Pedra rúnica mais antiga do mundo pode ter sido gravada por uma mulher

Uma descoberta arqueológica na Noruega está lançando luz sobre as origens da escrita rúnica. Fragmentos de uma pedra rúnica, com idade estimada entre 1.700 e 2.070 anos, foram encontrados em um antigo cemitério na cidade de Hole. Essa é a primeira pedra do tipo a ser datada com precisão e pode ter sido esculpida por uma mulher, segundo os pesquisadores.

O que você vai ler aqui:

  • Uma pedra rúnica, datada entre 50 a.C. e 275 d.C., foi encontrada na Noruega, sendo o objeto mais antigo do tipo;
  • As runas, usadas pelos povos germânicos antes do alfabeto latino, têm sua origem ainda pouco compreendida;
  • A pedra foi fragmentada e redistribuída entre várias sepulturas, sugerindo que teve uso em diferentes rituais funerários;
  • A inscrição “idiberug” pode indicar que uma mulher esculpiu runas, sendo o primeiro registro feminino conhecido nesse contexto;
  • Essa descoberta lança uma nova luz sobre as origens da escrita rúnica e o papel das mulheres na sua prática.
À esquerda, o fragmento de arenito gravado com uma inscrição rúnica descoberto na Noruega. Crédito: George Alexis Pantos. À direita, um esquema gráfico da pedra, tornando as runas mais claras. Crédito: Kristel Zilmer

As runas eram um sistema de escrita utilizado pelos antigos povos germânicos antes da adoção do alfabeto latino. Elas permaneceram em uso na Escandinávia e no norte da Europa até o fim da Era Viking. Os vikings utilizavam uma variação mais jovem do alfabeto futhark, mas os exemplos mais velhos desse sistema são escritos no futhark antigo, cuja origem ainda não é totalmente compreendida pelos especialistas. 

Antes dessa descoberta, os registros mais antigos conhecidos de runas eram de um pente de osso e uma faca de ferro encontrados na Dinamarca, ambos datados do século II.

A pedra norueguesa foi encontrada no sítio arqueológico de Svingerud e estava fragmentada em várias partes espalhadas por diferentes sepulturas. Os arqueólogos conseguiram encaixar esses pedaços como um quebra-cabeça, concluindo que todos pertenciam originalmente a uma única laje de arenito. 

A datação de restos cremados e carvão encontrados nas sepulturas revelou que os enterros ocorreram durante a Idade do Ferro romana.

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Runas esculpidas na pedra são parcialmente identificáveis

As inscrições na pedra variam entre runas identificáveis e símbolos de significado incerto, que podem ser apenas ornamentais ou tentativas estilizadas de escrita. Isso sugere que diferentes pessoas podem ter gravado a pedra ao longo do tempo. 

Uma hipótese levantada pelos pesquisadores é que a laje teria sido erguida para marcar um túmulo específico e depois fragmentada para ser incorporada a outros sepultamentos. No entanto, ainda não está claro o motivo dessa divisão, nem quando as inscrições foram feitas.

Em um comunicado, a pesquisadora Kristel Zilmer, uma das autoras do estudo, publicado nesta segunda-feira (3) na revista Antiquity, explicou que as pedras rúnicas tinham tanto um propósito cerimonial quanto prático. Segundo ela, a laje pode ter sido usada inicialmente para homenagear apenas um falecido, mas seu reaproveitamento em outros enterros pode indicar novas práticas e rituais funerários ao longo do tempo.

Na fotografia, a pedra é disposta com o lado A voltado para cima, de modo que as runas do lado B (primeiro plano) ficam invertidas. As runas são mostradas na orientação correta no desenho. Créditos: Fotografia de George Alexis Pantos/Desenho de Kristel Zilmer.

Entre as inscrições decifradas, uma sequência de runas chamou a atenção dos pesquisadores: “idiberug“. Esse termo pode ser o nome de uma mulher e aparece junto a um trecho que parece se referir ao ato de esculpir runas. Se essa interpretação for confirmada, este seria o primeiro registro conhecido de uma mulher gravando runas. Os pesquisadores, no entanto, alertam que essa hipótese ainda precisa ser mais investigada, pois “idiberug” também pode se referir ao falecido, a um doador ou até a outro elemento desconhecido.

Essa descoberta oferece uma nova perspectiva sobre as origens da escrita rúnica e sobre o papel das mulheres na sua disseminação. Ainda há muitas perguntas sem resposta, mas os fragmentos da pedra de Svingerud ajudam a preencher lacunas na história da escrita germânica antiga.

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