Efeito DeepSeek, Europa arrependida e EUA de fora: os destaques do AI Action Summit em Paris

Líderes mundiais e executivos do ramo de tecnologia marcam presença durante a semana no Artificial Intelligence Action Summit, conferência organizada pelo presidente francês Emmanuel Macron e pelo primeiro-ministro indiano Narendra Modi, que acontece em Paris. O objetivo é discutir assuntos relacionados à inteligência artificial (IA) e chegar a acordos globais.

Nomes como Sam Altman (CEO da OpenA), Dario Amodei (CEO da Anthropic), Demis Hassabis (CEO da DeepMind, divisão de IA do Google) e JD Vance, vice-presidente dos Estados Unidos, participam do evento.

Evento é o terceiro da cúpula sobre IA (Imagem: AI Action Summit/Reprodução)

O que é o Artificial Intelligence Action Summit

O Artificial Intelligence Action Summit é o terceiro evento de uma série de cúpulas globais sobre IA. A primeira aconteceu em 2023 na Grã-Bretanha e a segunda, no ano passado na Coreia do Sul.

Nas duas cúpulas anteriores, as discussões giraram em torno dos riscos e danos dos sistemas avançados de IA. Ao que tudo indica, o foco deste ano é nas regulamentações e no potencial da tecnologia.

Os destaques do AI Action Summit de Paris

Os sites The New York Times e Tech Crunch estiveram presentes no AI Action Summit e resumiram alguns dos destaques do evento.

Europa arrependida da regulamentação de IA

De acordo com o NYT, a Europa pode estar reconsiderando a regulamentação da IA. A União Europeia foi pioneira na aprovação do AI Act, um conjunto de leis que controla a tecnologia e entrará em vigor aos poucos a partir do ano que vem.

Em resposta, executivos americanos afirmaram que consideram a região um lugar difícil de se fazer negócios no setor de IA em comparação com mercados com regulamentações menos restritivas. A preocupação é que a União Europeia fique para trás.

O próprio presidente da França e organizador do AI Action Summit, Emmanuel Macron parece estar arrependido. O político anunciou nesta semana que o país irá receber cerca de 109 bilhões de euros (cerca de R$ 650 bilhões) em investimentos privados em IA nos próximos anos. O Olhar Digital reportou aqui.

Além disso, o presidente é um grande entusiasta da startup francesa de IA Mistral e se mostrou contra uma regulamentação “punitiva” que torne a França menos competitiva no setor. Durante o evento, ele pediu que a Europa simplifique suas regulamentações para voltar à corrida da IA, de forma que as leis não impeçam a inovação.

Mesmo assim, ele enfatizou a importância das legislações: “precisamos dessas regras para que a inteligência artificial avance”.

Emmanuel Macron pediu regulamentação que não bloqueie inovação (Imagem: @Elysee/X/Reprodução)

A influência da DeepSeek

A startup chinesa DeepSeek chamou atenção do mundo todo com o DeepSeek R1, chatbot poderoso que supostamente custou muito menos para ser treinado do que o ChatGPT – e consegue resultados semelhantes.

Além de cutucar as big techs norte-americanas, a fama da startup acendeu uma nova esperança para empresas menores da Europa, que se consideravam fora da corrida da IA. Segundo Clément Delangue, presidente-executivo da Hugging Face, uma empresa de desenvolvimento de IA, o “DeepSeek mostrou que todos os países podem fazer parte da IA, o que não era óbvio antes”.

Visão positiva sobre IA

  • Ao contrário dos dois primeiros AI Action Summit, a edição de Paris não está focando nos riscos da IA;
  • Na verdade, os conferencistas e palestrantes estão falando sobre a potencial e as capacidades da tecnologia de acelerar o progresso, inclusive em áreas como medicina e ciência climática;
  • De acordo com o NYT, a perspectiva positiva foi uma decisão proposital de Macron, mas também mostra uma mudança na indústria de IA em focar no lado ‘bom’, visando convencer os formuladores de políticas a abraçar a adoção da tecnologia.
Estados Unidos não aderiu ao acordo de IA proposto (Imagem gerada com IA via DALL-E/Vitória Gomez/Olhar Digital)

EUA não devem ter regulamentação de IA

Uma das dúvidas no início do AI Action Summit era sobre a postura do governo Trump em relação à inteligência artificial. Isso ficou um pouco mais claro após o discurso do vice-presidente dos EUA, JD Vance, no evento.

Ele destacou que “os Estados Unidos são líderes em IA e nossa administração planeja mantê-los assim”.

Acreditamos firmemente que a IA deve permanecer livre de preconceitos ideológicos e que a IA americana não será cooptada como uma ferramenta de censura autoritária.

JD Vance, vice-presidente dos Estados Unidos, no AI Action Summit

Leia mais:

  • DeepSeek é melhor do que o ChatGPT? Olhar Digital testou
  • Europa quer mais regras de IA para um uso seguro — Estados Unidos discordam
  • Reino Unido quer regulamentação de IA diferente dos EUA e da União Europeia; entenda

EUA e Reino Unido de fora da declaração de IA

O AI Action Summit deveria terminar com a assinatura de uma declaração conjunta sobre a postura global em relação à IA, assinada por dezenas de líderes mundiais. Na prática, 61 países (incluindo China, Índia, Japão, Canadá e Austrália) assinaram o documento, que propõe “garantir que a IA seja aberta, inclusiva, transparente, ética, segura, protegida e confiável” e colaboração global em fomentar o diálogo sobre a tecnologia.

Estados Unidos e Reino Unido se recusaram a assinar. É possível que mais países assinem nas próximas horas.

Como pontuou o Tech Crunch, o documento não chega a ser ambicioso no que diz respeito a metas de IA. A falta de assinaturas prova o quão complicado é chegar em um acordo quando o assunto é o avanço da tecnologia, principalmente considerando o contexto geopolítico.

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