o Alzheimer.

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