O que é uma pessoa intersexo?

Você já ouviu falar no termo intersexo? De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente de 0,05% a 1,7% da população do planeta nasce com características intersexuais. A estimativa é que no Brasil haja 3,5 milhões de pessoas que se enquadram nos aspectos de um ser humano intersexo. 

Nas próximas linhas, o Olhar Digital traz detalhes em relação ao que é uma pessoa intersexo, quais características anatômicas e fisiológicas a classificam dessa forma, e como esse desenvolvimento ocorre. Continue a leitura e confira!

O que é uma pessoa intersexo?

Conforme a definição dada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh), uma pessoa intersexo é aquela cujas características físicas (anatômicas) não se encaixam nos aspectos típicos e binários do que é masculino ou feminino. 

imagem tem como foco o pé de um bebê enquanto ele está deitado dormindo
Bebê deitado enquanto dorme (Reprodução: Tuva Mathilde Løland/Unsplash)

Explicando de forma generalista, significa que a genitália de uma pessoa nasce de uma forma que não é exclusivamente a de um homem ou a de uma mulher. Isso porque o corpo desenvolveu características anatômicas de ambos, que podem ser, por exemplo, uma vagina semi-desenvolvida com testículos internos.

A essa condição, dá-se o nome de intersexualidade ou atribui-se a uma “pessoa intersexo”. É uma questão desenvolvida durante a gestação do bebê e que vai acompanhá-lo para toda a vida. Não é uma doença e não pode ser tratada como tal.

A explicação para tais características está ligada à anatomia, cromossomos, órgãos reprodutores e hormônios. Dependendo do caso, os médicos conseguem identificar que a pessoa é intersexo já no nascimento, mas há outras situações em que os traços só ficam visíveis na puberdade ou nunca aparecem. 

De acordo com o portal americano especializado em medicina, WebMD, há a possibilidade de descobrir esses traços em testes para infertilidade e existem casos raros nos quais a pessoa foi identificada como intersexo apenas na autópsia após a morrer. 

Por que há pessoas que têm características intersexo?

Como já citado acima, os motivos para ser uma pessoa intersexo estão ligados a anatomia, cromossomos, órgãos reprodutores e hormônios.

Segundo o WebMD, as principais causas podem estar ligadas a condições genéticas que interferem nos níveis hormonais e outras exposições hormonais de medicamentos ou diferentes fontes, ambos no período de desenvolvimento do bebê. 

Como determinar que os cromossomos são de uma pessoa intersexo?

De forma geral, a maioria das pessoas nasce com 46 cromossomos. Neles, estão suas informações genéticas, em cada uma das suas células. Além disso, os cromossomos têm 23 pares, sendo um deles definido como cromossomos sexuais, o que auxilia a determinar se a pessoa terá características físicas típicas de homem ou mulher. 

imagem mostra duas crianças: um menino e uma menina, lado a lado, pousando para foto, deitados
(Reprodução: FRANCESCO TOMMASINI/Unsplash)

No caso dos homens, a maioria vem com um cromossomo X e um Y. Já as mulheres costumam ter dois cromossomos X. Porém, algumas pessoas nascem com arranjos cromossômicos diferentes que interferem no desenvolvimento sexual.

Há quem nasça apenas com um cromossomo X ou então com o agrupamento XXY. Tem ainda aqueles que possuem células com cromossomos sexuais diferentes dos outros, como células com cromossomos XY e outras com XX. 

Quando o padrão de cromossomos de uma pessoa é investigado, então, há uma chance de determinar se ela é intersexual ou não.

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Como é a anatomia de uma pessoa intersexo já no nascimento?

Há indivíduos intersexo com cromossomos sexuais de homem ou mulher, porém com aspectos corporais diferentes do sexo indicado. Isso pode ser identificado logo no nascimento pelo médico ou ser algo interno que passa despercebido.

O site WebMD dá o exemplo de um bebê que nasce com um clitóris maior do que o normal, sem abertura vaginal e um pênis minúsculo.

Há também os nenéns com a genitália ambígua, o que dificulta a determinação do sexo. É possível nascer com um tecido ovariano (característico do sexo feminino) e o tecido testicular (característico do sexo masculino). 

Vale ressaltar que, em casos de genitália ambígua, é possível realizar alguns exames para descobrir o que pode ter essa característica anatômica e determinar o sexo do bebê.

O Dr. Anselmo Hoffmann, formado em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande de Sul (UFRGS), titulado em Cirurgia Geral e mestrado em Urologia laparoscópica e robótica, por exemplo, afirma em seu blog que é possível realizar os seguintes exames:

  • Ultrassonografia da pelve/abdome para ver se há útero e gônadas intra-abdominais;
  • Genitografia, RX utilizando contraste para olhar a uretra e ver a presença de vagina;
  • Cariótipo com o intuíto de verificar os cromossomos para saber o sexo genético;
  • Estudos Hormonais.

O portal Verywell Mind, especializado em informações sobre saúde e bem-estar, ainda destaca que é possível a criança nascer sem testículos, ovários, lábios internos ou clitóris, pênis sem abertura uretral ou genitália externa diferente da anatomia interna.

Isso tudo significa que não há um padrão estabelecido para as características de uma pessoa intersexo: é possível que o paciente apresente diferentes tipos de combinações anatômicas, seja com um órgão sexual atrofiado e o outro semi-desenvolvido, ou uma característica da genitália na região interna do corpo e outra na parte externa, e assim por diante. Há várias combinações possíveis.

É por isso que o acompanhamento médico é de extrema importância para entender cada caso e avaliar o que pode ser feito pelas pessoas intersexuais: alguns optam por cirurgias e terapias hormonais, outros, apenas por psicoterapia… O que será feito deve ser um comum acordo entre o paciente e os profissionais da saúde para que, juntos, descubram o que é melhor para o paciente em virtude de sua saúde física, mental e bem-estar sexual.

Cada paciente tem desejos diferentes sobre como prefere seguir com a própria vida, e estar bem informado, além de ter suporte familiar e apoio de profissionais da saúde, faz toda a diferença.

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