Corrida espacial: foguete alemão explode segundos após decolagem

Um foguete de teste que marcaria o início dos lançamentos orbitais de satélites feitos a partir da Europa caiu e explodiu menos de 40 segundos após a decolagem, neste domingo (30), no norte da Noruega. A startup alemã Isar Aerospace, responsável pelo lançamento, classificou o episódio como um teste inicial.

Chamado de Spectrum, o foguete não é tripulado. A iniciativa ocorre em um momento em que países como Suécia e Reino Unido disputam relevância em um mercado global cada vez mais aquecido de missões espaciais comerciais.

A Isar Aerospace havia alertado previamente que o voo inaugural poderia terminar de forma prematura. Apesar disso, a empresa afirmou que conseguiu reunir dados valiosos que vão ajudar no aprimoramento da tecnologia desenvolvida.

O Spectrum decolou do Porto Espacial Ártico de Andøya, na Noruega, e foi projetado para transportar satélites de pequeno ou médio porte. No entanto, o foguete não levava carga útil em sua primeira missão.

Segundo a Isar Aerospace, sediada em Munique, o objetivo principal era testar todos os sistemas integrados do veículo de lançamento, desenvolvidos pela própria empresa.

Com este voo de teste, conseguimos reunir com sucesso dados valiosos e experiência para futuras missões. Graças aos rigorosos procedimentos de segurança da Isar Aerospace e do Andøya Spaceport, todo o pessoal permaneceu seguro o tempo todo.

Com os foguetes Spectrum nº 2 e nº 3 já em produção, a Isar Aerospace se prepara para seu próximo lançamento!

Isar Aerospace, em postagens no X

Apesar de curto, o voo reuniu dados importantes para a sequência dos trabalhos da empresa. Imagem: Isar Aerospace

A nova corrida espacial

A Isar Aerospace já havia informado que consideraria um voo de apenas 30 segundos como bem-sucedido. Apesar de não ter como objetivo alcançar a órbita logo na primeira tentativa, o teste representou o primeiro voo orbital comercial de uma plataforma de lançamento desenvolvida no continente europeu — excluindo a Rússia.

O CEO e cofundador da Isar Aerospace, Daniel Metzler, afirmou: “Nosso primeiro voo de teste atendeu a todas as nossas expectativas e foi um grande sucesso. Tivemos uma decolagem limpa, 30 segundos de voo e ainda conseguimos validar nosso Sistema de Terminação de Voo”.

Historicamente, os países da Europa têm dependido das bases de lançamento russas para colocar seus satélites em órbita. No entanto, essa cooperação foi abalada após a invasão da Ucrânia por Moscou, em fevereiro de 2022.

Enquanto isso, empresas norte-americanas como SpaceX, Lockheed Martin e Boeing vêm se consolidando como líderes em um mercado em rápida expansão. Elas oferecem lançamentos para satélites de internet de banda larga, equipamentos de observação e outras tecnologias voltadas tanto para governos quanto para o setor privado. Empresas chinesas também estão se movimentando para disputar espaço nesse setor em crescimento.

Estimativas sugerem que a indústria espacial global pode gerar receitas de mais de US$ 1 trilhão nas próximas duas décadas.

Europa na corrida espacial

“Seja qual for o resultado, o próximo lançamento do Spectrum da Isar Aerospace será histórico: o primeiro lançamento orbital comercial da Europa continental”. As palavras são do diretor da Agência Espacial Europeia, Josef Aschbacher, antes do voo de teste da Isar Aerospace. “O suporte e o cofinanciamento que a Agência Espacial Europeia deu à Isar Aerospace e outras startups provedoras de serviços de lançamento estão rendendo frutos para uma maior autonomia na Europa”.

Além da Isar Aerospace, a Europa abriga as alemãs HyImpulse e Rocket Factory Augsburg, os grupos franceses Latitude e MaiaSpace, e a espanhola PLD Space .

Em 2024, um relatório de Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu e ex-primeiro-ministro da Itália, recomendou que a Europa impulsionasse seu crescimento econômico priorizando o setor espacial. O acesso independente à órbita também é visto, cada vez mais, como uma questão geopolítica e de segurança.

A indústria espacial europeia viu atrasos no desenvolvimento do foguete Ariane 6 e a suspensão do lançador de satélites europeu Vega-C após um acidente.

A Isar Aerospace assinou um contrato com a agência espacial norueguesa para colocar dois satélites de vigilância marítima em órbita até 2028.

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