Mãe morre afogada e filhos são salvos por banhista no litoral de SP: ‘Instinto de ajudar’


Tamara Cristina de Paula Machado ficou desaparecida na água por alguns minutos, enquanto os menores de idade foram socorridos por banhistas. Um dos homens que ajudou no resgate perdeu o celular e a carteira. Mulher foi socorrida pela equipe do Samu em Mongaguá (SP)
Eli Valesi/Mongaguá na Tela
Uma mulher morreu afogada em Mongaguá, no litoral de São Paulo, após entrar no mar com os filhos que acabaram resgatados e salvos por banhistas. Tamara Cristina de Paula Machado, cuja idade não foi informada, estava em uma área considerada crítica, na praia do Centro perto da desembocadura de um rio.
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O trecho em que a mulher e os, menores de idade, entraram em situação de afogamento não é monitorado pelo Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar), que foi acionado para atender a ocorrência e enviou equipes ao local na tarde de terça-feira (8).
Assim que os socorristas chegaram ao ponto indicado, Tamara e os filhos já havia sido socorridos por banhistas, mas a mulher estiva em grau 6 de afogamento, o mais grave, quando a vítima se encontra em parada cardiorrespiratória.
Segundo o GBMar, Tamara oi encaminhada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para um pronto-socorro, onde a morte foi constatada.
A filha, com idade entre 15 e 17 anos, e o filho, de 6 anos, também foram atendidos e não correm risco de morte.
Em nota, a Prefeitura de Mongaguá informou que Tamara era moradora de Praia Grande e não tinha documentos, mas aparentava ter entre 30 e 35 anos de idade. “A criança foi atendida pelo Corpo de Bombeiros e ficou aos cuidados do pai, que também estava no local”.
Resgates
O morador David Martins, de 34 anos, contou ao g1 que chegou a perder o celular e a carteira para ajudar a criança de 6 anos. Ele estava pescando na região de pedras da praia, quando viu o garoto pedindo ajuda e logo correu em direção ao mar, deixando os pertences pessoais [celular e carteira] nas pedras.
“Ele estava se afogando, já estava todo molinho também e a todo momento falava que a mãe dele também estava na água”, relembrou o homem, dizendo que deixou a criança aos cuidados de outra testemunha na beira do mar e retornou para água.
Durante as buscas por Tamara, o homem encontrou a adolescente que também havia entrado no mar em busca da mãe. “Falei: ‘não adianta você entrar na água, vai se afogar também’. E ela respondeu: ‘não, eu tenho que buscar a minha mãe’. Mas foi um momento de choque […]. Até a peguei no colo, retirei para o pessoal segurá-la porque, senão, ela ia entrar e a correnteza ia levar também”, disse David.
Segundo a testemunha, Tamara foi localizada após aproximadamente 20 minutos. “Algumas pessoas identificaram o corpo lá boiando, então rapidamente a gente foi lá para água e aí conseguimos retirar a mulher, que era a mãe”.
David Martins ajudou no resgate das vítimas na praia de Mongaguá (SP)
Eli Valesi/Mongaguá na Tela e Arquivo Pessoal/David Martins
Ajuda
David veio da capital para morar no litoral paulista. Ele contou que está passando por uma situação financeira difícil devido ao desemprego, mas não se arrepende da atitude de largar todos os itens pessoais para ir ajudar o menino de 6 anos.
“Perdi tudo, inclusive meus documentos, então é uma situação bem delicada […]. Foi Deus que permitiu que eu fosse lá na praia também. Acredito que se eu não estivesse ali, o menino também tinha ido. Sou pai de uma menina de 6 anos, então tive meu instinto de ajudar. Vi que tinha muita gente, mas ninguém quis entrar por medo, pelo desespero da situação”, afirmou o homem.
Agora, o homem tenta se recuperar do trauma pelas cenas presenciadas, principalmente em relação à vítima. “Estava em uma situação que não desejo para ninguém, com as ondas batendo nela”, disse.
Logo que se recuperar, David pretende registrar um boletim de ocorrência pelos pertences perdidos. “Acredito que a onda já levou também […]. A única coisa que eu achei foi o meu óculos”, finalizou.
Perfil dos afogados nas praias do litoral de SP
Durante a temporada de verão do ano passado, o Baixada em Pauta recebeu a Capitão do Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar), Karoline Burnsizian, que detalhou o perfil dos afogados nas praias da Baixada Santista, no litoral de São Paulo.
Karoline afirmou que o mar é um livro que as pessoas não têm conhecimento e nem sabem ler. “O guarda-vidas aprende ferramentas, treina essas ferramentas para conseguir ler esse livro que é o mar”, enfatizou. Confira:
Baixada em Pauta #169: Karoline Burunsizian, Capitão do GBMar, é entrevista desta semana
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