O mar profundo é um ambiente extremo e desafiador, caracterizado por completa escuridão, baixas temperaturas, alta pressão e, principalmente, uma escassez crônica de alimentos.
Nesse cenário inóspito, os organismos que habitam essas regiões desenvolveram estratégias especializadas para garantir a sobrevivência, explorando diferentes fontes de nutrientes, como carcaças de animais mortos, partículas orgânicas depositadas no fundo, e detritos suspensos na água.
Além disso, em algumas regiões, a quimiossíntese sustenta cadeias alimentares por meio de bactérias que convertem compostos químicos em energia. Essa diversidade de adaptações permite que os seres do mar profundo aproveitem ao máximo os recursos limitados disponíveis.
O que você precisa saber sobre esses animais e sua dieta
- Tipos de animais que se alimentam no fundo do mar
- Necrófagos
- Depositívoros
- Suspensívoros
- Disponibilidade alimentar no mar profundo
- Quedas orgânicas: fontes de alimento raras, mas essenciais
- Quedas naturais
- Quedas antropogênicas
- Especialização como estratégia de sobrevivência
Tipos de animais que se alimentam no fundo do mar
Os animais do mar profundo podem ser classificados em diferentes categorias alimentares com base na origem e no tipo de matéria orgânica consumida. Entre eles, destacam-se os necrófagos, depositívoros e suspensívoros.
Necrófagos
Organismos que se alimentam de matéria orgânica em decomposição, como carcaças de animais mortos que afundam até o fundo do mar.

No mar profundo, eventos como a queda de carcaças de baleias, golfinhos ou tubarões são considerados raros, mas extremamente significativos. Esses organismos chegam ao fundo praticamente intactos e representam verdadeiras “ilhas orgânicas”, oferecendo uma fonte rica e temporária de alimento para a comunidade local.
A decomposição de uma carcaça passa por diferentes estágios: inicialmente, necrófagos móveis, como peixes e crustáceos, consomem tecidos moles.
Em seguida, bactérias e outros decompositores processam os lipídios presentes nos ossos, liberando nutrientes no ambiente. Esse processo pode durar anos, sustentando uma complexa cadeia alimentar.
Depositívoros
Se alimentam de partículas orgânicas que se acumulam no fundo do mar. Detritos orgânicos, sedimentos ricos em nutrientes e matéria biológica em decomposição formam a base alimentar desses organismos.
Muitos desses animais, como poliquetas e alguns tipos de equinodermos, possuem adaptações morfológicas específicas, como apêndices que peneiram os sedimentos ou intestinos altamente eficientes que extraem nutrientes de materiais pobres.
Suspensívoros
Organismos que se alimentam de partículas em suspensão na coluna d’água, incluindo plâncton e detritos orgânicos que descem das camadas superiores do oceano, um fenômeno conhecido como “neve marinha”.

Em regiões de mar profundo, onde a produção primária é limitada pela ausência de luz, esses organismos dependem de partículas orgânicas que caem lentamente da superfície ou são transportadas por correntes oceânicas.
Disponibilidade alimentar no mar profundo
A alimentação no mar profundo é marcada por uma disponibilidade intermitente, baixa qualidade e quantidade limitada de recursos.

A “neve marinha”, composta por restos de organismos mortos, fezes e outros detritos, é uma importante fonte de nutrientes, mas sua quantidade diminui à medida que desce na coluna d’água.
Assim, os organismos que habitam essas regiões desenvolveram uma eficiência excepcional na captação e utilização de nutrientes.
Adicionalmente, em certas áreas específicas do fundo do mar, como regiões de vulcanismo submarino, ocorre a quimiossíntese.
Nesse processo, bactérias quimiossintéticas utilizam compostos químicos, como sulfeto de hidrogênio, para produzir energia e matéria orgânica, que serve como base para a cadeia alimentar local.
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Quedas orgânicas: fontes de alimento raras, mas essenciais
As quedas orgânicas desempenham um papel fundamental na dinâmica alimentar do mar profundo. Elas podem ser naturais ou antropogênicas:
Quedas naturais
As quedas naturais incluem carcaças de baleias e outros grandes animais marinhos, parcelas de madeira, acúmulo de macroalgas e zonas de oxigênio mínimo onde a produtividade é relativamente maior.

Carcaças de baleias, por exemplo, possuem abundância de lipídio na carne e nos ossos, o que promove uma fonte calórica elevada para uma variedade de animais, sustentando a sobrevivência de mais de 12.000 organismos, de acordo com um estudo de 2022.
Apesar de sua raridade, com apenas cerca de 10 descobertas naturais registradas no mundo, esses eventos sustentam comunidades diversificadas por longos períodos, podendo atingir os 100 anos.
Quedas antropogênicas
Atividades humanas também introduzem fontes alimentares no mar profundo, como naufrágios e pontos de descarga de resíduos orgânicos. Embora esses eventos possam representar uma fonte de nutrientes, também carregam riscos associados à poluição e à introdução de materiais tóxicos.
Especialização como estratégia de sobrevivência
Devido à escassez de alimentos, os organismos do mar profundo evoluíram para maximizar o uso de qualquer recurso disponível.

Algumas espécies, como os poliquetas Osedax, especializaram-se na degradação de ossos de carcaças, consumindo o lipídio internalizado. Outras possuem metabolismos extremamente lentos, permitindo longos períodos de jejum.
Assim, a alimentação no mar profundo não é apenas um reflexo da ecologia local, mas também uma demonstração da capacidade dos organismos em se adaptarem a um dos ambientes mais extremos do planeta.
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