Biólogo explica reação de macaca Tambi que encantou a web ao se reencontrar com ex-tratador: ‘Memória afetiva’


Vídeo, publicado no domingo (6) na rede social, atingiu a marca de 135 mil visualizações até a tarde desta quinta-feira (10). Gilberto Borges de Carvalho conversa e brinca com a macaca, que fica próxima e olha para ele, no Zoobotânico de São José do Rio Preto (SP). Reencontro de ex-tratador com macaca em zoo em Rio Preto emociona a web
Um biólogo explicou que, baseado em estudos, a reação da macaca-aranha-da-cara-preta, que encantou a web ao se reencontrar com o ex-tratador no Zoobotânico de São José do Rio Preto (SP), pode estar relacionada à “memoria afetiva” e ao vínculo criado entre ambos.
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O vídeo, publicado no domingo (6) na rede social, atingiu a marca de 135 mil visualizações até a tarde desta quinta-feira (10). Na imagem, Gilberto Borges de Carvalho conversa e brinca com a macaca, chamada Tambi, que fica próxima e olha para ele.
Reencontro de ex-tratador com macaca em zoo em Rio Preto (SP) emociona a web
Lorena Carvalho/Arquivo pessoal
A reação do animal levantou dúvidas na web sobre o reconhecimento relacionado à cor verde do uniforme, que é usado pelos funcionários do Zoobotânico. Isso porque, estudos com macacos-rhesus, mesma espécie de Tambi, demonstram que primatas realizam associação da cor a recompensas, podendo a vestimenta verde, usada por Gilberto, funcionar como um estímulo condicionado.
Contudo, ao g1, o doutor em zoologia Thiago Maia Davanso detalhou que estudos demonstram que primatas podem desenvolver a memória “social” e “afetiva”. No caso, segundo o biólogo, a sequência comportamental observada no vídeo sugere uma avaliação nesse sentido.
“Estudos científicos desenvolvidos em zoológicos confirmam que animais associam tratadores a experiências positivas, desenvolvendo reconhecimento individual baseado em características faciais, voz, padrões de movimento e odor”, expõe o biólogo.
Doutor em zoologia Thiago Maia Davanso
Thiago Maia Davanso/Arquivo pessoal
Na imagem, é possível ver que a macaca vai até à frente do recinto, inclina a cabeça e olha para o ex-tratador, de forma persistente. As ações, de acordo com Thiago, são indicativas de reconhecimento individual.
“Estes gestos também são observados em outros mamíferos como cães e gatos e, estão ligados à memória social/afetiva, curiosidade e avaliação de contextos. Diversos estudos científicos comprovam que primatas formam vínculos duradouros com cuidadores”, reitera o biólogo.
O vínculo traz benefícios para ambas as partes, continua o especialista, pois a relação de confiança entre o tratador e o animal prevalece. Porém, se nesse contato prevalecer a “má fé” do ser humano, pode ser prejudicial para o animal.
Reencontro de ex-tratador com macaca em zoo no interior de SP emociona a web
Reencontro
Depois de cinco anos, Gilberto voltou a encontrar a macaca fêmea veterana da espécie no zoo de Rio Preto, também conhecida como Tambinha. Gilberto atuou como tratador por três anos. À reportagem, Carvalho comentou que precisou se afastar do trabalho pelas dores nas pernas e costas.
A troca de olhares com Tambi o fez suspeitar que a macaca o reconheceu. O Zoo possui regras que determinam que o contato com os animais só pode ser feito entre os tratadores e veterinários. Apesar do vidro, o reencontro foi um momento marcante para Gilberto.
Gilberto Borges de Carvalho com a macaca Tambinha em Rio Preto (SP)
Lorena Carvalho/Arquivo pessoal
“Eu cuidava bem deles e dava muito carinho e o animal entende quando a gente gosta deles, eles entendem. Não dá para saber o pensamento do animal, mas creio que ela ficou muito feliz em me ver”, celebra o ex-tratador.
Recomendações e cuidados
Zoobotânico Municipal reabre com visitas agendadas em Rio Preto (SP)
Prefeitura de Rio Preto/Divulgação
Conforme o histórico do Zoo, Tambinha nasceu em 1996. Em Rio Preto, vive na companhia de um macho jovem da mesma espécie.
A Secretaria Municipal do Meio-Ambiente informou que grande parte dos animais encontrados durante a visita no Zoobotânico foram vítimas de ações humanas, como tráfico ilegal, atropelamentos, perda e fragmentação do habitat ou cativeiro irregular.
Esses fatores, muitas vezes, comprometem – parcial ou totalmente – a autonomia e a capacidade de sobreviver em liberdade. Nesses casos, o Zoo se torna a última alternativa para garantir a vida desses bichos.
Macaca Tambi fica no Zoobotânico Municipal em Rio Preto (SP)
Prefeitura de Rio Preto/Divulgação
Esse cuidado, no entanto, exige limites, uma vez que animais silvestres não são domesticados, ao contrário de cães e gatos. Por isso, a secretaria aponta que tratar eles como pets – com beijos, abraços e carinhos excessivos – é um comportamento irresponsável e contraindicado.
Essa atitude, conhecida como humanização, interfere diretamente no bem-estar do animal, reforça a pasta, prejudicando os comportamentos naturais e o tornando emocionalmente dependente do contato humano.
Em casos mais graves, essa dependência pode levar ao surgimento de comportamentos disfuncionais, como carência, estresse, ansiedade, depressão, e outras alterações que não ocorrem em habitat natural.
Macaca afastada
Na segunda-feira (7), o Zoo informou por meio de nota que a macaca Tambi passou por exames após apresentar sinais de desconforto na região abdominal e torácica.
Diante disso, o animal, que tem aproximadamente 30 anos, está em observação e foi temporariamente afastado da área de visitação. O retorno dela será avaliado pela equipe de veterinários, conforme a evolução clínica do quadro de saúde.
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