PARÁ – Polícia prende bandidos e desmonta fraudes pela Internet

Uma operação policial deflagrada na manhã desta sexta-feira (14) revelou a ponta de um iceberg criminoso que se espalha por todo o Brasil: quadrilhas especializadas em fraudes bancárias, que agem diariamente nas redes sociais e fora delas, enganando vítimas incautas e movimentando milhões. Em Marabá, Parauapebas e Belém, no Pará, além de conexões com Imperatriz, no Maranhão, a polícia desmantelou um esquema que causou prejuízo de R$ 677 mil, segundo informações exclusivas obtidas pelo Correio de Carajás. O golpe, que envolve desde hackers até “laranjas” cooptados, mostra como essas organizações operam em rede, atravessando fronteiras estaduais e desafiando as autoridades.

A ação, batizada pela Divisão de Combate a Crimes Econômicos e Patrimoniais Praticados por Meio Cibernético (DCCEP), mobilizou cerca de 60 policiais em três cidades para cumprir mandados de prisão temporária e busca e apreensão. Em Marabá, os alvos foram localizados nos bairros Filadélfia, Novo Horizonte e no núcleo Cidade Nova. Ao todo, 14 pessoas foram presas, e os agentes apreenderam celulares, máquinas de cartão e cartões de crédito usados no crime. “As investigações começaram com 17 reclamações de operações financeiras contestadas. Esses suspeitos atuavam em Belém, Marabá, Parauapebas e São Domingos do Araguaia”, detalhou o delegado João Amorim, coordenador da operação, em entrevista ao Correio.

O “cérebro” em Marabá e a rede interestadual

Entre os detidos, destaca-se um morador de Marabá, apontado como o principal articulador do esquema na região. “Ele era o elo, o que cooptava pessoas para cederem suas contas bancárias e fazia a ponte com os hackers”, revelou o delegado Tobias Rodrigues ao Correio de Carajás. Originalmente residente em Imperatriz (MA), o suspeito mudou-se para Marabá, onde continuou orquestrando fraudes. Embora nenhum hacker tenha sido preso hoje — todos seriam de Imperatriz, segundo a polícia —, as investigações apontam conexões com criminosos perigosos, incluindo um possível integrante de uma facção do Nordeste, preso no Ceará em 2024.

O modus operandi é sofisticado: os hackers invadem contas bancárias, transferem o dinheiro para “laranjas” — que cedem suas contas em troca de pagamento —, e os valores são pulverizados em compras, como em supermercados, para dificultar o rastreamento. “Eles sabiam que o dinheiro vinha de fraudes e eram remunerados por isso”, afirmou Tobias Rodrigues, destacando a cumplicidade dos envolvidos.

Um crime que não para

O que aconteceu em Marabá é apenas um recorte de uma epidemia nacional. Quadrilhas como essa operam diariamente, usando redes sociais para atrair vítimas com promessas falsas ou invadindo sistemas bancários com técnicas cibernéticas avançadas. Fora da internet, cooptam pessoas vulneráveis, oferecendo dinheiro fácil em troca de contas bancárias. O prejuízo de R$ 677 mil, identificado entre 2019 e 2021, é pequeno perto do que essas organizações movimentam pelo país, mas suficiente para mostrar o impacto local em cidades como Marabá e Parauapebas.

Entre os presos, está Wallison Luz Cruz, conhecido como Lalá do Povo, candidato a vereador em Parauapebas pelo PSDB em 2024. Questionado pelo Correio sobre rumores de envolvimento de um vereador, o delegado Tobias esclareceu: “Ele não é vereador, mas tem envolvimento político. Isso não foi o foco da operação”. Outro integrante facilitava a compra de mercadorias com o dinheiro roubado, espalhando os valores em transações difíceis de rastrear.

Ação policial e o que vem pela frente

A operação reuniu agentes de Belém, Marabá, Pau D’Arco, Redenção e São Domingos do Araguaia, demonstrando a escala do esforço para desarticular o grupo. “Recolhemos muito material eletrônico, cartões e celulares que vão nos ajudar a avançar nas investigações”, disse Tobias ao Correio. Embora a maioria dos detidos não tenha histórico recente de crimes desde 2021, o “líder” de Marabá continuou ativo, mesmo após mudar de cidade.

Para as autoridades, o desafio agora é alcançar os hackers, que seguem foragidos em Imperatriz, e mapear as conexões nacionais desse esquema. “Estamos tentando confirmar se um dos hackers presos no Ceará tem relação com esse grupo. Ele é ligado a uma facção perigosa”, adiantou o delegado, sinalizando que a rede pode ser ainda mais ampla.

Um alerta à população

O caso expõe a vulnerabilidade de cidadãos comuns diante de criminosos que lucram com a ingenuidade alheia. Seja por golpes virtuais ou pela cooptação de “laranjas”, as quadrilhas de fraudes bancárias estão em todo o Brasil, agindo sem trégua. Em Marabá, o prejuízo de R$ 677 mil é um número frio que esconde histórias de vítimas tapeadas e sonhos desfeitos. A polícia segue investigando, mas o recado é claro: enquanto houver descuido, esses grupos continuarão a prosperar, dos trilhos da Amazônia às telas de celular em qualquer canto do país.

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