Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania diz que vai investigar possíveis abusos da PM durante bloco de carnaval em Juiz de Fora


Ministério Público informou que também vai investigar o caso. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram pelo menos quatro pessoas deitadas no chão, recebendo ajuda de outros participantes do bloco. Prefeitura também criticou a ação da PM. Foliões passam mal após PM jogar spray de pimenta durante carnaval em Juiz de Fora
A ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania disse que vai acompanhar as investigações e apurar possíveis abusos por parte da Polícia Militar de Minas Gerais durante o bloco Benemérita, realizado na Praça Antônio Carlos, em Juiz de Fora, na noite do último sábado (1º).
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram um grupo de foliões caídos no chão passando mal ao serem atingidos com spray de pimenta por policiais militares. Nas imagens (veja acima), pelo menos quatro pessoas aparecem deitadas no chão, recebendo ajuda de outros participantes do bloco.
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Na nota de repúdio postada nas redes sociais, a pasta afirma que as cenas de crianças, mulheres e jovens machucados e deitados no chão demonstram a ação desproporcional da PMMG em Juiz de Fora.
“A ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania já foi acionada para acompanhar as investigações e apurar possíveis abusos. O carnaval é momento de alegria, gera renda e emprego para as pessoas, é momento de celebração do que há de mais brasileiro. É imperativo que as forças de segurança pública atuem na defesa e proteção dos foliões, garantindo uma diversão segura”, cita a nota.
A Prefeitura de Juiz de Fora também criticou a ação policial, afirmando que a situação aconteceu faltando 10 minutos para o encerramento da atividade carnavalesca na Praça Antônio Carlos.
Já a Polícia Militar (PM) afirmou na ocorrência que o g1 teve acesso que agiu diante da agressividade do grupo, por isso usaram bastão e spray de pimenta. A reportagem procurou a assessoria de imprensa da PM em Belo Horizonte, que informou que o caso será apurado.
O Mistério Público de Minas Gerais, através da 5° Promotoria de Justiça do Controle Externo da Atividade Policial de Juiz de Fora, informou nesta segunda-feira (3) que instaurou procedimento investigatório criminal para apurar o uso da força contra pessoas não envolvidas no tumulto, além da algemação dos organizadores.
“Acaso comprovado que não houve incitação contra a PM, mas exercício de critica, qualquer prisão é injustificável e oportunizará o oferecimento de denúncia perante a justiça criminal”, afirmou a promotoria.
Confusão generalizada
Uma das foliãs, Paula Duarte, postou um vídeo relatando que o confronto com a PM começou quando os participaram gritaram contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e que a confusão maior aconteceu isoladamente, mas a PM não interveio.
“Nós mesmos tentamos separar pequenas brigas, mas, quando a polícia decidiu agir, simplesmente implodiu o bloco com gás de pimenta”, disse Paula.
Foliões passam mal após PM usar spray de pimenta em bloco de carnaval em Juiz de Fora
Reprodução/Redes Sociais
Segundo a polícia, MC Xuxu, que se apresentava no palco, pegou o microfone e incentivou os foliões a protestarem contra os policiais, incitando a violência e provocando um tumulto generalizado na praça.
Em um dos vídeos (veja acima o vídeo completo) é possível ouvir a cantora dizendo “vão para casa, se cuidem. Não tem como continuar o bloco com uma polícia truculenta dessa”.
A artista transexual e uma das organizadoras do bloco foi detida dentro do camarim e levada para a Delegacia junto com um homem trans, de 31 anos, também organizador. Ambos foram liberados por volta de 2h de domingo (2).
O perfil oficial do bloco, que começou em 2019, pediu punição aos agressores e defendeu a adoção do uso de câmeras nas fardas dos militares. Na versão dos organizadores, não havia tumultos no momento que os policiais lançaram spray de pimenta e o palco foi um dos primeiros alvos do ataque, atingindo crianças e mulheres que ali estavam.
“MC Xuxú prontamente pediu que todes se retirassem com cuidado, diante da violência policial. Em seguida, agentes de segurança subiram no palco, atingiram seu companheiro, Gustavo, com um golpe na cabeça e o levaram algemado.MC Xuxú foi mantida trancada no camarim, cercada por vários policiais homens e, mesmo sem apresentar resistência, foi conduzida algemada”, alegam.
Versão da Polícia Militar
No boletim de ocorrência registrado pela PM, os agentes relatam que foram acionados para atuar no evento carnavalesco, que na verdade se tratava de um baile funk com músicas conhecidas como “proibidões”, que promoviam a violência. Segundo o documento, havia venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos e um ônibus chegou a ser apedrejado.
A PM afirmou que, no final do evento, recebeu uma denúncia dos próprios organizadores de que um grupo próximo ao palco estaria causando confusão e que um dos indivíduos possivelmente estaria armado.
Ao abordar o suspeito, os policiais foram cercados por várias pessoas, que tentaram impedir a ação e o suspeito conseguiu fugir. Diante da agressividade do grupo, foi necessário o uso progressivo da força, incluindo bastão e spray de pimenta.
A PM diz, ainda, que MC Xuxu pegou o microfone e incentivou os foliões a protestarem contra os policiais, incitando a violência e provocando um tumulto generalizado na praça.
Um cidadão foi preso por atirar uma garrafa contra os policiais. Já MC Xuxu recebeu voz de prisão por incitação à violência e, segundo o boletim, resistiu à abordagem e desacatou os agentes, sendo necessário o uso de algemas.
No mesmo momento, Gustavo, de 31 anos, organizador e namorado da artista, teria empurrado um tenente para tentar impedir a prisão de MC Xuxu. Ele foi contido por outro policial e encaminhado ao Hospital de Pronto-Socorro (HPS) com um corte na cabeça, onde recebeu pontos antes de ser levado à delegacia.
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