Mickey 17 – Final Explicado: o herói descartável encontra redenção ou desastre?

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O desfecho de Mickey 17 surpreende ao entregar uma mensagem que mistura esperança e crítica social, algo não tão comum em produções que retratam futuros distópicos e capitalistas. A jornada do protagonista, marcado pela condição de “descartável” e pelas dores de um passado traumático, culmina em decisões que não apenas mudam a direção da narrativa, mas também subvertem o domínio de um regime autoritário em um planeta distante. A seguir, confira como o final do filme se desenrola e por que ele traz uma nota otimista, apesar de todo o caos que precede os minutos finais.

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A construção de Mickey como um “descartável”

Desde o início, somos apresentados a Mickey Barnes e à sua função de “expendable”: ele é a pessoa cuja morte é útil para a missão de colonização do planeta gelado Niflheim. Cada vez que morre, Mickey é “reimpresso” como um novo corpo, recebendo suas memórias antigas por meio de tecnologia avançada. Isso transforma o personagem em uma engrenagem descartável dentro de um sistema que busca explorar um novo mundo.

Aos poucos, percebemos que Mickey não se enxerga como alguém valioso. Essa visão pessimista sobre a própria vida abre espaço para que ele aceite qualquer tarefa, por mais perigosa que seja. No entanto, seu encontro com os nativos de Niflheim, as criaturas apelidadas de “creepers”, começa a mudar sua postura. Quando o protagonista sobrevive a uma situação em que era dado como morto, a confusão se instala: agora existem dois Mickeys — o 17, que permanece vivo contra todas as probabilidades, e o 18, recém-criado para substituí-lo.

O conflito com o poder autoritário

Em paralelo, o líder da expedição, Kenneth Marshall, segue uma cartilha que mescla ambição política com práticas extremistas e preconceituosas. Ele almeja estabelecer uma colônia “pura” em Niflheim, governando como um ditador que manipula tanto a equipe quanto os recursos tecnológicos para sustentar seu poder. A certa altura, o ódio de Marshall pelos habitantes nativos e a intolerância diante das falhas humanas tornam-se os principais gatilhos para a escalada de violência.

A aparição simultânea dos dois Mickeys representa um risco à autoridade de Marshall, pois expõe a crueldade do processo de reimpressão. Ao mesmo tempo, a convivência com os “creepers” coloca em xeque a ideia de que essa espécie é perigosa: na verdade, eles salvam Mickey 17, evidenciando que o suposto inimigo pode ser mais humano e solidário do que os próprios líderes da expedição.

O ato final: união e sacrifício

Mickey 17

Perto do clímax, Marshall insiste em eliminar os “creepers” por completo, chegando até a matar um filhote para demonstrar seu poder e instigar o ódio dos nativos. Isso faz com que as criaturas cercuem a nave em busca de retaliação. Para conter o conflito, Mickey 17 e Mickey 18 se unem, pois se tornam alvo tanto de Marshall quanto dos “creepers”. Em uma reviravolta crucial, um dos Mickeys se sacrifica em uma ação decisiva, que impede um massacre e coloca fim às intenções tirânicas de Marshall.

A partir daí, o restante da tripulação — agora livre da opressão — enxerga Mickey 17 como um herói improvável. Alguém que, antes visto como descartável, ganha respeito por ter intermediado a trégua com os nativos e por ter ajudado a derrubar a tirania de Marshall.

O momento da destruição da máquina

A cena mais simbólica do desfecho é quando Mickey decide destruir a tecnologia que possibilita a “reimpressão” de corpos humanos. Essa máquina, responsável por condená-lo a morrer repetidas vezes, também representa o domínio absoluto de um capitalismo sem limites — uma economia que expande sua lógica de exploração até o espaço. Derrubá-la é mais do que um ato de libertação pessoal: significa romper com um sistema que se valia da replicação humana para garantir exploração infinita e mortes sem consequência aparente.

A decisão de Mickey carrega um subtexto emocional: em seu passado, ele viveu o trauma de apertar um botão que o marcou para sempre. Ao encarar novamente um “botão vermelho”, desta vez, ele faz a escolha de dar fim a uma engrenagem que o humilhou e o transformou em propriedade de um sistema autoritário.

O pesadelo e a incerteza futura

Antes de acionar o botão que explode a máquina, Mickey tem um pesadelo em que visualiza o uso da tecnologia sendo retomado por outros integrantes da expedição. Essa sequência final funciona como um lembrete de que a possibilidade de retomar tais práticas está sempre à espreita, principalmente em um mundo (ou em um universo) em que a competição e o lucro falam mais alto do que a vida humana. Mesmo assim, o ato corajoso de Mickey oferece um lampejo de esperança, reforçando que pessoas comuns podem sim se opor a um sistema que as subjuga.

Por que o final é inesperadamente otimista

Apesar do tom distópico que permeia todo o filme, o ato final de Mickey 17 traz uma reviravolta positiva. Em produções anteriores, o diretor costumava ir a fundo na crítica social, deixando um gosto amargo de que o sistema é invencível. Aqui, no entanto, ele opta por um desfecho que mostra o protagonista rompendo os grilhões de um destino trágico. O triunfo não está em assumir a liderança ou se tornar um governante, mas em ganhar o direito de existir como uma pessoa comum, sem que seu valor seja medido pela utilidade para um império colonialista.

A escolha de viver em harmonia com os nativos de Niflheim, além de demolir a tecnologia de clonagem, sinaliza a esperança de que um novo tipo de comunidade pode surgir. Ou seja, diferente dos cenários em que o capital se sobrepõe a qualquer custo, existe a possibilidade de um convívio mais justo, mesmo em um ambiente completamente adverso.

Conclusão

O final de Mickey 17 é uma rara combinação de sátira distópica e mensagem de otimismo. Ao derrubar as bases que sustentavam tanto a opressão política quanto a reimpressão de seres humanos, o filme sinaliza que, mesmo nos ambientes mais extremos, há espaço para revolta, sacrifício e renovação. A jornada de Mickey — que passa de um indivíduo sem esperança a peça-chave para uma virada social — reforça a ideia de que cada ser humano tem valor além do que um sistema opressor define. Assim, a conclusão deixa uma mensagem: ainda que a ameaça de retrocesso seja real, a possibilidade de mudança também está ao alcance de quem ousa lutar contra o inevitável.

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