‘Vontade de viver’, diz homem que teve pernas amputadas e segue participando do Carnaval no AP


Rogério Santos sofreu uma descarga elétrica de 13.800 volts durante manobrar uma alegoria da Escola Boêmios do Laguinho no ano de 2006. Rogério Santos é uma personalidade do carnaval do Amapá
Jorge Júnior/Rede Amazônica
O carnaval para muitos é sinônimo de alegria e momentos de pura emoção. Mas para o Rogério Santos significa superação e renascimento. Ele é uma personalidade do carnaval do Amapá que aos 30 anos – em plena atividade carnavalesca – foi vítima de uma descarga elétrica que o deixou gravemente ferido.
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Rogério começou as atividades no carnaval amapaense em 1991 e permanece atualmente da sua escola do coração, Boêmios do Laguinho. Para ele, a agremiação representa sua maior paixão. Mas, esse amor pela folia, teve uma ‘pausa’, quando um grave acidente aconteceu com integrantes da agremiação.
Acidente
O dia 11 de março de 2006 era mais um dia ‘normal’ nos barracões das escolas de samba, na região sul de Macapá. Rogério e outros integrantes da escola estavam movimentando as alegorias no Sambódromo.
Segundo Rogério, ele e outras pessoas estavam passando as alegorias de volta para o barracão.
“Essa já era a última das cinco que iria ao desfile, mas não foi possível desfilar pois tiveram a ideia de pintar a pista no dia do desfile. Porém, a pista ficou escorregadia e Boêmios do Laguinho e Piratas Estilizados não puderam desfilar”, explicou.
Uma alegoria que representava o Copão da Amazônia encostou na fiação, que passava na frente do barracão. Foi neste momento, que Rogério e outros integrantes da escola foram eletrocutados com uma descarga elétrica de 13.800 volts.
Rogério foi levado ao hospital com ferimentos graves. Outro integrante, infelizmente, não resistiu. Era o vice-presidente da Boêmios do Laguinho, Nilson José da Silva Souza, conhecido como Bode, de 46 anos. Ele era filho do Mestre Sacaca, rei momo do carnaval amapaense durante muitos anos.
À época, a situação comoveu muita gente, afinal, o acidente foi em pleno período que era pra ser de alegria e comemoração.
Rogério deu entrada no Hospital de Emergências de Macapá com queimaduras de 2º e 3º graus por todo o corpo e risco de morte. Durante o período em que esteve internado, vários procedimentos tiveram que ser realizados, incluindo a cirurgia de amputação dos membros inferiores, que já apresentavam necrose.
“No dia 7 de abril tive que amputar as pernas porque elas estavam necrosando”, contou.
Resiliência
Ao relembrar do acidente que mudou sua vida, Rogério diz que sempre teve muita fé e vontade de viver.
“Graças a Deus, família, amigos nunca tive depressão. Nunca pensei em tirar minha vida, o que eu levo com tudo isso é história, é vida, é muita fé e vontade de viver, mas, principalmente muita superação”, explica.
Rogério Santos é personalidade do carnaval amapaense
Arquivo pessoal/divulgação
Representatividade
Rogério Santos faz parte da Associação dos Deficientes Físicos do Amapá e também da Associação de Basquete para Deficientes do estado. A representatividade passou a fazer mais sentido para o folião, que apesar de ter passado por uma experiência de quase morte, sobreviveu ao trauma e agora faz parte de grupos que lutam por acessibilidade e melhor qualidade de vida.
A luta por ‘viver’ se tornou a marca desse ‘imparável brincante’ do carnaval amapaense.
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