Como a tecnologia está gerando novas oportunidades de emprego no agronegócio?

* Por Paola Campiello, presidente da ConectarAGRO

A expansão da conectividade no agronegócio brasileiro e a revolução tecnológica decorrente deste processo não apenas aumentam a produtividade, mas também transformam as economias locais. A adoção de tecnologias conectadas, como redes 4G, IoT (Internet das Coisas) e automação está trazendo benefícios concretos para as comunidades que cercam as áreas rurais. Além de modernizar as propriedades, essas inovações estão criando oportunidades de trabalho e impulsionando o desenvolvimento socioeconômico das regiões.

A revolução da IoT no agronegócio

A Internet das Coisas (IoT) no setor agropecuário está em crescimento, com projeções de expansão de US$ 11,4 bilhões em 2021 para US$ 18,1 bilhões até 2026, segundo especialistas. 

Os cinco principais impactos da IoT na agricultura moderna incluem:

  • 1. Sensoriamento de precisão: permite a coleta de dados detalhados sobre gestão de culturas, criação animal, condições climáticas e qualidade do solo, auxiliando na tomada de decisões informadas e na redução de desperdícios.
  • 2. Eficiência no uso de recursos: otimização do uso de água, energia e outros recursos, promovendo práticas agrícolas mais sustentáveis e econômicas.
  • 3. Monitoramento ambiental: sensores e drones monitoram em tempo real variáveis ambientais, permitindo ajustes rápidos e precisos nas práticas agrícolas.
  • 4. Gestão de gado e outros animais: monitora condições ambientais que afetam o bem-estar animal, além de rastrear localização e saúde dos animais, facilitando a detecção precoce de doenças.
  • 5. Sistemas de irrigação inteligentes: sistemas automatizados ajustam a irrigação com base em dados de umidade do solo e previsões climáticas, conservando água e melhorando o crescimento das culturas.

A introdução de tecnologias conectadas no campo tem criado também uma ampla gama de empregos, tanto diretos quanto indiretos. Direto nas propriedades, há uma demanda crescente por operadores de drones, técnicos de manutenção de sensores IoT, especialistas em software agrícola e gestores de dados. Esses profissionais são essenciais para configurar, monitorar e interpretar informações que otimizam o plantio, a colheita e outros processos produtivos.

A demanda por profissionais capacitados em operar e manter sistemas IoT está em ascensão, exigindo treinamento especializado e atualização constante. Além disso, a integração de tecnologias avançadas pode atrair uma força de trabalho mais jovem e qualificada para o setor, promovendo inovação e eficiência nas operações agrícolas.

Indiretamente, as comunidades vizinhas se beneficiam da geração de empregos em setores como logística, manutenção de equipamentos e consultoria tecnológica. Com o aumento da conectividade, surgem oportunidades para startups e pequenas empresas desenvolverem aplicativos, soluções personalizadas e treinamentos voltados para o agronegócio. Além disso, atividades como comércio local, educação técnica e serviços gerais também ganham impulso, gerando um círculo virtuoso de crescimento econômico.

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Impactos econômicos e sociais

Estudos recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o agronegócio representa cerca de 26% do PIB brasileiro, e a conectividade tem desempenhado um papel crescente nesse resultado. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a adoção de tecnologias conectadas aumenta a produtividade em até 20% nas propriedades que utilizam soluções baseadas em IoT e big data.

Esse aumento de eficiência se traduz em mais rentabilidade para os produtores e, consequentemente, em maior circulação de recursos nas regiões rurais. Em municípios que dependem da agropecuária, isso significa mais investimentos em infraestrutura local, educação e saúde, ampliando as oportunidades para a população.

Educação e qualificação como alavancas do progresso

O avanço tecnológico no campo também demanda uma força de trabalho mais qualificada, o que tem levado a um aumento de cursos técnicos e programas de capacitação em áreas rurais. Instituições como o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) têm desempenhado um papel crucial nesse sentido, promovendo treinamentos em operação de maquinário automatizado e uso de softwares de gestão agrícola.

Esses programas ajudam a reter talentos locais, reduzindo a migração para os grandes centros urbanos e fortalecendo as economias regionais. Jovens que antes deixavam suas cidades em busca de melhores condições, agora encontram oportunidades para desenvolver carreiras bem remuneradas dentro do próprio contexto rural.

O futuro conectado das áreas rurais

Fica claro que, com o avanço das tecnologias conectadas, o agronegócio se consolida como uma das principais alavancas de geração de empregos no Brasil. Contudo, para que esse crescimento seja sustentável, é fundamental superar desafios, como a expansão da infraestrutura de conectividade em regiões remotas e o investimento contínuo em educação.

O Indicador de Conectividade Rural (ICR), desenvolvido pela ConectarAGRO, revela avanços significativos nesse sentido. De acordo com a última atualização do relatório, a média do índice de conectividade por município no País aumentou de 0,45 para 0,6. Esse crescimento reflete uma melhoria geral, mas os desafios permanecem, especialmente em áreas mais isoladas.

Além disso, o estudo aponta para um aumento considerável na quantidade de imóveis rurais com cobertura 4G e 5G. Em apenas seis meses, a porcentagem de propriedades rurais com acesso às redes móveis de quarta e quinta geração subiu de 37% para 43,8%, destacando uma evolução importante na conectividade das áreas destinadas à agropecuária.

Ao adotar essas tecnologias, o campo brasileiro não apenas aumenta sua competitividade global, mas também cria condições para um desenvolvimento mais equilibrado e sustentável no país. O impacto vai muito além da porteira: beneficia comunidades inteiras e contribui diretamente para a construção de um Brasil mais próspero e conectado.

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