Combatentes do M23 tomam outra cidade importante no leste da RDC

Moradores de Bukavu junto a uma caminhonete de combatentes do M23, em 16 de fevereiro de 2025 na República Democrática do CongoAmani Alimasi

Amani Alimasi

Colunas de combatentes do grupo M23, apoiados por tropas ruandesas, tomaram, neste domingo (16), Bukavu, outra cidade importante do leste da República Democrática do Congo (RDC), um avanço que preocupa a União Africana, que alertou para o risco de uma “balcanização”.

O grupo chegou à periferia de Bukavu na sexta-feira, após ter tomado o controle do aeroporto situado a 30 km dali, seguindo o avanço que lhes permitiu se apoderarem no fim de janeiro da cidade de Goma, capital da província de Kivu do Norte.

A tomada de Bukavu, cidade de um milhão de habitantes, permite que o M23 tenha o controle total do lago Kivu, na fronteira com Ruanda.

Este avanço preocupa a comunidade internacional, que multiplica seus apelos para que Ruanda cesse o apoio militar ao M23. Este país africano nega que suas tropas estejam mobilizadas na República Democrática do Congo.

Alguns moradores de Bukavu aplaudiram os integrantes do M23 em sua chegada à cidade, constatou um jornalista da AFP.

“Damos as boas-vindas aos nossos libertadores, sinto uma imensa alegria que inunda meu coração”, disse Kigohwa Kalimbasha.

O comissário para a paz e a segurança da União Africana, Bankole Adeoye, advertiu, neste domingo, que este bloco não quer “uma balcanização do leste da RD Congo”.

Adeoye falou durante uma cúpula da UA em Adis Abeba, onde este fórum, que reúne 55 países, abordou a situação na RDC.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, presente na cúpula, pediu no sábado para se “evitar a todo custo uma escalada regional” e afirmou que “a soberania e a integridade territorial da RDC devem ser respeitadas”.

O governo da RDC afirma que há mais de 4.000 soldados ruandeses em seu território.

O conflito no leste da RDC se estende há três anos. O governo acusa Ruanda de querer controlar uma área rica em recursos minerais usados para fabricar baterias e aparelhos eletrônicos.

Ruanda afirma que para garantir sua própria segurança, quer erradicar os grupos armados da região, em particular os que foram criados por ex-funcionários hutus, responsáveis pelo genocídio dos tútsis em 1994.

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