Violência explode na Grande Belém: 66 baleados e 50 mortos em janeiro

A violência na região metropolitana de Belém atingiu níveis alarmantes, transformando a vida da população em um cotidiano de medo e insegurança. Assaltos, homicídios, estupros, tráfico de drogas e execuções sumárias fazem parte do cenário de terror imposto por criminosos que desafiam o Estado e aterrorizam os moradores. Pequenos comerciantes são extorquidos por facções criminosas, usuários de drogas são brutalmente eliminados quando não conseguem pagar seus débitos com traficantes, e a sensação de impunidade se espalha como um câncer.

Em meio ao aumento desenfreado da criminalidade, especialistas alertam para a necessidade urgente de reforço na segurança pública e de medidas preventivas por parte da população. Evitar locais ermos à noite, estar sempre atento ao ambiente, investir em sistemas de segurança residencial e denunciar atividades criminosas de forma anônima são algumas das ações que podem ajudar a minimizar os riscos.

O município de Barcarena registrou o maior crescimento do período, passando de um tiroteio para quatro em janeiro deste ano. Em segundo lugar aparece Marituba que passou de seis registros para 12 em janeiro. Em contrapartida, Benevides, que registrou seis tiroteios em janeiro de 2024, teve uma mudança significativa no perfil da violência armada e registrou apenas um tiroteio no mês de janeiro.

Entre as principais motivações dos tiroteios, destacam-se 31 casos relacionados a ações policiais, seguidos de 24 homicídios ou tentativas de homicídio e cinco roubos ou tentativas de roubo.

Número de mortes dispara em janeiro

Os dados divulgados nesta terça-feira (11) pelo Instituto Fogo Cruzado mostram que a Grande Belém registrou 63 tiroteios no primeiro mês de 2025, resultando em 66 pessoas baleadas – das quais 50 morreram e 16 ficaram feridas. O número representa um aumento de 37% nos tiroteios e de 22% no total de vítimas em comparação com janeiro de 2024, evidenciando uma escalada da violência urbana.

O levantamento também expõe a desigualdade racial na letalidade policial e da criminalidade: das vítimas fatais, 19 eram pessoas negras e 12 eram brancas, enquanto 19 não tiveram a raça identificada. Além disso, a violência fez vítimas de diferentes faixas etárias, incluindo dois adolescentes mortos, três feridos, duas crianças e um idoso atingidos.

Confira os números de janeiro por município:

  • Belém: 27 tiroteios, 18 mortos e 11 feridos
  • Ananindeua: 12 tiroteios, 9 mortos e 2 feridos
  • Marituba: 12 tiroteios, 10 mortos e 3 feridos
  • Castanhal: 5 tiroteios e 6 mortos
  • Barcarena: 4 tiroteios e 5 mortos
  • Benevides: 1 tiroteio
  • Santa Bárbara do Pará: 1 tiroteio e 1 morto
  • Santa Izabel do Pará: 1 tiroteio e 1 morto

O dia 8 de janeiro foi o mais letal, com cinco tiroteios e oito mortos, enquanto o dia 9 registrou o maior número de feridos, com nove vítimas. Entre os casos mais emblemáticos está o assassinato de Jully Roberta Santos de Vilhena, mulher trans de 22 anos, encontrada morta em Marituba no dia 29 de janeiro, após ter desaparecido uma semana antes.

Execuções e a vulnerabilidade da população LGBTQIA+

Os altos índices de violência na região metropolitana de Belém também refletem o preconceito estrutural e a vulnerabilidade de grupos minoritários. A porta-voz do Instituto Fogo Cruzado no Pará, Dandara Rudsan, destacou a importância da visibilidade desses casos:

“O Brasil é um dos países que mais contabilizou assassinatos de pessoas trans no mundo. Quando registramos esses casos damos visibilidade a um problema que é crônico e que precisa da atenção do poder público.”

A escalada da violência exige medidas urgentes das autoridades, enquanto a população segue refém de criminosos que impõem o terror em ruas, comércios e bairros inteiros. Até quando?

O Ver-o-Fato enviou e-mail à assessoria da Secretaria de Segurança Pública e aguarda resposta sobre o relatório do Instituto Fogo Cruzado. O espaço está aberto à manifestação do secretário, Uálame Fialho Machado.

