Bolsonaro teme ser envenenado na prisão caso vire réu por liderar a trama golpista

A poucos dias do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a denúncia que pode tornar réu o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados por suposta participação na trama golpista, Bolsonaro afirmou que, caso seja detido, teme ser envenenado na prisão.

A declaração foi feita durante a participação no podcast Flow nesta sexta-feira (14).

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) irá deliberar nos dias 25 e 26 de março se acata ou não a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

“Deus não me botou até agora aqui para morrer atrás das grades. Se me prenderem, vão me matar. Eu não tenho a menor dúvida de que vou ser envenenado. Não interessam que eu seja preso, mas que eu seja eliminado”, comentou.

A declaração foi feita enquanto Bolsonaro destacava a trajetória política até chegar à Presidência da República, ressaltando que o governo dele não teve corrupção e gastos exorbitantes.

Segundo o ex-presidente, o envolvimento dele no golpe de estado não tem provas e afirmou se tratar de um “julgamento político”.

Bolsonaro ainda questionou o fato dele estar sendo julgado em última instância, enquanto Lula foi julgado em primeira instância.

Delação Mauro Cid

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda reconheceu que algumas declarações feitas por seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, na delação premiada ao STF, são verdadeiras.

“Ele fala muita coisa. Algumas coisas são verdade, mas outras eu fico pensando: ‘Como o cara teve conhecimento disso, se nem eu estava sabendo?’”, disse Bolsonaro.

O ex-presidente alegou não ter conhecimento de certos fatos mencionados por Cid.

Entre as revelações feitas pelo militar à Justiça, está a acusação de que Bolsonaro teria redigido um decreto para instaurar um “estado de defesa” com o objetivo de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

De acordo com Cid, o documento chegou a ser apresentado aos comandantes das Forças Armadas, mas apenas o chefe da Marinha teria demonstrado apoio, enquanto os líderes do Exército e da Aeronáutica recusaram a proposta.

TSE

Bolsonaro também voltou a criticar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a atuação da Corte na eleição presidencial de 2022. Segundo ele, o tribunal teria tomado medidas para favorecer a candidatura de Lula.

“Ninguém da esquerda poderia me derrotar, Ciro, Haddad… Segundo eles, o nome para me derrotar era o Lula, por isso reinterpretaram a instância. Ele tinha condenações. Anularam e ele voltou à estaca zero, voltou a ser elegível, e daí, acho que a gente vai entrar nesse assunto, teve a mão pesada do TSE para ele, a mão pesadíssima do TSE pró-Lula”, afirmou o ex-presidente.

Bolsonaro se referiu ao processo que levou à anulação das condenações de Lula na Lava Jato, permitindo que ele voltasse a concorrer à Presidência.

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