Escândalo à vista em 6 cidades: PF atinge coração da corrupção no Pará

Os alvos são integrantes de um esquema criminoso que envolve lideranças indígenas e servidores públicos na chamada “Máfia do Dendê”

A Polícia Federal abriu as cortinas de um escândalo de tirar o fôlego no Pará nesta quarta-feira, 9 de abril, com a deflagração da Operação Caronte. Sob o manto do segredo de Justiça, a ação destapa um esquema criminoso que envolve lideranças indígenas e servidores públicos na região de Tomé-Açu, no nordeste do estado.

O que já se comenta pelos corredores policiais é grave: uma rede de corrupção que mistura violência, poder e traição às próprias comunidades tradicionais, tudo regado a crimes como tentativa de homicídio, milícia privada, posse ilegal de armas e, claro, corrupção pura e simples.

Foram 11 mandados de busca e apreensão cumpridos em um raio que abrange Belém, Tomé-Açu, Santa Izabel do Pará, Acará, Mosqueiro e Castanhal. A operação afastou cautelarmente esses servidores públicos, que agora estão sob o radar da PF, acusados de fazer parte dessa teia podre. Tudo isso é um desdobramento da Operação Guaicuru, deflagrada em janeiro de 2024, quando duas lideranças indígenas foram presas por uma lista extensa de crimes – de atos violentos contra suas próprias comunidades a ameaças contra servidores do Ibama.

Um deles caiu no Aeroporto Internacional de Belém, prestes a embarcar para São Paulo, enquanto o outro foi pego na BR-010, a caminho de Tomé-Açu, numa ação conjunta com a Polícia Rodoviária Federal.

O que a PF encontrou é um cenário de guerra e ganância. Essas lideranças, que deveriam proteger os interesses de seus povos, são suspeitas de usar o status para comandar milícias, praticar esbulho possessório e até tentar matar quem cruzasse seu caminho. Os conflitos em Tomé-Açu, especialmente entre os Tembés e quilombolas por terras ricas em dendê, viraram palco de uma disputa sangrenta, alimentada por interesses escusos.

E os servidores públicos? Segundo a investigação, não só sabiam como faziam parte do jogo, embolsando vantagens em troca de silêncio ou conivência.

Almas no submundo

O nome Caronte – o barqueiro mitológico que leva almas ao submundo – não poderia ser mais simbólico. A operação busca arrancar essas figuras sombrias que afundam a região em caos e corrupção, enquanto tentam lucrar às custas da terra e da dignidade dos povos tradicionais. Tudo corre em segredo de Justiça, mas o pouco que transborda já é suficiente para chocar: uma aliança criminosa que não poupa nem os mais vulneráveis.

A PF quer mais do que prender culpados; quer devolver a paz a Tomé-Açu, onde a ordem pública foi sequestrada por essa máfia disfarçada de liderança. O esquema é um tapa na cara de quem acredita na proteção das comunidades indígenas e quilombolas, revelando como até os supostos defensores podem se tornar predadores.

Enquanto o processo segue trancado a sete chaves, uma coisa é certa: a Operação Caronte está só começando a mostrar o tamanho da sujeira que corre nas veias desse caso. Que venha a luz – e a Justiça. Do Ver-o-Fato, com informações da Polícia Federal.

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