
Imagine acordar em um país e dormir em outro, todos os dias, só para estudar ou trabalhar. Parece um roteiro de filme, mas essa é a realidade de pessoas que estão adotando um estilo de vida incomum para fugir da crise do custo de vida. Enquanto alguns buscam alternativas radicais, como morar em contêineres ou até em navios de cruzeiro, outros estão descobrindo que cruzar fronteiras de avião pode ser mais vantajoso — e econômico — do que parece.
É o caso de Nat Cedillo, uma estudante de direito de 30 anos que trocou o Brooklyn, em Nova York, pela Cidade do México. A decisão veio após perceber que, mesmo morando em um bairro simples, os gastos com aluguel, transporte e alimentação consumiam grande parte do orçamento. A solução? Passou a voar toda semana para os Estados Unidos apenas para assistir às aulas.
Toda segunda-feira de manhã, Cedillo embarca em um voo rumo ao Aeroporto JFK, em Nova York. Na terça à noite, retorna para o México. Esse vai e vem durou 13 semanas, totalizando 26 viagens de ida e volta. Cada trecho tem cerca de 3.500 quilômetros, o que significa que, em um semestre, ela percorreu aproximadamente 91 mil quilômetros — distância suficiente para dar duas voltas ao mundo. Apesar do cansaço, a estudante garante que o esforço vale a pena. Além de economizar, ela e o marido, Santiago, conquistaram uma qualidade de vida melhor na Cidade do México, onde conseguem aproveitar mais o tempo livre.

Cada vez mais pessoas estão se mudando e sacrificando seu deslocamento diário
Os gastos, porém, não são insignificantes. Entre passagens aéreas, hospedagem e alimentação, Cedillo já desembolsou mais de US$ 2 mil. Mesmo assim, ela afirma que o custo-benefício ainda é mais vantajoso do que viver permanentemente em Nova York. “Os melhores dias são aqueles em que não preciso pegar um avião”, brinca.
A estratégia de Cedillo não é a única. Do outro lado do mundo, na Malásia, Racheal Kaur, funcionária da AirAsia, também adotou uma rotina aérea radical. Mãe de dois filhos, ela acorda todos os dias às 4h15 em Penang, cidade onde mora, e dirige até o aeroporto para embarcar em um voo de 40 minutos rumo a Kuala Lumpur, capital do país. Lá, cumpre sua jornada de trabalho e retorna para casa no fim do dia, chegando por volta das 19h.
Para Kaur, a chave do sucesso está na organização. Ela descreve sua rotina com precisão militar: sai de casa às 5h, estaciona o carro, calça os sapatos e embarca no avião às 5h55. À noite, repete o trajeto em sentido contrário. Apesar das horas longe de casa, ela ressalta que a escolha permite economizar e, ao mesmo tempo, passar mais tempo com os filhos. “Em Kuala Lumpur, os custos são muito mais altos. Morando em Penang, consigo equilibrar finanças e família”, explica.
Histórias como as de Cedillo e Kaur revelam um fenômeno crescente: a migração para cidades (ou países) com custo de vida mais baixo, mesmo que isso signifique enfrentar deslocamentos extensos. Com passagens aéreas cada vez mais acessíveis em certas rotas e a flexibilidade de trabalhos híbridos, o avião está se tornando uma alternativa ao transporte tradicional — seja para cruzar continentes ou para conectar cidades vizinhas.
Claro, nem tudo são vantagens. Além do desgaste físico, imprevistos como atrasos de voo ou cancelamentos podem virar um pesadelo. Ainda assim, para quem busca equilibrar economia e qualidade de vida, o céu parece ser o limite — literalmente.
Esse Mulher viaja 7.000 km de avião para outro país toda semana devido ao custo de vida alto na cidade foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.