Pesquisadores imobilizam tubarões para coletar seu sêmen e preservar a espécie 

Cientistas australianos estão “hipnotizando” tubarões-leopardo para coletar o sêmen dos animais. O objetivo do grupo é pegar amostras para gerar filhotes por meio de inseminação artificial e conservar a espécie.

Para colher a substância, os pesquisadores levam os tubarões a um estado conhecido como “imobilidade tônica”, quase uma hipnose. A técnica é simples: os animais são induzidos pela estimulação suave dos poros sensoriais em seus focinhos.

(Imagem: Universidade de Sunshine Coast)

Depois, são virados de cabeça para baixo, o que os desorienta e os deixa mais fáceis de serem manipulados. Nessa posição, atingem uma condição em que seus músculos relaxam e sua respiração fica mais profunda. O procedimento é seguro para os tubarões e, após serem liberados, voltam rapidamente ao normal.

Outros animais também entram em imobilidade tônica, como as raias e os pássaros. Porém, os métodos para induzi-los não necessariamente envolve colocá-los e cabeça para baixo. Não se sabe por que esse estado ocorre, mas cientistas acreditam que pode estar relacionado ao acasalamento em algumas espécies e a uma resposta defensiva em outras.

Projetos visam preservar os tubarões

Levar os tubarões-leopardo (Stegostoma tigrinum) a essa situação foi necessário para que o grupo pudesse colher o sêmen deles sem problemas.

“Isso significa que nossa equipe de cinco pessoas conseguiu coletar amostras de sêmen e sangue de tubarões machos submersos na natureza”, disse a pesquisadora de tubarões-leopardo, Dra. Christine Dudgeon, da Universidade de Queensland, em um comunicado.

O foco dos cientistas é categorizar e reproduzir os Stegostoma porque eles estão na Lista Vermelha da IUCN por se enquadrarem como ameaçados de extinção. A pesquisa contribui para o coletivo global ReShark, de mais de 90 organizações dedicadas a recuperar populações de tubarões e arraias ao redor do mundo para reequilibrar ecossistemas e combater as mudanças climáticas.

O tubarão-leopardo está em risco de acordo com a Lista Vermelha da IUCN
O tubarão-leopardo está em risco de acordo com a Lista Vermelha da IUCN. (Imagem: Andrea Izzotti / Shutterstock)

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A equipe trouxe alguns tubarões para a superfície a fim de inserir etiquetas acústicas neles. Dessa forma, podem seguir o movimento dos animais por meio de uma rede de receptores acústicos marinhos e se aprofundar no trabalho de conservação.

Doutora Dudgeon e colegas do mundo todo fazem parte de um projeto conhecido como Grande Expedição Australiana de Sêmen de Stegostoma. Eles estão tentando ajudar a espécie inseminando artificialmente tubarões-leopardo fêmeas no Sea World Gold Coast, no SEA LIFE Sydney Aquarium e no Resorts World Sentosa em Singapura.

“Esperamos que essa técnica de reprodução marinha seja um divisor de águas para projetos internacionais que visam repor as espécies de Stegostoma globalmente, particularmente em áreas como a Indonésia, onde corre risco de extinção”, disse a doutora.

Uma forma diferente de reprodução

O grupo também está de olho no DNA dos filhotes que nascerem desse trabalho. Há evidências documentadas de que a espécie é capaz de botar ovos saudáveis sem fertilização de machos.

A doutora testemunhou esta forma reprodutiva conhecida como “nascimento virginal”, cientificamente nomeada de partenogênese, em 2016, quando estava estudando um tubarão que chocou três filhotes em um aquário de Townsville. Após isso, descobriu por meio de pesquisas de outros locais do globo que o fenômeno acontece com mais frequência.

“Depois que esses ovos forem postos e os veterinários determinarem que são férteis, eles serão enviados aos nossos parceiros nas Ilhas Raja Ampat, na costa de Papua Ocidental, até que eclodam e se tornem juvenis, o que esperamos que ajude a repovoar essas águas protegidas”, conclui Dudgeon.

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