Homo georgicus pode ter sido o primeiro hominídeo a sair da África

Há evidências de que o primeiro ser-humano ancestral saiu do continente africano há cerca de dois milhões de anos. Porém, uma dúvida ronda o meio científico: qual espécie teria realizado esse feito? O Homo erectus é geralmente visto como o melhor candidato, mas um novo estudo pode mudar isso e reacender o debate.

Em 1991, pesquisadores encontraram o indício fóssil mais antigo da presença humana fora da África numa vila medieval em Dmanisi, na Geórgia. Os restos mortais no local são datados do período entre 1,8 e 1,85 milhões de anos atrás, sendo um deles um maxilar identificado como uma forma primitiva do H. erectus, mas essa constatação começou a ser questionada.

Crânio de Dmanisi destacado
Um dos diversos crânios de Dmanisi no Museu de História Natural de Leiden.
(Imagem: Esv – Eduard Solà / WIkimedia Commons)

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A equipe, composta por cientistas australianos e espanhóis, recuperou cinco crânios do sítio arqueológico e os classificaram como Homo georgicus. Alguns pesquisadores acreditam que o H. georgicus é apenas uma versão inicial do H. erectus, que surgiu na África há 1,9 milhões de anos. 

Porém, outros grupos discordam e sugerem que os fósseis em Dmanisi pertencem ao Homo ergaster. Acerca desse espécime, há também a dúvida de se era uma espécie separada ou apenas uma variação do H. erectus.

Estudando a história da humanidade

Os autores fizeram a proposta de que os restos mortais no sítio arqueológico são provavelmente de duas diferentes espécies humanas. Uma eles designaram como H. georgicus, enquanto os outros quatro crânios fariam parte de uma “espécie sem nome”.

“Em nossas análises filogenéticas, nenhum dos hominídeos de Dmanisi forma um táxon irmão de H. erectus ou H. ergaster”, escrevem os pesquisadores.

Essa conclusão se baseia no fato de que o crânio mais antigo dos cinco, que o grupo acredita ter pertencido a um sujeito do sexo masculino, tem um volume cerca de 30 a 33% menor do que o dos outros machos do grupo, assim como das fêmeas.

Um dos crânios de Dmanisi
Fóssil de 1,8 milhões de anos em Dmanisi.
(Imagem: Jonathan Cardy / Wikimedia Commons)

Propomos que os hominídeos de Dmanisi não são Homo erectus, e que duas espécies estão representadas no conjunto: uma compreende o Homo georgicus e a outra, uma espécie ainda sem nome”, explicam os autores no artigo

Ao levarem em consideração todas as explicações, os pesquisadores concluíram que a hipótese mais abrangente é a de que as duas espécies estariam juntas no grupo de fósseis. Em escalas de tempo, o grupo estima que o H. georgicus esteve presente na Geórgia por volta de 1,8 milhões de anos atrás, enquanto outros espécimes só chegaram por volta de 1,77 e 1,07 milhões de anos atrás, fazendo dele a primeira espécie humana a sair da África.

Agora a pesquisa irá passar pela revisão por pares. Se a hipótese do grupo de que o H. georgicus não era diretamente relacionado ao H. erectus resistir a essa etapa, a questão de qual espécie humana deixou o continente africano primeiro terá de ser novamente encarada pela ciência.

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