ABAETETUBA – Milhões na folia, miséria na saúde: vídeos

A população de Abaetetuba, sexta cidade mais populosa do Pará, localizada na região do Baixo-Tocantins, denuncia um colapso na saúde pública. Moradores relatam a falta de leitos no hospital municipal, dificuldades para transferência de pacientes graves para Belém, desabastecimento de medicamentos nas unidades de saúde e um atendimento precário que tem resultado em mortes evitáveis.

Diante desse cenário, manifestantes foram às ruas no último dia 26 de fevereiro para exigir providências da prefeita reeleita, Francinete Carvalho. O protesto ganhou força após a população tomar conhecimento de que a gestão municipal destinou R$ 3 milhões para a realização do Carnaval, financiando shows de grande porte e eventos festivos, enquanto a saúde atravessa um momento crítico.

Familiares de vítimas do colapso no sistema de saúde enviaram vídeos e relatos ao portal Ver-o-Fato, denunciando o descaso da administração municipal. “O povo vai continuar sofrendo até quando quiser. Temos o poder nas mãos e temos medo de usar”, desabafou uma moradora.

Outro morador criticou a destinação de recursos públicos para a festa carnavalesca enquanto a população sofre sem atendimento adequado. “É realmente triste e revoltante perceber como nossas autoridades políticas desfrutam de todo o luxo e regalias, enquanto o povo sofre nas filas dos hospitais públicos, esperando por um leito que muitas vezes nunca chega.”

A situação tem gerado revolta e questionamentos sobre as prioridades da gestão municipal. Os manifestantes pedem que o dinheiro gasto no Carnaval seja redirecionado para a conclusão da reforma do hospital municipal, que segue em obras há anos, sem previsão concreta de entrega.

Caos no atendimento e superlotação

A cidade conta apenas com uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que opera constantemente acima da capacidade. O aumento da demanda, agravado por doenças respiratórias e outras enfermidades, tem deixado pacientes sem atendimento adequado.

A promessa da entrega do hospital municipal até agosto não tranquiliza a população, que exige soluções imediatas. Durante o protesto, moradores também invadiram a sessão da Câmara de Vereadores para cobrar providências e denunciar o abandono da saúde.

Dificuldades enfrentadas por famílias de crianças com deficiência

Nem mesmo o chamado “Bloco da Inclusão”, criado para celebrar a diversidade no Carnaval, escapou das críticas. Uma mãe de duas crianças com necessidades especiais relatou a falta de atendimento especializado na cidade. Segundo ela, consultas com neurologistas pelo SUS demoram meses, medicamentos essenciais precisam ser comprados com recursos próprios, e os tratamentos exigem altos custos para as famílias.

“Não vou para o Bloco da Inclusão porque a fila de espera para o neurologista é imensa. Porque todo mês preciso comprar risperidona, carbolítion, fluoxetina e outros medicamentos essenciais. Porque não temos terapeutas ocupacionais, psicólogos, psiquiatras, fonoaudiólogos e psicopedagogos para atender nossa demanda”, desabafou.

Ela ainda ressaltou que o CAPS, responsável pelo atendimento de pacientes com transtornos mentais, enfrenta filas de meses para consultas, deixando crianças sem acompanhamento adequado. “Não há nada para comemorar. Nossas crianças são desrespeitadas todos os dias. Nossa luta não pode ser individual, precisa ser coletiva. E isso não tem nada a ver com Carnaval.”

Pressão por mudanças

A crise na saúde em Abaetetuba levanta um debate urgente sobre a gestão dos recursos públicos e a responsabilidade da administração municipal com as necessidades essenciais da população. Os moradores prometem continuar mobilizados até que as demandas sejam atendidas e a saúde volte a ser tratada como prioridade.

A prefeita Francinete Carvalho foi procurada pelo Ver-o-Fato para se manifestar sobre as denúncias dos moradores, mas até agora não retornou. O espaço está aberto ao contraditório e defesa da prefeita.

IMAGENS E AMEAÇA

Sufoco para transportar doente, em uma rede, pelas ruas da cidade. O retrato do caos em Abaetetuba.

Mais um protesto, no Murutinga, contra a falta de leito na sexta cidade mais populosa do Pará

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