A administração Trump voltou a se posicionar contra políticas internacionais de combate às mudanças climáticas e ameaçou adotar “medidas recíprocas” caso seus navios sejam obrigados a pagar qualquer taxa sobre emissões de carbono. A ameaça consta de uma carta enviada a diversas embaixadas durante a conferência da Organização Marítima Internacional (OMI), que ocorre nesta semana em Londres e discute propostas para a redução de gases de efeito estufa no transporte marítimo global. As informações são do site Politico.
No documento, o governo dos EUA afirma que rejeita qualquer tentativa de impor encargos econômicos às embarcações norte-americanas com base no tipo de combustível utilizado ou nas emissões de carbono. “O presidente Trump deixou claro que os Estados Unidos não aceitarão qualquer acordo ambiental internacional que sobrecarregue injusta ou indevidamente os EUA ou os interesses do povo americano”, diz a carta.

As discussões no comitê de proteção ambiental da OMI giram em torno de dois modelos: um sistema de créditos de carbono e um imposto fixo sobre emissões. Os EUA, no entanto, se opõem a ambos. “Rejeitamos todos os esforços para impor medidas econômicas contra nossos navios”, afirma o texto. “Caso essa medida flagrantemente injusta avance, nosso governo considerará medidas recíprocas para compensar quaisquer taxas cobradas e os prejuízos econômicos causados ao povo americano.”
O documento foi distribuído por uma delegação norte-americana a representantes de outros países presentes à conferência. Nele, o governo Trump também pressiona outras nações a se oporem às medidas em debate. “Os Estados Unidos não estão participando das negociações no Comitê de Proteção Ambiental Marinha da OMI de 7 a 11 de abril e instam seu governo a reconsiderar seu apoio às medidas de emissões de gases de efeito estufa em discussão”, diz a carta.
Segundo Anaïs Rios, oficial de políticas de transporte marítimo da ONG Seas at Risk, essa postura representa uma ruptura. “O boicote dos EUA às negociações da OMI é algo novo para o país”, afirmou, lembrando que sob a gestão de Joe Biden o país foi ativo nas discussões ambientais. Trump, no entanto, já havia se retirado do Acordo de Paris durante seu primeiro mandato e voltou a defender uma política pró-petróleo com o lema “perfurem, apenas perfurem”.
A carta norte-americana vai além do transporte marítimo e ataca a agenda climática da ONU (Organização das Nações Unidas) como um todo. “A ONU deveria interromper todos os esforços para proliferar a agenda profundamente injusta refletida no Acordo de Paris em outras instâncias”, diz o texto. “Uma leitura simples dessas medidas mostra que elas são, antes de tudo, um esforço para redistribuir riqueza sob o disfarce de proteção ambiental.”
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