Cigarro eletrônico prejudica a função vascular, mostra estudo

Pesquisadores dos EUA identificaram que ao fumar vape, com ou sem nicotina, há uma redução significativa na velocidade do fluxo sanguíneo

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Fumar cigarro eletrônico pode prejudicar a função vascular, trazendo sérios riscos à saúde em curto e longo prazo, segundo uma pesquisa apresentada no final de 2024em encontro anual da Sociedade Americana de Radiologia.

Inicialmente alardeados como menos prejudiciais do que o cigarro comum, cada vez mais pesquisas mostram os danos desses dispositivos eletrônicos. “Já se suspeitava que o vape teria efeito negativo na função vascular, uma vez que a inalação dos produtos contidos nele, inclusive a fumaça, causa um fechamento no leito dos vasos, levando à diminuição do fluxo de sangue”, observa a pneumologista Karla Curado, do Hospital Israelita Albert Einstein em Goiânia.

Para investigar esse impacto, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, selecionaram 31 fumantes sem nenhum problema de saúde, com idades entre 21 e 49 anos. Eles foram divididos em três grupos: fumantes de cigarro comum, usuários do eletrônico com nicotina e do eletrônico sem nicotina.

Todos os participantes passaram por exames de ressonância magnética antes e após fumar para avaliar a velocidade do fluxo na artéria femoral, que corre ao longo da coxa e fornece sangue oxigenado para toda a parte inferior do corpo. Os dados foram comparados a um grupo de dez participantes não fumantes. 

Os achados revelaram uma redução significativa na velocidade do fluxo sanguíneo em repouso na artéria femoral superficial de todos os fumantes. No entanto, a diminuição da função vascular foi mais acentuada após a inalação de cigarros eletrônicos contendo nicotina, seguidos por cigarros eletrônicos sem nicotina.

Os pesquisadores também observaram uma queda da saturação venosa de oxigênio em quem fumou vape. Para Karla Curado, isso sugere uma diminuição imediata na absorção de oxigênio pelos pulmões após fumar.

Segundo os autores, além dos efeitos agudos nos vasos, o uso crônico desses dispositivos pode causar doença vascular. “À medida que a circulação começa a ser comprometida diariamente em todos os vasos, temos que pensar que todos os órgãos terão um prejuízo na sua circulação como um todo, causando ao longo do tempo doenças circulatórias graves”, explica a pneumologista do Einstein.

E os danos podem não demorar tanto a aparecer. De acordo com Curado, a curto prazo pode haver má oxigenação dos vasos cerebrais, pulmonares e cardíacos — o que a longo prazo poderá causar doenças como tromboses, infarto do miocárdio e uma condição chamada tromboangeíte obliterante, que ocorre em fumantes e pode levar à amputação dos membros.

Fonte: Agência Einstein

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