Ucrânia amplia arsenal próprio e conta com o apoio da Europa para se defender dos ataques russos

Sem perspectiva de cessar-fogo e com a ajuda dos EUA cada vez menor, a Ucrânia decidiu acelerar a produção própria de armas para resistir à invasão russa. Enquanto isso, a União Europeia (UE) tenta implementar um novo projeto de apoio, combinando envio de armamentos e estímulo à indústria militar ucraniana. Batizada de estratégia ‘porco-espinho”, a ideia é permitir que o país consiga resistir à agressão russa, segundo a revista The Economist.

A proposta da diplomata estoniana Kaja Kallas prevê dois caminhos: aquisição direta de armamentos para a Ucrânia e investimentos na indústria local. O plano mira duplicar a ajuda europeia em 2024, alcançando 40 bilhões de euros. Apesar do apoio parcial, com 5 bilhões de euros já garantidos para munições, a proposta enfrenta resistência entre os países do bloco.

Soldados das Forças Armadas da Ucrânia (Foto: facebook.com/GeneralStaff.ua)

Mesmo sem garantia de financiamento externo, a Ucrânia vem avançando com recursos próprios. Em 2023, a indústria militar ucraniana produziu US$ 10 bilhões em armamentos, três vezes mais que no ano anterior. A expectativa para este ano é atingir US$ 15 bilhões, com capacidade instalada para fabricar até US$ 35 bilhões.

Segundo o ex-ministro da Defesa Andriy Zagorodnyuk, que hoje comanda o Centro de Estratégias de Defesa, um think-tank em Kiev, “desde 2022 o desenvolvimento tem sido extremamente ativo. Há um processo constante de inovação”.

Essa produção inclui cinco milhões de drones de ataque de curta distância, 30 mil drones de longo alcance e até três mil mísseis de cruzeiro, como o Long Neptune. O setor emprega 300 mil trabalhadores em mais de 800 empresas públicas e privadas. Ainda assim, boa parte do material, como chassis blindados e sistemas avançados de defesa aérea, precisa ser importado de aliados europeus.

As fábricas ucranianas operam sob risco constante. Algumas instalações já foram atingidas por mísseis russos mais de cinco vezes, mas continuam funcionando graças à dispersão geográfica e à capacidade de adaptação das estruturas. Em paralelo, parcerias com empresas da França, Alemanha e Noruega ajudam a manter a linha de produção ativa, apesar da dependência de componentes importados.

É um desafio fazer com que esses componentes cheguem à Ucrânia. Inclusive, muitos deles são provenientes da China, como itens usados na fabricação dos drones. Para agilizar a entrega, a Ucrânia aposta no “modelo dinamarquês”: Kiev define prioridades, a Dinamarca paga e técnicos do país supervisionam os contratos de entrega.

O sistema já viabilizou a compra não só desses componentes, mas também de armamento pronto e munição, como obuses, drones e mísseis com financiamento de ao menos cinco países europeus, segundo o responsável pelo setor de defesa, Oleksandr Kamyshin.

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