ÍNTEGRA DO RELATÓRIO DO FOGO CRUZADO

O Instituto Fogo Cruzado lançou nesta terça-feira (11) o relatório mensal da violência armada na região metropolitana de Belém do Pará. Em janeiro de 2025, foram registrados 63 tiroteios, que resultaram em 66 pessoas baleadas. Dessas, 50 morreram e 16 ficaram feridas. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, houve aumento de 37% no número de tiroteios, passando de 46 em janeiro de 2024 para 63 em janeiro de 2025. O total de baleados no mês também subiu 22%, indo de 54 para 66.

Os dados foram coletados entre os dias 1º e 31 de janeiro de 2025e estão disponíveis na API do instituto, de forma aberta e gratuita. 

O município de Barcarena registrou o maior crescimento do período, passando de um tiroteio para quatro em janeiro deste ano. Em segundo lugar aparece Marituba que passou de seis registros para 12 em janeiro. Em contrapartida, Benevides, que registrou seis tiroteios em janeiro de 2024, teve uma mudança significativa no perfil da violência armada e registrou apenas um tiroteio no mês de janeiro.

Entre as principais motivações dos tiroteios, destacam-se 31 casos relacionados a ações policiais, seguidos de 24 homicídios ou tentativas de homicídio e cinco roubos ou tentativas de roubo.

A distribuição da violência armada por município da Região Metropolitana de Belém em janeiro ficou da seguinte forma:

  • Belém: 27 tiroteios, 18 mortos e 11 feridos
  • Ananindeua: 12 tiroteios, 9 mortos e 2 feridos
  • Marituba: 12 tiroteios, 10 mortos e 3 feridos
  • Castanhal: 5 tiroteios e 6 mortos
  • Barcarena: 4 tiroteios e 5 mortos
  • Benevides: 1 tiroteio
  • Santa Bárbara do Pará: 1 tiroteio e 1 morto
  • Santa Izabel do Pará: 1 tiroteio e 1 morto

O perfil da violência armada

Entre os 50 mortos registrados em janeiro, 47 eram homens cisgênero, duas eram mulheres cisgênero e uma era mulher trans ou travesti. Das 16 pessoas feridas, 15 eram homens cisgênero e uma era mulher cisgênero.

“Os dados seguem reforçando a necessidade de aprimorar as políticas de segurança pública e também o combate à desigualdade. A predominância de ações policiais em contextos de violência armada indica um padrão preocupante que merece análise detalhada. O monitoramento do Fogo Cruzado é constante e também essencial para que se pensem outras políticas e outras soluções que preservem a vida das pessoas”, afirma Eryck Batalha, coordenador regional do Fogo Cruzado no Pará.

19 pessoas negras foram mortas e seis ficaram feridas, enquanto 12 pessoas brancas foram mortas e duas ficaram feridas. Além disso, 19 mortos e oito feridos não tinham identificação de raça. 

Quanto à faixa etária, 48 adultos foram mortos e 16 ficaram feridos; dois adolescentes foram mortos e três ficaram feridos; além de duas crianças e um idoso feridos.

​​Dias de maiores ocorrências

O dia 8 de janeiro foi o mais violento e letal, com cinco tiroteios registrados e oito mortos. Já o dia 9 de janeiro foi o que registrou o maior número de feridos, com nove no total.

No dia 29 de janeiro, o Instituto Fogo Cruzado registrou a morte de uma mulher trans. Jully Roberta Santos de Vilhena, de 22 anos, foi encontrada na Rua Alfredo Calado, no bairro Santa Lúcia, em Marituba, na Grande Belém. Ela havia desaparecido no dia 22 de janeiro.

“O Brasil é um dos países que mais contabilizou assassinatos de pessoas trans no mundo. Quando registramos esses casos damos visibilidade a um problema que é crônico e que precisa da atenção do poder público. As pessoas trans precisam de políticas públicas que atendam às suas realidades e isso vai além da atuação na área da segurança pública”, afirma Dandara Rudsan, porta-voz do Fogo Cruzado no Pará.

SOBRE O FOGO CRUZADO

O Fogo Cruzado é um instituto que usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, fortalecendo a democracia através da transformação social e da preservação da vida.

Com uma metodologia própria e inovadora, o laboratório de dados da instituição produz mais de 50 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife, de Salvador e de Belém.

Através de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios, checadas em tempo real, que estão no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, acessível gratuitamente pela API do instituto ou pelos relatórios mensais.

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