Gêmeas idênticas apresentam diferença marcante após uma usar botox por 20 anos e a outra não

Gêmeos sempre foram fascinantes para a ciência, especialmente quando um deles participa de um experimento e o outro não. Foi exatamente isso que aconteceu em um estudo único realizado por um cirurgião plástico de Beverly Hills, que acompanhou duas irmãs gêmeas por quase 20 anos. A pesquisa tinha um objetivo claro: descobrir como o uso contínuo de Botox afeta o envelhecimento da pele em comparação com o envelhecimento natural.

O Botox, nome abreviado da toxina botulínica, é um medicamento injetável usado tanto para tratamentos de saúde quanto para fins estéticos. Ele age bloqueando temporariamente os sinais nervosos que contraem os músculos, suavizando linhas e rugas. Embora seja popular entre celebridades, seu uso vem se tornando cada vez mais comum entre pessoas que desejam prevenir sinais de envelhecimento precoce.

No estudo, iniciado em 2006, as gêmeas tinham 38 anos na época das primeiras fotos. Uma delas começou a receber aplicações de Botox aos 25 anos, focando na testa e na região entre as sobrancelhas, com sessões repetidas duas a três vezes por ano. Já a outra irmã fez apenas algumas aplicações na testa em 1999 e 2003, parando completamente depois disso. A diferença entre elas se tornou visível com o tempo.

É assim que as gêmeas estavam no início do estudo (American Medical Association).

Nas imagens registradas ao longo dos anos, a irmã que usou Botox regularmente apresentava a pele mais lisa e menos rugas, especialmente na testa e ao redor dos olhos (conhecidas como “pés de galinha”). Já a irmã que optou pelo envelhecimento natural desenvolveu linhas mais marcadas na testa e rugas mais evidentes ao sorrir.

Seis anos depois, em 2012, um novo acompanhamento revelou mudanças ainda mais interessantes. A gêmea que não usou Botox tinha o maxilar mais largo e o rosto ligeiramente mais inchado, embora não fosse possível afirmar se isso estava diretamente ligado à ausência do tratamento. Ambas relataram usar protetor solar diariamente, eliminando a possibilidade de danos causados pelos raios UV. Além disso, nenhuma das duas utilizou produtos com retinol ou teve hábitos prejudiciais à saúde, como fumo ou má alimentação.

Um detalhe curioso: a irmã que não fez Botox vivia em Munique, na Alemanha, onde o índice UV é significativamente menor do que em Los Angeles, cidade da irmã que aderiu ao tratamento. A diferença climática poderia influenciar no envelhecimento, mas o uso consistente de protetor solar por ambas minimizou esse impacto.

As imagens A e B mostram os resultados da gêmea que não usou Botox, enquanto as imagens C e D revelam as diferenças da gêmea que fez o tratamento com Botox (American Medical Association).

O cirurgião responsável pelo estudo, Dr. William Binder, explicou que o Botox não apenas impede a contração muscular, mas também pode modificar comportamentos. Com o tempo, os pacientes “aprendem” a não movimentar tanto as áreas tratadas, reduzindo a formação de rugas. Ele também destacou que o alívio da tensão muscular crônica pode facilitar a remodelação da pele, evitando o aprofundamento de linhas.

As rugas surgem quando os músculos faciais se contraem repetidamente, e, com a idade, a produção de colágeno e elastina — proteínas que mantêm a firmeza e elasticidade da pele — diminui. O Botox interfere nesse processo, criando uma barreira temporária contra movimentos que levam ao envelhecimento cutâneo.

O estudo das gêmeas oferece uma visão rara sobre os efeitos de longo prazo de um tratamento estético tão popular. Embora não seja possível generalizar os resultados para todas as pessoas, a comparação direta entre duas irmãs geneticamente idênticas traz insights valiosos sobre como intervenções cosméticas podem influenciar a aparência ao longo das décadas.

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