Washington endossa as alegações de Kiev de que há cerca de 200 chineses lutando ao lado da Rússia na guerra contra a Ucrânia, segundo autoridades dos EUA e uma fonte da inteligência ocidental citadas pela agência Reuters. Embora admita que os combatentes sejam mercenários sem vínculo direto com Beijing, o governo norte-americano diz que militares enviados pelo governo chinês estão na retaguarda observando e aprendendo com o conflito.
A revelação ganhou força após o almirante Samuel Paparo, comandante das forças dos EUA na região Indo-Pacífico, confirmar que dois homens de origem chinesa foram capturados pelas tropas ucranianas no leste do país. A captura ocorreu dias depois de o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky declarar que Kiev tem informações sobre 155 chineses combatendo pela Rússia.
Beijing, do seu lado, classificou como “irresponsável” a fala de Zelensky e afirmou que não é parte do conflito. Porém, uma autoridade da inteligência ocidental reforçou à Reuters que cerca de 200 mercenários chineses atuam na linha de frente russa, contingente ainda maior que o relatado por Zelensky.

Segundo essa fonte, oficiais do Exército de Libertação Popular (ELP), da China, também foram autorizados por seu governo a visitar áreas controladas pela Rússia para observar a guerra de perto e aprender lições táticas. “Eles estão absolutamente lá sob aprovação”, afirmou.
Fontes norte-americanas ouvidas sob anonimato disseram que os combatentes chineses aparentam ter pouco treinamento e não provocam impacto significativo nas operações militares russas. Mesmo assim, a presença reforça os sinais de aproximação entre Moscou e Beijing, que mantêm uma parceria diplomática descrita como “sem limites” desde 2022.
A presença dos mercenários chineses inclusive desobedece uma ordem oficial de Beijing. Em janeiro de 2024, o Ministério das Relações Exteriores da China havia alertado seus cidadãos para que se mantivessem longe de zonas de conflito, recomendando que evitassem qualquer envolvimento em guerras ou ações militares.
Por outro lado, voluntários de países ocidentais seguem integrando as fileiras ucranianas desde o início da guerra, inclusive com mortes de brasileiros confirmadas. Já a Coreia do Norte enviou mais de 12 mil soldados para o lado russo. Muitos desses combatentes norte-coreanos já morreram ou ficaram feridos em combate.
China e Rússia: aliança militar
Além da presença de mercenários e oficiais, a China tem contribuído com apoio material ao esforço de guerra russo. O fornecimento inclui componentes de uso duplo – que servem tanto para fins civis quanto militares – e drones letais. Em outubro passado, os Estados Unidos impuseram sanções a duas empresas chinesas acusadas de fornecer sistemas de armas à Rússia.
Beijing insiste em negar que forneça armas ou insumos militares a Moscou, mas têm se acumulado indícios de que a aliança entre os países ajuda as tropas russas na guerra. Em 2022, por exemplo, a China vendeu mais de US$ 500 milhões em semicondutores para a Rússia, em comparação com os US$ 200 milhões de 2021, segundo dados divulgados no final de setembro de 2023 pela rede CNBC.
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