Por que os amigos são a coisa mais importante que você pode ter?

Em uma época em que as relações humanas se assemelham ao conceito da “modernidade líquida” definida pelo sociólogo Zygmunt Bauman, uma pesquisa iniciada em 1938 revela a importância da conexão entre as pessoas. A equipe de pesquisadores da Universidade de Havard descobriu porque os amigos são importantes.

A pesquisa acompanhou e, ainda acompanha um grupo de homens americanos ao longo de suas vidas, o que seria uma espécie de investigação longitudinal. Nesse contexto, foram reunidos dados de todas as fases da vida dessas pessoas, a fim de entender como os seus relacionamentos refletiram sobre a sua existência. Entenda melhor a seguir.

Por que os amigos são a coisa mais importante que você pode ter?

A resposta a essa pergunta está em um dos estudos mais longos sobre saúde já relatado. O “Estudo sobre o Desenvolvimento Adulto” teve início em 1938 com aproximadamente 700 adolescentes. Alguns dos participantes eram estudantes de Harvard, enquanto outros residiam nos bairros mais pobres de Boston. Vale lembrar que o estudo continua até os dias de hoje, comprovando porque os amigos são a coisa mais importante que se pode ter.

Não é à toa que o psiquiatra George Valliant, que coordena o estudo há 30 anos, afirma que os amigos são o principal indicador de bem-estar na vida de uma pessoa. Manter laços fortes de amizade pode aumentar nossa expectativa de vida em até 10 anos e prevenir diversas doenças.

Leia mais

  • Amigos ou cãozinho de estimação: qual é a melhor companhia, segundo a ciência?
  • Dia do Amigo: quais os benefícios da amizade para a saúde?
  • 5 apps e sites para tímidos e introvertidos fazerem amizades

Desafios do maior estudo sobre longevidade e saúde

Feliz grupo de idosos rindo juntos dentro de casa - Delightful velhos amigos tendo diversão
Estudo comprova que manter amizades ativas contribui para o bem-estar e saúde/Shutterstock Davide Angelini

Outro diretor da pesquisa realizada em Havard explicou em mais detalhes como foi feito o estudo ao longo desses anos em uma apresentação no TED talks. Robert Waldinger, psiquiatra e diretor do Centro de Estudos do Desenvolvimento da Vida Adulta da Universidade de Harvard, conta que foram milhares de páginas de observações e análises produzidas a partir da paciente coleta de dados via questionários, resultados de exames médicos, vídeos sobre interações familiares etc. Deste modo, no monitoramento eram consideradas as alegrias, dificuldades, e estado físico e mental dos participantes.

No entanto, Waldinger também descreve os desafios para realizar esse acompanhamento, uma vez que ele não acaba em algum momento, o estudo vai sendo concluído à medida que os pacientes falecem. Afinal de contas, a pesquisa não analisa apenas um único período, mas a vida inteira de cada participante. Para se ter uma ideia da longitude dessa análise, os pesquisadores começaram com 724 participantes, e até 2017 havia apenas 60 ainda vivos. Dessa forma, até mesmo as equipes de estudiosos foram sendo, consequentemente, substituídas.

Bons relacionamentos trazem mais felicidade?

O resultado dessa vasta investigação mostra que algumas pessoas prosperaram na vida, enquanto outras tiveram dificuldades, seja no aspecto financeiro, social ou de saúde. No entanto, a principal mensagem transmitida pelos participantes foi que “bons relacionamentos nos mantêm mais felizes e saudáveis”.

O interessante que a conclusão se deu à medida que cada pessoa envelhecia, e mantinha em seu depoimento a mesma percepção sobre o bem-estar conectado diretamente com seus relacionamentos ao longo da vida. Dessa forma, eram essas mesmas pessoas que apresentaram melhores condições de saúde, desde os aspectos físicos aos cognitivos.

Benefícios de manter amizades ativas

Amigos saindo à noite e fazendo festa. Jovens se reunindo ao ar livre no fim de semana e comemorando junto com coquetéis coloridos e pizza. Estilo de foto do flash frontal.
Ter amigos auxilia a manter uma boa memória, segundo estudos/Shutterstock/oneinchpunch

De acordo com outro estudo da Universidade de Chicago, pessoas que não contam com uma vida social ativa apresentam tendência a se sentirem indefesas, passando a ter noites de sono ruins e sofrendo com ansiedade e estresse. Por outro lado, pessoas com forte apoio social de amigos têm menos risco de enfrentar problemas como depressão e hipertensão, além de obterem ajuda na regulação do Índice de Massa Corporal (IMC).

Em 1990, o professor de psicologia Sheldon Cohen, da Universidade Carnegie Mellon descobriu, em uma pesquisa com 276 participantes, que o apoio social pode estimular nosso sistema imunológico e nos proteger contra infecções. Outro estudo também aponta que a solidão, por sua vez, aumenta em cerca de 30% o risco de ataques cardíacos, angina ou AVC.

Pesquisas também apontam sinais de que pessoas com fortes relações sociais apresentam menor risco de desenvolver Alzheimer e outras formas de demência. Além dos benefícios mencionados, é comprovado que estar perto de amigos estimula a liberação de neurotransmissores que promovem prazer e bem-estar.

A dopamina, por exemplo, gera felicidade, bem-estar e motivação, enquanto a oxitocina, conhecida como o “hormônio do amor”, é liberada na presença de pessoas queridas, ajudando a estabelecer vínculos e laços sociais.

O post Por que os amigos são a coisa mais importante que você pode ter? apareceu primeiro em Olhar Digital.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.