
Nesta quarta (9), Trump aumentou a aposta e subiu para 125% a cobrança sobre os produtos chineses — antes, a taxa era de 104%. As tarifas de 84% da China sobre produtos importados dos Estados Unidos começam a valer hoje. A China afirmou que tomará medidas para se proteger diante das novas tarifas de Trump anunciadas nesta quarta (9).
“Os desafios enfrentados pelo comércio exterior da China aumentaram significativamente”, disse porta-voz do Ministério do Comércio.
“Vamos lidar inabalavelmente com nossos próprios assuntos, para compensar a incerteza do ambiente externo”, continuou.
O país asiático também voltou a dizer que não vai recuar diante das provocações de Trump. “Nunca aceitaremos pressão extrema ou intimidação por parte dos Estados Unidos”.
“Tomar medidas adicionais para se opor às ações de intimidação dos EUA não tem como único objetivo proteger nossa própria soberania, segurança e interesses de desenvolvimento. Também visa proteger a equidade e a justiça internacionais”, disse.
Trump eleva para 125% tarifas contra China
Começam a valer nesta quinta-feira (10) as tarifas de 84% da China sobre produtos importados dos Estados Unidos. A medida, anunciada na véspera pelo Ministério das Finanças chinês, é uma resposta às taxas aplicadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
Nesta quinta, há ainda uma grande expectativa sobre a reação do gigante asiático à mais nova imposição de tarifa pelo republicano. Era madrugada na China quando Trump aumentou a aposta e subiu para 125% a cobrança sobre os produtos chineses — antes, a taxa era de 104%.
“Com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais, estou, por meio deste, aumentando a tarifa cobrada da China pelos Estados Unidos da América para 125%, com efeito imediato”, escreveu o líder norte-americano em sua rede social.
Esse é mais um episódio da disputa comercial entre EUA e China, iniciada pelo tarifaço de Trump. No último dia 2 de abril, o republicano anunciou taxas de importação de 10% a 50% sobre 180 nações de todo o mundo. De lá para cá, houve retaliações entre os dois países, com elevação tarifas.
Entenda como a taxa sobre a China chegou a 125%:
No início de fevereiro, os EUA aplicaram uma taxa extra de 10% sobre as importações vindas da China, que se somou à tarifa de 10% que já era cobrada do país, chegando a 20%;
Na quarta-feira da semana passada, dia 2 de abril, Trump anunciou seu plano de “tarifas recíprocas” que incluía uma taxa extra de 34% à China, elevando a alíquota sobre os produtos do país asiático a 54%;
Após a retaliação chinesa que também impôs tarifas de 34% sobre os EUA, a Casa Branca confirmou mais 50% em taxas sobre as importações chinesas, deixando a tarifa sobre o país no patamar de 104%.
Com o anúncio de que a China irá elevar a 84% as taxas sobre os produtos norte-americanos, Trump decidiu subir para 125% a tarifa contra os asiáticos, na mais nova ofensiva.
Bandeiras dos EUA e da China tremulam em Pequim
Tingshu Wang/Reuters
Paralelamente, o líder norte-americano anunciou uma redução para 10% as taxas recíprocas a outros países, pelo prazo de 90 dias. Ele se referiu à decisão como uma “pausa” no tarifaço, que há uma semana resultou na escalada da guerra comercial global.
“Autorizei uma pausa de 90 dias e uma tarifa recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%, também com efeito imediato”, escreveu Trump.
Na prática, os EUA passam a ter agora uma taxa geral de 10% sobre quase todas as importações do país, o que inclui produtos brasileiros. Tarifas específicas já em vigor, como as de 25% sobre aço e alumínio, não são afetadas pela medida — e continuam valendo.
Veja a íntegra da nota de Donald Trump
Com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais, estou, por meio deste, aumentando a tarifa cobrada da China pelos Estados Unidos da América para 125%, com efeito imediato. Em algum momento, esperançosamente em um futuro próximo, a China perceberá que os dias de exploração dos EUA e de outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis. Por outro lado, e com base no fato de que mais de 75 países convocaram representantes dos Estados Unidos, incluindo os Departamentos de Comércio, Tesouro e USTR, para negociar uma solução para os assuntos em discussão relativos a Comércio, Barreiras Comerciais, Tarifas, Manipulação Cambial e Tarifas Não Monetárias, e que esses países não retaliaram de forma alguma contra os Estados Unidos, por minha forte sugestão, autorizei uma PAUSA de 90 dias e uma Tarifa Recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%, também com efeito imediato. Obrigado pela sua atenção a este assunto!
Trump eleva tarifas contra a China para 125%
Truth Social/Reprodução
Entenda, ponto a ponto, o embate entre China e EUA
Na quarta-feira passada (2), Trump detalhou a tabela de tarifas cobradas de mais de 180 países e regiões, com taxas vão de 10% a 50%.
As taxas menores passaram a valer já no último sábado (5). As maiores, que visam atingir países com os quais os EUA têm déficit comercial, seriam cobradas a partir de hoje.
A China foi um dos países atingidos — e com uma das maiores taxas, de 34%. Essa alíquota se somou aos 20% que já eram cobrados em tarifas sobre os produtos chineses anteriormente.
Como resposta ao “tarifaço”, o governo chinês impôs, na sexta passada (4), tarifas extras de também 34% sobre todas as importações americanas.
Os EUA decidiram, então, aumentar a aposta. Trump deu um prazo até as 13h (horário de Brasília) desta terça-feira (8) para o país asiático retirar as tarifas, ou seria ou seria taxado em mais 50%, levando o total das tarifas a 104%.
A China não recuou e ainda afirmou que estava preparada para “revidar até o fim”.
Mais tarde, o presidente norte-americano anunciou, então, as taxas de 125%.
Nesta quarta-feira, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, sugeriu que Trump usou as tarifas para criar vantagens de negociação.
“Essa foi a estratégia dele o tempo todo”, disse a repórteres. “E pode-se até dizer que ele incitou a China a uma posição ruim. Eles reagiram. Eles se mostraram ao mundo como os maus atores.”
Reflexos nos mercados
Apesar da nova ofensiva contra os chineses, o recuo de Trump em relação ao tarifaço fez o humor dos mercados mudar completamente.
Os principais índices dos EUA dispararam e fecharam com ganhos de até 12% nesta quarta.
Veja abaixo o desempenho:
Dow Jones avançou 7,87%, aos 40.608,45;
S&P 500 avançou 9,52%, aos 5.456,9;
Nasdaq avançou 12,16%, aos 17.124,97.
Com os resultados, o índice Nasdaq registrou sua maior alta diária desde 2001, enquanto o S&P 500 teve seu melhor desempenho desde 2008. Para o Dow Jones, foi o melhor dia desde 2020.
Os mesmos índices tinham despencado na última semana, chegando a derreter até 10%. Um dia após o detalhamento do tarifaço, por exemplo, as bolsas norte-americanas registraram as maiores quedas em um único dia desde 2020 — ano em que o planeta enfrentava a pandemia de Covid-19.
Bolsas da Ásia e da Europa também despencaram em consequência da guerra comercial. Aqui no Brasil, o dólar disparou nos últimos dias e se tornou a terceira moeda que mais perdeu valor contra o dólar desde o tarifaço. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, acumulou quedas.
O cenário, no entanto, se inverteu também nos mercados brasileiros após o anúncio de Trump de que irá pausar a aplicação geral de tarifas: o dólar passou a cair e fechou em queda de 2,54%, a R$ 5,84. O Ibovespa disparou 3,12%, aos 127.796 pontos.