Grafismos do povo Huni Kuĩ são reconhecidos como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Iphan

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) oficializou o Kene Kuĩ, conjunto de conhecimentos e técnicas do povo Huni Kuĩ na produção de seus grafismos, como Patrimônio Cultural do Brasil.

A decisão foi tomada por unanimidade durante a 107ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada em Brasília (DF).

A solicitação de reconhecimento havia sido protocolada junto ao Iphan em 2006 por 127 representantes de comunidades e organizações indígenas Huni Kuĩ (Kaxinawá), incluindo a Federação do Povo Huni Kuĩ do Acre (FEPHAC) e outras entidades ligadas à preservação da cultura indígena.

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Resgate de uma cultura milenar

Para o Iphan, a preservação do Kene Kuĩ representa um passo fundamental para garantir a continuidade da identidade cultural dos Huni Kuĩ.

O superintendente do Iphan no Acre, Stênio Melo, destacou que esse é o primeiro patrimônio imaterial reconhecido no estado e que a decisão resgata um legado ancestral indígena.

A relatora do processo, Naine Terena de Jesus, pontuou que o reconhecimento do Kene Kuĩ permite uma reflexão sobre os impactos históricos sofridos pelos Huni Kuĩ, que passaram por tentativas de extermínio físico e cultural nos séculos XIX e XX.

Ela ressaltou ainda a importância da escuta ativa das comunidades indígenas durante todo o processo de registro.

Grafismos da cultura Kene Kuĩ. – Foto: Acervo/Iphan

A Importância do Kene Kuĩ para os Huni Kuĩ

O Kene Kuĩ vai além de uma manifestação artística: ele representa uma linguagem visual carregada de significados cosmológicos e sociais.

Os grafismos, caracterizados por padrões geométricos elaborados, aparecem na tecelagem, cestaria, pintura corporal, cerâmica, produção de redes e miçangas, entre outros elementos.

Tradicionalmente, a produção desses desenhos é um conhecimento transmitido pelas mulheres Huni Kuĩ, conhecidas como “aïbu keneya” (mestras do desenho), por meio de práticas orais, cânticos e rituais.

Além disso, a criação gráfica é inspirada por seres da floresta, os “yuxibu”, que guiam a produção dos padrões.

Com o reconhecimento oficial, o Iphan e os detentores desse patrimônio cultural irão desenvolver políticas públicas para sua salvaguarda, incluindo oficinas, pesquisas de campo e consultas públicas.

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