Meta pode recorrer a Trump contra regulações da União Europeia

A Meta – empresa dona do Facebook, Instagram e WhatsApp – não descarta acionar o governo de Donald Trump caso a União Europeia (UE) imponha sanções que a empresa considere discriminatórias, segundo noticiou a Bloomberg.

A declaração foi feita por Joel Kaplan, diretor global de políticas da companhia, durante a Conferência de Segurança de Munique. Segundo Kaplan, a empresa respeitará as leis digitais europeias, mas buscará apoio dos Estados Unidos se julgar estar sendo alvo de tratamento injusto.

Embora queiramos trabalhar dentro dos limites das leis que a Europa aprovou – e sempre faremos isso –, apontaremos quando acharmos que fomos tratados injustamente.

Joel Kaplan

A posição da Meta ocorre em meio a um contexto de tensões crescentes entre Washington e Bruxelas no setor tecnológico.

Meta, Trump e a pressão sobre a União Europeia

  • Possível intervenção do governo Trump: Kaplan afirmou que, se a UE adotar medidas que prejudiquem empresas norte-americanas, a Meta pode recorrer à administração Trump para avaliar se há discriminação.
  • Conflito com regras digitais da UE: a Meta já recebeu mais de € 2 bilhões em multas na Europa por questões de privacidade e concorrência e agora enfrenta investigações pelo descumprimento do Digital Services Act, que impõe diretrizes rígidas sobre moderação de conteúdo.
  • Críticas às regulamentações europeias: a empresa alega que o rigor das regras digitais do bloco pode prejudicar a economia europeia e limitar a inovação, ao invés de promover um ambiente de concorrência justa.

União Europeia e restrições às big techs

A UE tem imposto regulamentações cada vez mais rígidas sobre as gigantes da tecnologia, argumentando que são necessárias para conter desinformação e garantir a proteção de dados dos usuários. No entanto, empresas como a Meta consideram essas medidas excessivas e prejudiciais à liberdade de expressão.

uniao europeia
Imagem: rarrarorro/Shutterstock

Kaplan citou como exemplo as sanções da UE contra plataformas de mídia social, incluindo investigações sobre o impacto dos algoritmos da Meta na exposição de menores de idade a conteúdos potencialmente prejudiciais. A empresa também indicou que pode não aderir ao novo código de conduta da UE para inteligência artificial, alegando que as exigências podem ser excessivas.

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Tensão entre EUA e UE cresce no setor tecnológico

As relações entre os EUA e a União Europeia atingiram um novo ponto de tensão com as críticas do vice-presidente norte-americano, JD Vance, à regulamentação digital do bloco. Ele acusou a UE de usar suas leis para suprimir discursos políticos, especialmente de grupos de extrema-direita que debatem questões como imigração.

O chanceler alemão Olaf Scholz rebateu as alegações, classificando-as como uma interferência inaceitável na democracia europeia, especialmente às vésperas de eleições na Alemanha.

Olaf Scholz, chanceler alemão, olhado para frente, em um púlpito, com as bandeiras da Alemanha e da União Europeia (UE) atrás
Chanceler alemão Olaf Scholz (Imagem: miss.cabul/Shutterstock)

Enquanto isso, a Meta reforça sua defesa da ferramenta Notas da Comunidade, que permite aos usuários verificarem a veracidade de informações na plataforma, como forma de equilibrar a luta contra a desinformação sem comprometer a liberdade de expressão.

Kaplan alertou que a UE não deveria medir o sucesso de suas regulamentações pelo valor das multas aplicadas, argumentando que essas políticas podem colocar a economia do bloco em desvantagem competitiva.

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