O tarifaço de Donald Trump continua movimentando a economia global, especialmente o setor de tecnologia. Um comunicado da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos indicou que isentaria semicondutores e eletrônicos (como computadores e tablets) do pacote de taxas, levantando os ânimos dos investidores e empresas. Logo depois, porém, a informação era de que os aparelhos teriam tarifas específicas.
Nesta segunda-feira (14), ações de fabricantes de chips e fornecedoras asiáticas (incluindo da China) registraram altas nas ações. Mas a nova esperança pode ter dias contados, alimentando mais incertezas.
Trump prometeu dar detalhes sobre as tarifas específicas ainda hoje.
Trump prometeu isentar tarifas de tecnologia… mas não deve durar muito
Um comunicado da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, publicado na sexta-feira à noite, informou que chips semicondutores e eletrônicos, como computadores, tablets e relógios da Apple, estariam isentos de várias tarifas impostas à China.
Para se ter uma ideia, dados do Census Bureau divulgados pelo Wall Street Journal revelaram que os produtos isentos foram 23% das importações dos EUA no ano passado. Desse número, 26% vieram da China, com 81% sendo smartphones e 78%, monitores de computador.
Trump prometeu que falaria sobre o assunto nesta segunda-feira.

No final de semana, o Secretário de Comércio, Howard Lutnick, afirmou que os produtos de tecnologia enfrentarão tarifas específicas para esse setor em um ou dois meses. Ou seja, as isenções são apenas temporárias. O assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, corroborou com a estratégia, dizendo que a política oficial é “sem isenções, sem exclusões”.
Também no domingo, Trump escreveu na Truth Social que “não houve nenhuma isenção anunciada na sexta-feira”. O comunicado da Alfândega e Proteção de Fronteiras foi suficiente para levantar os ânimos da indústria, em um cenário em que a disputal comercial entre EUA e China está acirrada, com tarifas para produtos importados que já passam dos 100%.
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Bolsa está otimista
O mercado parece ter se animado com a possibilidade de isenção de tarifas, mesmo que temporariamente. Na semana passada, após o anúncio da pausa do tarifaço por 90 dias, as big techs registraram ganhos importantes, depois de dias consecutivos de quedas. O Olhar Digital deu detalhes aqui.
Neste início de semana, a perspectiva parece positiva:
- Ações de empresas asiáticas subiram após o comunicado das isenções – principalmente de fabricantes de chips e fornecedoras de equipamentos para smartphones e outros eletrônicos.
- A maior fabricante de chips da China, a SMIC, teve alta de 0,5% no pregão da tarde desta segunda-feira em Hong Kong. A Hua Hong Semiconductor avançou 3,05%;
- Ainda entre as fornecedoras de chips, a japonesa Tokyo Electron subiu 2,4% e a sul-coreana Samsung Electronics, 1,8%;
- Empresas fornecedoras de equipamentos para a Apple na Ásia também tiveram ganhos. A taiwanesa Largan Precision subiu 5,2% e a Foxconn Technology, 3%;
- Fabricantes de computadores entraram na onda: Lenovo subiu 3,4% e Quanta Computer, 5,8%.

Incerteza também afeta consumidor
As ações podem ter se recuperado, mas o clima ainda é de incerteza. O comunicado de Trump esperado para esta segunda-feira deve movimentar o setor (de novo).
As empresas não são as únicas afetadas. Segundo Adam Thierer, pesquisador sênior do think tank R Street Institute, focado em tecnologia e inovação, a “montanha-russa tarifária” continua tendo efeitos negativos e prejudica a confiança do consumidor, principalmente em relação à inflação.
Além disso, ele e outros especialistas alertaram que as taxas nos produtos de tecnologia prejudicam os EUA na corrida de inteligência artificial contra a China.
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