
Durante cerimônia de recondução de Mario Moreira à presidência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), realizada na última sexta-feira (4), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, abordou os impactos negativos da desinformação sobre vacinas no Brasil, especialmente após a pandemia de covid-19.
De acordo com ele, o fortalecimento de discursos contrários à imunização representa um desafio à saúde pública.
Ministro da Saúde destaca desafios frente ao negacionismo
A fala ocorreu no contexto do lançamento da campanha nacional de vacinação contra a gripe, que tem início na próxima segunda-feira (7) em todo o país, com algumas capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, antecipando a mobilização.
Padilha defendeu a construção de um movimento amplo e articulado para enfrentar a desinformação sobre vacinas.
“A gente precisa vencer essa batalha. Temos que fazer no país um movimento nacional político, cultural, ideológico para enfrentar o negacionismo e superar as barreiras que a gente ainda tem em relação à vacinação. O Ministério da Saúde e a Fiocruz são barreiras fundamentais contra o negacionismo no nosso país”, disse Padilha.

Ele também afirmou que iniciativas culturais e parcerias com artistas, escolas de samba e lideranças religiosas estão sendo integradas às campanhas de imunização como forma de ampliar o alcance das mensagens pró-vacina.
“Tenho feito questão de falar com escolas de samba, com artistas que vão entrar com muito força na campanha da gripe”, afirmou.
Vacinação nas escolas
Entre as ações previstas, o ministro anunciou o lançamento de uma campanha de vacinação nas escolas, em parceria com o Ministério da Educação.
A proposta é engajar professores e estudantes na disseminação de informações sobre imunização e utilizar o ambiente escolar como ponto de vacinação.
“Tenho falado com lideranças religiosas de todas as religiões. Já levei o Zé Gotinha na Assembleia de Deus. Vou levar o Zé Gotinha a outras religiões, de matriz africana. Já falei com monges budistas, com rabinos, com lideranças muçulmanas, estou falando com várias lideranças evangélicas, com a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Vou levar o Zé Gotinha para todos os estádios de futebol. Estamos fazendo um acordo com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), com os times de futebol”, destacou.
Reforço da imunização contra o Sarampo em áreas prioritárias
O ministro também comentou a estratégia de imunização contra o sarampo em municípios fluminenses considerados prioritários, como:
- Duque de Caxias;
- Mesquita;
- Belford Roxo;
- Nilópolis;
- Nova Iguaçu;
- Itaboraí;
- São Gonçalo;
- Niterói; e
- Rio de Janeiro.
A recomendação é que trabalhadores com alto contato com turistas, como motoristas de aplicativo, taxistas e funcionários da rede hoteleira, reforcem a vacinação, diante da circulação do vírus em outros continentes.
Até o momento, foram confirmados dois casos em São João de Meriti (RJ) e um caso importado em Brasília, envolvendo uma paciente que retornou ao país após viagem internacional durante o carnaval.
Articulação internacional e apoio à ciência e às vacinas no Brasil
Padilha destacou ainda a importância da cooperação internacional para o fortalecimento da ciência.
Além isso, ele mencionou a necessidade de apoio à Organização Mundial da Saúde (OMS) por meio da presidência brasileira no bloco Brics, em resposta à retirada dos Estados Unidos da entidade, anunciada pelo então presidente Donald Trump.
O ministro ressaltou que, diante da redução de investimentos e do ambiente de hostilidade à ciência em outros países, o Brasil busca se consolidar como polo de atração para pesquisadores.

Segundo ele, instituições como a Fiocruz, o Instituto Butantan e universidades nacionais estão preparadas para desenvolver e registrar vacinas de RNA mensageiro.
O presidente da Fiocruz, Mario Moreira, também criticou ações que, segundo ele, enfraquecem a ciência e as estratégias globais de saúde.
“A luta pela democracia não tem descanso nem em escala nacional nem em escala internacional. Temos que ficar atentos e fortes”, pontuou.
Moreira alertou ainda para os impactos da violência urbana na saúde pública, com destaque para os efeitos na saúde mental de moradores e trabalhadores das periferias, incluindo a região do entorno da sede da Fiocruz.
*Com informações da Agência Brasil
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