Deezer aposta em IA para detectar músicas geradas artificialmente; saiba mais

A plataforma de músicas Deezer anunciou a implementação de uma ferramenta própria para detectar músicas geradas por inteligência artificial (IA). A nova tecnologia revelou que cerca de 10% das faixas enviadas diariamente à plataforma são totalmente criadas por IA, o que representa um impacto significativo no catálogo da empresa. Com essa iniciativa, a Deezer busca aumentar a transparência para usuários e proteger os direitos de artistas e compositores.

Em entrevista ao Olhar Digital, Aurélien Hérault, Chief Innovation Officer da Deezer, explicou os desafios da criação da ferramenta e os impactos da IA no ecossistema musical.

A ferramenta foi desenvolvida ao longo do último ano e já conta com duas solicitações de patente registradas no final de 2024. Segundo a empresa, a tecnologia permite identificar conteúdo gerado por IA sem a necessidade de treinamento extensivo em um conjunto de dados específico, um avanço em relação às soluções disponíveis no mercado.

Aurélien Hérault, Chief Innovation Officer da Deezer
Aurélien Hérault, Chief Innovation Officer da Deezer (Imagem: Deezer / Divulgação)

Desafios e avanços na detecção de músicas geradas por IA

Aurélien Hérault explicou ao Olhar Digital que a necessidade de desenvolver esse tipo de tecnologia surgiu da própria estrutura da plataforma.

O desafio não é só criar funcionalidades para o produto, mas garantir que essas funcionalidades dependem de um bom gerenciamento do catálogo de músicas.

Aurélien Hérault, Chief Innovation Officer da Deezer

Hérault destacou que um dos principais desafios foi desenvolver uma ferramenta eficiente em larga escala. Segundo ele, as tecnologias de detecção disponíveis atualmente funcionam bem quando treinadas com dados de um modelo específico de IA, mas perdem eficácia ao lidar com novos modelos. “Nós conseguimos resolver esse problema e criamos uma ferramenta muito mais robusta, que pode ser usada em vários modelos diferentes”, explicou.

A tecnologia da Deezer funciona detectando rastros deixados por modelos generativos que são imperceptíveis para os ouvintes, mas ainda estão presentes no sinal de áudio. Apesar dos avanços, Hérault reconhece que “uma solução 100% perfeita não existe”, mas afirma que a ferramenta é altamente resistente a falsos positivos.

Impacto no catálogo e medidas para conteúdo gerado por IA

Com a detecção de um volume significativo de músicas geradas por IA, a Deezer já estuda medidas para evitar impactos negativos no catálogo e na experiência dos usuários. “Para a Deezer, isso impacta tecnicamente os custos de armazenamento, já que leva a um aumento no conteúdo armazenado que é raramente ouvido”, explicou Hérault. Além disso, a empresa teme que o crescimento descontrolado desse tipo de conteúdo possa afetar a experiência do usuário.

A estratégia inicial da plataforma envolve a remoção de faixas geradas por IA das recomendações algorítmicas e editoriais. No entanto, Hérault ressaltou que a Deezer não se opõe à tecnologia, reconhecendo seu potencial para a criatividade.

música gerada artificialmente
Deezer diz não ser contra a criação de músicas artificialmente, mas destaca que existem impactos negativos (Imagem: New Africa / Shutterstock.com)

Não nos posicionamos contra esse tipo de tecnologia, que pode ser uma ferramenta incrível para a criatividade. No entanto, queremos apenas destacar que, por trás dessa tecnologia, não existem apenas aspectos positivos para os usuários, plataformas e o ecossistema ao redor.

Aurélien Hérault, Chief Innovation Officer da Deezer

O futuro da detecção de IA na Deezer

A ferramenta atualmente implantada consegue detectar músicas 100% geradas por IA, mas a Deezer já trabalha para expandir suas capacidades para identificar faixas parcialmente criadas com tecnologia, como vocais sintéticos sobre instrumentais humanos. Além disso, a empresa ainda pode implementar um sistema de marcação para que usuários possam identificar faixas geradas por IA na plataforma. “Ainda não está totalmente definido no produto e na interface; isso é algo que ainda está em desenvolvimento”, disse Hérault.

A Deezer também reforça seu compromisso com a transparência e a justiça no ecossistema musical. Em 2024, foi a primeira plataforma de streaming a assinar a declaração global sobre o treinamento de IA, posicionando-se contra o uso não autorizado de obras protegidas para treinar modelos generativos.

No longo prazo, a empresa pretende aprimorar a detecção de deep fakes vocais e reforçar seu sistema de combate a fraudes no streaming. “Sim, também estamos trabalhando nesse tipo de detecção relacionada à clonagem de voz e à detecção de voz sintética”, afirmou o executivo.

A Deezer está na vanguarda do combate à fraude em streaming e possui um dos sistemas de detecção de fraude mais eficazes do mundo.

Aurélien Hérault, Chief Innovation Officer da Deezer

O post Deezer aposta em IA para detectar músicas geradas artificialmente; saiba mais apareceu primeiro em Olhar Digital.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.