O que são geoglifos da Amazônia e por que precisam de proteção?

Os geoglifos da Amazônia são estruturas misteriosas que carregam informações valiosas sobre civilizações antigas.

No Acre, mais de 300 sítios arqueológicos desse tipo já foram identificados, revelando indícios de ocupação indígena entre 200 a.C. e 1300 d.C. No entanto, esses monumentos históricos estão ameaçados pelo avanço da agricultura e da pecuária na região.

Recentemente, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação judicial contra os responsáveis pela Fazenda Oeste, em Capixaba (AC), devido à destruição parcial do geoglifo Ramal do Capatará.

A fiscalização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) revelou que a área foi arada para o cultivo de soja, comprometendo a preservação do sítio.

O que são geoglifos?

Os geoglifos são desenhos gigantes feitos no solo a partir do deslocamento de terra, pedras ou vegetação. Eles podem ser positivos, quando as figuras são formadas pelo empilhamento de materiais, ou negativos, quando são esculpidos diretamente no solo.

Exemplos famosos de geoglifos incluem:

• Linhas de Nazca (Peru) – figuras gigantes de animais e símbolos, esculpidas há mais de mil anos.
• Marree Man (Austrália) – considerado o maior geoglifo do mundo, com cerca de 4 km de extensão.
• Geoglifos do Acre (Brasil) – formados por valas profundas e estruturas geométricas, indicando sociedades complexas na Amazônia pré-colonial.

A importância dos geoglifos da Amazônia

Os geoglifos do Acre começaram a ser registrados na década de 1970 pelo pesquisador Ondemar Dias, mas ganharam projeção científica a partir dos anos 2000. Estudos arqueológicos apontam que essas estruturas desafiam a visão tradicional de que a Amazônia era ocupada apenas por pequenos grupos nômades.

As pesquisas indicam que sociedades indígenas modificaram o ambiente de forma sofisticada, criando estruturas de terra em locais estratégicos, como interflúvios e margens de rios. Esses achados sugerem que a região abrigou comunidades densas, com conhecimento avançado em engenharia e manejo ambiental.

Para que serviam os geoglifos?

Os pesquisadores ainda tentam decifrar os propósitos dos geoglifos, mas algumas hipóteses incluem:

• Função ritualística – podem ter sido usados para cerimônias religiosas ou festividades comunitárias;
• Pontos de referência – possivelmente indicavam fontes de água, áreas de caça ou rotas seguras;
• Mapeamento territorial – poderiam representar limites entre territórios de diferentes grupos indígenas;
• Expressão artística e cultural – podem ter sido formas de comunicação simbólica entre civilizações antigas.

Ameaças à preservação dos geoglifos

A destruição do geoglifo Ramal do Capatará, em Capixaba, reforça a urgência de medidas de preservação. O laudo do Iphan constatou que a movimentação do solo e o plantio agrícola alteraram a estrutura das valas e muretas do sítio arqueológico, prejudicando sua integridade histórica.

Os principais riscos para os geoglifos da Amazônia incluem:

• Expansão da agricultura e pecuária – o desmatamento e o uso do solo para cultivo prejudicam as estruturas.
• Crescimento urbano desordenado – a ocupação de áreas próximas pode levar à degradação dos sítios arqueológicos.
• Construção de estradas e infraestrutura – intervenções humanas podem apagar vestígios históricos.

A necessidade de preservação

A proteção dos geoglifos amazônicos é fundamental para a compreensão da história dos povos originários do Brasil. O reconhecimento dessas estruturas como patrimônio cultural pode garantir sua preservação para futuras gerações.

Medidas como ações judiciais contra desmatamentos ilegais, tombamento dos sítios arqueológicos e ampliação da fiscalização são essenciais para evitar que esses registros históricos desapareçam.

*Com informações de Iphan, Segredos do Mundo e MultiRio.

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