Existência do “Planeta 9” é indicada em estudo liderado por brasileiro

Quantos planetas possui o Sistema Solar? Bem, se você está atualizado, provavelmente respondeu oito. Mas sabia que desde o século 19 é especulada a existência de um “Planeta 9”? (e não estamos falando do rebaixado Plutão). Agora, um estudo comandado por um brasileiro colocou mais lenha na fogueira e trouxe novos indícios desse astro.

A existência do Planeta 9 começou a ser hipotetizada após a descoberta de Netuno em 1846. Isso, pois características como a direção das órbitas de objetos no Sistema Solar externo, distâncias perihélicas maiores do que o normal e a existência de objetos com elevadas inclinações indicavam a presença de um novo astro.

Essa busca resultou na descoberta de Plutão, mas mais de um século depois foi visto que o Planta não tinha a mesma característica de seus vizinhos, o que fez ele perder seu status.

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Mas se Plutão não é esse planeta, poderia existir outro? Após a correção da classificação do nosso anão favorito as buscas se intensificaram, levando a estudos modernos sobre o tema. O mais provável hoje é que, caso ele seja real, esteja situado para além do Cinturão de Kuiper — um vasto disco de objetos espaciais, como asteroides, cometas e planetas anões — em uma região mais externa, fria e escura do Sistema Solar.

Toda essa distância tornaria sua detecção difícil, o que pode explicar a falta de evidências de sua existência. 

Estudo de brasileiro indica existência do “Planeta 9”

A pesquisa feita por pesquisadores da Unesp em parceria com cientistas dos EUA e da França analisou a influência do eventual “Planeta 9” na formação e na trajetória de cometas que já foram observados no Sistema Solar. 

De acordo com a Universidade, no estudo, publicado na revista científica Icarus, “o grupo relata o resultado de uma simulação de um modelo do sistema Solar contendo um nono planeta. O experimento permitiu monitorar a evolução da nossa vizinhança espacial ao longo de um período equivalente a bilhões de anos”.

Os resultados revelaram que a existência do “Planeta 9” afetaria a formação de duas áreas do sistema solar que abrigam reservatórios de cometas: a área expandida do cinturão de Kuiper e a Nuvem de Oort.

A hipótese moderna mais aceita da existência do astro é de 2016, liderada pelo astrônomo Michael Brown, e considera que Netuno não teria força suficiente para exercer influência gravitacional sozinho contra seis objetos transnetunianos classificados como os mais distantes já registrados no Sistema Solar.  

Regiões onde o Planeta 9 ainda não foi procurado (Imagem: Reprodução/Michael E. Brown et al.)

“A ideia é que esse planeta forneceria uma força gravitacional forte o suficiente para alinhar esses objetos”, diz Rafael Ribeiro de Sousa, pesquisador da Faculdade de Engenharia e Ciências da Unesp, campus de Guaratinguetá, à Unesp.

Mas como esses objetos estão muito distantes do Sul e possuem uma órbita extremamente longa, de 10 mil anos, identificar um planeta ali é bem desafiador. “O que os seis objetos transnetunianos indicam é que é preciso descobrir mais objetos assim, para conseguir uma precisão maior da órbita e do local do Planeta 9”, completa Sousa. 

“A dificuldade de encontrar objetos distantes no Sistema Solar se deve, basicamente, à distância. Eles precisam ser refletidos, ou seja, a luz do Sol precisa incidir nesses objetos para que apresentem um brilho que possibilite sua observação”, disse ainda o pesquisador.

Como o estudo sobre o novo planeta foi feito

Para contornar isso, o estudo simulou a formação do Sistema Solar e sua evolução contando com a existência do planeta, com o objetivo de entender se essa evolução comportaria o astro.

O experimento simulou a história dos últimos 4,5 bilhões de anos do Sistema Solar, com o Planeta 9 incluído no modelo. O foco estava na formação das regiões do Cinturão de Kuiper e da Nuvem de Oort.

Concepção artística do suposto nono planeta do Sistema Solar. Créditos: Caltech/R. Hurt

Os resultados mostraram que a introdução de um hipotético Planeta 9 resultava na formação de ambas estruturas. Mas, a simulação também resultava no surgimento de uma segunda nuvem, na região expandida do Cinturão de Kuiper.

“Descobrimos que houve um match, uma coincidência. Nossas simulações foram consistentes com as observações das órbitas dos cometas”, disse o pesquisador. 

Os próximos passos agora são aprimorar a simulação para abarcar os cometas de longo período e entender a relação entre a origem deles, a Nuvem de Oort e o “Planta 9”.

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