Soldada, de 19 anos, é encontrada morta na base após reclamar de superior ‘psicótico’ que enviou ‘3.600 mensagens em um mês’

Soldado, de 19 anos, é encontrada morta na base após reclamar de chefe 'psicótico' que enviou '3.600 mensagens em um mês'

Em dezembro de 2021, a vida da soldada Jaysley Beck, de 19 anos, chegou a um fim trágico em uma base militar em Wiltshire, no Reino Unido. A jovem, integrante da Royal Artillery, enfrentava um comportamento perturbador de seu superior hierárquico, o Bombardeiro Ryan Mason, que enviou mais de 3.600 mensagens a ela apenas no mês de novembro daquele ano. O caso, investigado em um inquérito público, revelou recentemente detalhes de uma situação descrita como “psicótica” e “possessiva”, que deixou a soldada com medo de ir até seu próprio alojamento.

Jaysley ingressou no Exército britânico com o sonho de construir uma carreira, mas em poucos meses sua rotina se transformou em um pesadelo. Colegas relataram que, nas semanas anteriores à sua morte, ela parecia cada vez mais angustiada. O motivo era o comportamento obsessivo de Ryan Mason, seu superior direto, que começou a enviar mensagens incessantes pelo WhatsApp. Em um único dia, ele chegou a mandar três textos e uma ligação em questão de minutos, mesmo após Jaysley pedir espaço.

As mensagens de Mason misturavam declarações de “amizade” com insinuações românticas. Em uma delas, ele escreveu: “Te amo, Jayse. Como amiga”. Em outra, afirmou: “Sempre estarei aqui por você, você está presa a mim para sempre agora. Te amo x. Como amigo, te amo”. Apesar do tom supostamente amigável, a intensidade das mensagens deixou Jaysley desconfortável. Em 25 de novembro, ela respondeu: “Isso de se apaixonar por mim está ficando demais. Acabei de sair de um relacionamento e não quero me envolver em nada assim. Está me sobrecarregando”.

A soldada da Royal Artillery, Jaysley Beck, foi encontrada morta em dezembro de 2021 (Foto da família/PA).

A soldada da Royal Artillery, Jaysley Beck, foi encontrada morta em dezembro de 2021 (Foto da família/PA).

A situação escalonou a ponto de a soldada preferir dormir em seu carro, em pleno inverno britânico, a ficar no alojamento designado. Ela temia a proximidade com Mason e chegou a suspeitar que ele havia invadido seu telefone. Em uma ligação desesperada para a mãe, Leighann McCready, dias antes de morrer, Jaysley chorou e disse: “Mãe, acho que ele hackeou meu celular. Ele sabe exatamente onde estou, mesmo devendo estar longe”.

A família da jovem descreveu como seu estado emocional piorou rapidamente. “Ela não se sentia segura”, contou McCready durante o inquérito. “Chegou a dizer que ele estava ‘se tornando um creep’ e que seu comportamento era ‘psicótico’”. Em um rascunho de mensagem nunca enviada, Jaysley escreveu: “Sinto-me presa nesta situação. Tentei agir normalmente, mas não há nada normal aqui. Seu comportamento é possessivo e doentio. Preciso de um tempo”.

Além do assédio digital, o inquérito revelou um incidente anterior que pode ter contribuído para o isolamento da soldada. Em julho de 2021, durante um exercício de integração em Hampshire, outro militar teria colocado a mão entre suas pernas sem consentimento. Jaysley formalizou uma queixa, e o sargento envolvido enviou uma carta de desculpas após receber uma punição leve. Um relatório do Exército, divulgado em outubro de 2023, sugeriu que essa experiência a deixou relutante em denunciar outros abusos posteriormente.

A adolescente afirmou anteriormente que seu chefe estava 'perseguindo' ela (Foto da família/PA).

A adolescente afirmou anteriormente que seu chefe estava ‘perseguindo’ ela (Foto da família/PA).

Colegas próximos, como o Bombardeiro John Wheeler, notaram a mudança em seu comportamento. “Era uma pessoa alegre, mas nas últimas semanas ficou cada vez mais fechada”, disse ele. Apesar do evidente desgaste emocional, Jaysley não procurou ajuda psicológica oferecida pelas forças armadas. O relatório do serviço militar classificou o bombardeio de mensagens como um fator “quase certo” para o desfecho trágico.

O inquérito também destacou que a soldada não tinha histórico de problemas mentais antes do ocorrido. Seus pais questionaram as falhas no sistema de apoio do Exército, já que a jovem claramente pedia ajuda indireta, como ao dormir no carro ou ao compartilhar seus medos com a família. A investigação continua em andamento, mas os detalhes já expostos levantam debates sobre a cultura institucional e a proteção de soldados contra assédio.

Enquanto isso, Ryan Mason, que não foi acusado criminalmente até o momento, segue em serviço. As mensagens e depoimentos mostram um padrão de comportamento que, segundo especialistas, ilustra como a obsessão e a hierarquia militar podem criar ambientes opressores. Para Jaysley Beck, a promessa de uma carreira transformou-se em uma armadilha da qual ela não conseguiu escapar.

Esse Soldada, de 19 anos, é encontrada morta na base após reclamar de superior ‘psicótico’ que enviou ‘3.600 mensagens em um mês’ foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.

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