Bora Belém – Vereadores passam a faca e Igor, sanciona ou veta?

Uma história até agora mal contada e um clima de “mandou, não mandou” envolve a Câmara Municipal de Belém e a prefeitura. No meio, a polêmica entre o ex-prefeito Edmilson Rodrigues (Psol) e o atual, Igor Normando (MDB), envolve o programa Bora Belém, que segundo o psolista atinge 80 mil pessoas em condições de extrema vulnerabilidade social, mas que o emedebista quer acabar. Na campanha eleitoral em que se elegeu, Normando prometeu em vídeo não apenas manter o programa, como até ampliá-lo.

Ocorre que a maioria dos vereadores e aliados de Normando decidiu passar a faca no Bora Belém, mandando-o para a cova rasa da rejeição, na última quinta-feira, 27. O fim do programa agitou o debate nas redes sociais, dividindo opiniões.

O “Bora Belém”, criado em 2021, no início da terceira gestão de Edmilson Rodrigues, destina entre R$ 200 e R$ 500 mensais a famílias em extrema pobreza, com um investimento municipal de aproximadamente R$ 5 milhões mensais.

A decisão da Câmara gerou críticas da oposição, que classificou a medida como um retrocesso social. Os sete vereadores que votaram contrários ao fim do programa foram Ágatha Barra (PL), Alfredo Costa (PT), Marinor Brito (PSOL), Mayky Vilaça (PL), Néia Marques (PT), Rildo Pessoa (MDB) e Vivi Reis (PSOL). Como se vê, nessa parada, esquerdistas e dois bolsonaristas estão de braços dados e ninguém larga a mão de ninguém.

O portal Ver-o-Fato entrou em contato com o autor do polêmico projeto que pôs fim ao “Bora Belém”, o vereador direitista Zezinho Lima (PL). Ele levou o projeto adiante e expôs um racha dentro do próprio partido de Jair Bolsonaro.

Fala, Zezinho

“Quando tive a conversa com os vereadores em geral, inclusive os do PL que assinaram um dia antes que estavam junto com a gente e que iriam votar e até faltando praticamente meia hora da votação estavam assinalando que iriam votar comigo, tanto o vereador Mayky Vilaça, quanto a vereadora Ágatha Barra, infelizmente eles mudaram na hora por uma orientação do líder deles, o presidente do PL estadual, delegado Éder Mauro, que é tio da vereadora e padrinho político do vereador, orientou para que eles não votassem a favor do projeto porque iria beneficiar a prefeitura de Belém com mais recursos, pensando no meu ponto de vista nele próprio. Eu não estou aqui como oposição pra querer o mal de Belém, seja quem for o prefeito, seja ele de direita, esquerda ou centro”, explicou Zezinho Lima.

Sobre o projeto, o vereador declarou que é de fundamental importância para a prefeitura ter novos recursos para investir em saúde, educação, saneamento, transporte público, mobilidade urbana e em tudo que, segundo ele, ficou abandonado durante a gestão do ex-prefeito Edmilson Rodrigues.

“Eu mostrei para os vereadores da base governista que o projeto foi criado para que naquele momento de pandemia beneficiasse as famílias que estavam em vulnerabilidade social, não que ficasse para sempre e virando um curral eleitoral do Psol, com pessoas ligadas à esquerda como os vereadores Marinor Brito (PSOL) e Alfredo Costa (PT), que na época era presidente da Funpapa, que se beneficiaram desse grupo de pessoas para estar todo tempo se elegendo a alguma coisa”, acrescentou.

O vereador disse ainda não ter nenhum tipo de conversa com o prefeito Igor Normando e quando questionado se espera a sanção ou veto do projeto, Zezinho declarou que não sabe, mas tem a palavra do presidente da Câmara Municipal, vereador John Wayne (MDB) de que que se o prefeito não sancionar, “ele irá promulgar o projeto aprovado, e assim passará a ter validade”.

O parlamentar afirma também que não há critérios para escolher as famílias beneficiadas, e que cerca de 90% dos beneficiários recebem também o “Bolsa Família”, do governo federal.

Fala, Marinor

Em nota, a assessoria de comunicação da vereadora Marinor Brito enviou ao Ver-o-Fato uma defesa do programa “Bora Belém” e rebateu as acusações de Zezinho:

A vereadora Marinor votou contra a extinção do programa Bora Belém. Em primeiro lugar, não cabe a Câmara Municipal criar ou extinguir esse tipo de programa, cabe ao Poder Executivo. Ela considera uma maldade a armação que foi feita pelo governo Igor, sua bancada na Câmara, e o autor do projeto. Cerca de 18 mil famílias, quase 90 mil pessoas que recebem uma renda mínima de R$ 200,00, R$ 350,00 e R$ 500,00 podem deixar de ter esse apoio mínimo para garantir a comida em casa para seus filhos.

O prefeito mentiu para o povo, disse que ampliaria o programa Bora Belém e agora se articula para deixar o povo morrer de fome. Esse programa de assistência social é um exemplo para o Brasil, para atender os que mais precisam. Articulado com a Funpapa, com o Banco do Povo e com o programa Donas de Si preparava as pessoas p terem sua própria renda e os valores utilizados são pequenos para a prefeitura, mas de grande valor para matar a fome dos filhos das mulheres da periferia de Belém”.

A vereadora informou que está entrando na Justiça para impedir a sanção do projeto e espera que nem Igor e nem a Câmara sancionem.Veto Já. Não a extinção do Bora Belém“. Quanto ao uso político eleitoral do programa, ela disse que “não passa de insinuações” de Zezinho. “Não há nenhuma denúncia, nenhum depoimento, nada nesse sentido. Quem acusa, tem o ônus da prova. Que o vereador prove o que denuncia.”

Fala, Mayky

O líder da oposição na Câmara, vereador Mayky Vilaça (PL) publicou em suas redes sociais um vídeo em que explica o motivo de ter votado pela manutenção do programa:

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Fala, prefeitura

Em nota ao Ver-o-Fato, a prefeitura de Belém informou o seguinte:

“A iniciativa do projeto de lei que extingue o projeto Bora Belém é do vereador Zezinho Lima (PL). Logo, esta situação deve ser encaminhada à assessoria do vereador ou da Câmara Municipal. Qualquer manifestação do Executivo Municipal seria uma intervenção direta no Poder Legislativo municipal que, por lei, tem autonomia para discutir o assunto.

No entanto, é importante salientar que notoriamente o vereador Zezinho Lima não faz parte da base de apoio do prefeito Igor Normando.

Agora resta saber se o prefeito Igor Normando vai seguir a base aliada e sancionar o projeto ou vai vetar, como afirmou durante sua campanha. Nas redes sociais, internautas relembraram a promessa do até então candidato, confira:

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