Réu pega 31 anos de cadeia no Pará por matar dois: advogado pede perdão às famílias

Um episódio de violência brutal que transformou uma noite de celebração em um cenário de terror em Novo Progresso, no sudoeste do Pará, chegou ao fim no Tribunal do Júri na última quarta-feira, 2 de abril de 2025. Alex Ferreira, responsável por abrir fogo em uma festa tradicional na avenida Orival Prazeres, no bairro Pires de Lima, foi condenado a 31 anos e seis meses de prisão em regime fechado por dois homicídios qualificados e duas tentativas de homicídio. O crime, ocorrido na madrugada de 16 de abril de 2023, deixou dois mortos e dois gravemente feridos, abalando a cidade na fronteira com Mato Grosso.

Segundo o relato da Polícia Civil, o caos começou quando Alex, segundo depoimento dele, ao tentar cumprimentar Helielson dos Santos em uma mesa da Casa de Festa Tradicional, esbarrou na cunhada da vítima. A situação escalou rapidamente: Helielson, exaltado, exigiu um pedido de desculpas e, com a mão na cintura em tom de ameaça, teria jurado matar Alex caso não o fizesse.

O réu, que portava uma pistola Taurus 765, afirma ter pedido desculpas, mas, temendo por sua vida, sacou a arma e disparou contra Helielson. Na fuga, o pesadelo continuou: perseguido por populares, Alex atirou novamente, atingindo Renan Santana e ferindo Makelly Costa Acay Munduruku e Thiago Vieira dos Santos. Próximo à Igreja Assembleia, ainda em luta corporal com um perseguidor, fez mais um disparo antes de jogar a arma no chão e ser dominado pela multidão até a chegada da Polícia Militar.

Preso em flagrante, Alex confessou os disparos, mas alegou legítima defesa, dizendo que “atirou para não morrer” e que não conhecia as vítimas. O argumento, porém, não convenceu os jurados. Após um ano e quatro meses detido sob custódia, o Tribunal do Júri de Novo Progresso o condenou por homicídios qualificados contra Helielson dos Santos e Renan Santana, além de tentativas de homicídio contra Makelly e Thiago.

A pena inicial de 33 anos foi ajustada para 31 anos e seis meses, considerando o tempo já cumprido, além de uma multa de R$ 1,27 milhão.

Pedido de perdão e sem recurso

Os promotores do caso foram incisivos, apresentando provas contundentes que desmontaram a tese de defesa e levaram à condenação máxima pedida pela acusação. O juiz presidente do júri destacou a gravidade dos crimes, classificando-os como homicídios e tentativas qualificados, e fixou a pena em regime fechado, sem chance de recurso em liberdade. A brutalidade do ataque em um espaço de festa, frequentado por famílias e moradores da região, pesou na decisão.

O advogado de defesa, em um gesto raro, pediu perdão às famílias das vítimas e anunciou que não recorrerá da sentença, classificando o julgamento como “justo”. Para a população de Novo Progresso, a condenação traz um alívio amargo: a justiça foi feita, mas o trauma de uma noite que misturou festa e sangue permanece.

A tragédia em Novo Progresso vai além do crime em si – ela expõe uma falência que não se mede em números, mas em vidas perdidas e confiança abalada. Um local de alegria transformado em palco de morte reflete como a violência pode corroer o tecido social de uma comunidade.

Para as vítimas e seus familiares, a condenação de Alex Ferreira é um passo rumo à reparação, mas o vazio deixado por Helielson e Renan, e as sequelas em Makelly e Thiago, são feridas que o tempo não apaga. Em uma cidade pequena como Novo Progresso, o eco desse terror ressoará por anos, lembrando que a paz, assim como uma empresa, pode falir num piscar de olhos.

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