Neguinho da Beija-Flor diz que seguirá na carreira de cantor após despedida da Sapucaí

Após anunciar que 2025 será seu último ano como intérprete no Carnaval carioca, Neguinho da Beija-Flor, 75, afirmou que prosseguirá na carreira de cantor de sambas. Ainda este ano, ele lançará um disco em parceria com Xande Pilares.

“Eu tinha duas funções no mundo do samba: tenho 41 álbuns gravados fora do carnaval. Vou dar continuidade. Vou ver se tenho mais uns 10, 15 anos. O Moreira da Silva cantou até os 99. O Jamelão até os 95. Vou ver se consigo chegar lá”, declarou o artista ao portal G1.
Neguinho da Beija-Flor está à frente do carro de som da azul e branco da Baixada Fluminense há quase 50 anos, o que faz dele um dos maiores intérpretes da história da folia carioca.
O lendário intérprete comanda a escola desde 1976 e foi a voz de todos os 14 campeonatos conquistados pela Beija-Flor até aqui. Neguinho também cantou na Unidos da Tijuca, em 1980, no Acesso, e esteve no carro de som da Mocidade Alegre, de São Paulo, em 1998 e 1999.
Luiz Antônio Feliciano Marcondes nasceu em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, dia 29 de junho de 1949. Filho de músico, ganhou um concurso de cantores mirins aos dez anos de idade, interpretando um samba de Jamelão.
Neguinho tem um irmão que seguiu o mesmo caminho: a paixão pelo samba, música e carnaval. Ninguém menos que Édson Feliciano Marcondes, o Nego, outro grande intérprete das escolas de samba. Já sua irmã, Tina Flor, morreu em 2015.
Com uma voz potente e afinada, estreou como puxador de samba no bloco Leão de Iguaçu, em 1970. Sem espaço entre os compositores de Salgueiro, Império Serrano, Portela e Mangueira, chamou a atenção de Cabana (Silvestre David da Silva), compositor dos primórdios da Beija-Flor.
Neguinho, então, incorporou o nome artístico à sua certidão de nascimento. Anísio (Abraão David, patrono da Beija-Flor) pediu ao Cabana que o chamasse para substituir o Bira Quininho, puxador da época, que tinha falecido.
“Fomos tricampeões duas vezes, levamos o Cristo mendigo coberto pela censura, na imagem mais conhecida do Carnaval. E o mais importante: inserimos a Beija-Flor de Nilópolis na história da maior festa popular do Brasil. Em lugar de protagonista”, destacou.
Quem compôs o tema “Globeleza” foram os autores Jorge Aragão e José Franco Lattari, assim como Quinho do Salgueiro foi o primeiro a cantá-lo. Contudo, foi na voz de Dominguinhos e Neguinho que a música explodiu e embalou os Carnavais da TV Globo.
Depois dos vices, Neguinho foi, mais uma vez, tricampeão seguido com a Beija-Flor, nos anos de 2003, 2004 e 2005. No primeiro desfile, a escola pediu o combate à fome e a busca pela paz (2003). Em seguida, falou sobre Manaus (2004) e as sete missões jesuíticas no Rio Grande do Sul (2005).
Em 2005, lançou seu primeiro DVD, na Cidade do Samba, contando com a presença de Sandra de Sá e dos intérpretes das escolas de samba. Fez uma turnê internacional com seu empresário, com shows em países como Bélgica, Itália, Suíça, Holanda, Espanha, França, entre outros.
Em 2008, Neguinho venceu a luta contra um câncer do intestino. No ano seguinte, em 23 de fevereiro, casou-se com Elaine Reis, na Marquês de Sapucaí, poucos minutos antes de cantar no carnaval. Ele tem cinco filhos, cinco netos (um falecido) e um bisneto.
Nos últimos cinco títulos, está o bi (2007 e 2008), com Áfricas e um enredo sobre o Macapá. Na década seguinte, em 2011, interpretou o samba sobre Roberto Carlos, em mais uma conquista. Além disso, venceu em 2015, ao falar sobre Guiné Equatorial e cantou, em 2018, sobre as mazelas do Brasil, traçando um paralelo com a obra Frankenstein.
Por fim, em 2025, a Beija-Flor de Nilópolis, que não vence o carnaval desde 2018, trará para a avenida um enredo sobre Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, o eterno Laíla. Será a despedida de Neguinho da Beija-Flor, que foi homenageado pela Unidos de Vila Isabel no carnaval de Viamão, no Rio Grande do Sul, em 2024.
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