
“O que você faria se o seu filho, um simples adolescente, fosse acusado de um homicídio?”, esse é o primeiro questionamento para quem começou a assistir “Adolescência”, nova minissérie britânica da Netflix.
Em quatro episódios, a minissérie virou uma porta para novo debate sobre o acesso dos jovens aos conteúdos de influências radicais pela internet. A sinopse da série é muito direta: Jamie Miller, um adolescente de 13 anos, é suspeito pelo assassinato de uma colega da escola, agredida com uma faca de cozinha.
O adolescente, de aparência muito ingênua e amedrontado pela chegada da polícia, facilmente nos cria um sentimento de empatia; afinal, como um rapaz desses teria estômago para cometer um crime cruel?
É com esse mesmo pensamento que confiamos na palavra dos pais, desesperados para provar que o filho é, como dizem por aí, “só um menino”; de onde surgiria um ódio tão grande por uma menina de 13 anos, para alguém ter lhe feito mal?
Gravado em plano sequência, a minissérie consegue trazer aos espectadores a sensação de estar fazendo parte dos cenários, aumentando a tensão cada vez que a investigação avança.
O que parecia um drama sobre provar inocência de um adolescente, que está sob riscos de ir para a prisão pela lei da maioridade penal do Reino Unido, acaba se revelando como um alerta para as atuais fontes de ódio e ressentimento que a sociedade está nutrindo entre si, principalmente os mais jovens: a internet.
Tiktok, podcasts, Youtube, Instagram e outras redes sociais fazem parte do nosso cotidiano; seja por motivos de trabalho, estudos, acompanhar notícias de amigos ou usar como ferramenta de lazer. É essa acessibilidade; muitas vezes não supervisionada pelos responsáveis, e também não sendo bem regulamentada pelo estado, anda virando um acesso fácil à perfis com ideologias radicais.
Cada vez mais jovens, principalmente homens, estão reproduzindo pensamentos e atitudes violentas com outros grupos de pessoas. Mulheres, por exemplo, estão sendo cada vez mais atacadas; desde comentários machistas em suas redes sociais, até violência física.
‘Adolescência’, dirigido por Philip Barantini e escrito por Stephen Graham e Jack Thorne traz aos espectadores um anseio por um final feliz. Embora o drama seja ficcional, o final da minissérie é um sabor amargo da nossa própria realidade.
Assista ao trailer completo:

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