Artesãos Baré de Novo Airão mantêm viva arte ancestral com fibras de arumã

Artesãos Baré de Novo Airão mantêm viva arte ancestral com fibras de arumã

Há quase seis décadas, artesãos indígenas da etnia Baré de Novo Airão, no Amazonas, dedicam-se à produção de artesanatos feitos com produtos naturais, como as fibras de arumã, uma planta nativa da Amazônia.

Essa tradição, que envolve cultura, manejo sustentável e técnicas passadas de geração em geração, é mantida viva pela Associação de Artesãos de Novo Airão (AANA).

Cultura e tradição de artesãos da etnia Baré de Novo Airão
Trançado para produção de artesanatos – Foto: Reprodução

Um dos principais artigos produzidos são os balaios, cestas feitas com fibras de arumã, que carregam consigo a herança da etnia indígena Baré, originária do alto rio Negro.

Cultura e tradição de artesãos da etnia Baré de Novo Airão

Dona Alberta, veterana da associação, começou a trabalhar com as fibras aos 18 anos, aprendendo com os pais. Hoje, ela repassa o conhecimento aos filhos, mantendo viva a tradição familiar.

Cultura e tradição de artesãos da etnia Baré de Novo Airão
Dona Alberta, artesã veterana da associação – Foto: Reprodução

“Esse artesanato passa de geração para geração e assim vai. Aprendi com meus pais e estou aqui até hoje, e já passei para meus filhos”, conta.

Para ela, o trabalho com as fibras de arumã vai além de uma fonte de renda: é uma forma de preservar a cultura e a conexão com a natureza.

O que é o arumã?

O arumã é uma planta que cresce em áreas alagadas, como margens de rios e igarapés. Suas fibras são fortes e resistentes, ideais para a confecção de balaios e outros itens.

Após a colheita, as fibras são tingidas com pigmentos naturais e preparadas para o manejo.

“Nós temos um plano de manejo onde cuidamos e reservamos para não acabar. Isso é a nossa cultura, porque se você acabar o que tem na natureza, quem vai cuidar?”, reflete dona Alberta.

Desafios para o futuro

A AANA completou 58 anos de existência, mas, após quase seis décadas, o maior desafio é manter o interesse da nova geração.

Desafios para continuidade – Foto: Reprodução

“Eles não têm aquela preocupação que a gente tinha. É difícil conquistar a nova geração para dar continuidade, a não ser os filhos dos artesãos”, lamenta dona Alberta.

Apesar das dificuldades, a associação segue resistindo, preservando não apenas uma técnica artesanal, mas também um legado cultural e ambiental que é parte essencial da identidade amazônica.

Indígenas Baré

Os Baré foram um dos primeiros povos indígenas do Rio Negro a sentir os efeitos do contato com pessoas de fora da comunidade.

Indígenas Baré – Foto: Reprodução

A história deles foi marcada por muita violência e exploração, especialmente no trabalho de extração de recursos da natureza. Muitos foram obrigados a sair de suas terras por causa desse contato.

Além disso, os Baré foram forçados a trabalhar de forma quase escrava em fortalezas e vilas, perdendo sua liberdade e seu modo de vida tradicional.

Outro grande impacto foi a perda da língua original deles, que foi substituída pelo nheengatu (uma língua indígena regional) e pelo português, mudando profundamente sua cultura e identidade.

‘Nossa Cidade, Nosso Futuro’

O projeto “Nossa Cidade, Nosso Futuro”, do Grupo Norte de Comunicação, realiza uma série de reportagens da TV Norte Amazonas sobre ações das novas gestões nos municípios do Amazonas.

O projeto busca abordar expectativas e compromissos com os futuros das cidades no Amazonas.

Novo Airão, a 180 quilômetros de Manaus, conhecido por carregar uma riqueza ecológica imensa, é o primeiro município a ser retratado no quadro.

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