Rússia envia general rebelde de volta à guerra para comandar missões de alto risco

Dois anos após ser destituído e preso por criticar duramente o alto comando militar da Rússia, o general Ivan Popov está de volta ao campo de batalhas. A informação foi confirmada por seu advogado e divulgada pela imprensa estatal russa. Mas o retorno não vem como prêmio: ele assumirá o comando de uma das unidades mais temidas — e vulneráveis — da guerra na Ucrânia, formada por ex-prisioneiros recrutados para missões de alto risco. As informações são da rede CNN.

Ex-comandante da 58ª Armada de Armas Combinadas no sul da Ucrânia, Popov se tornou conhecido em 2023 ao enviar um áudio a colegas em que denunciava a falta de apoio do Ministério da Defesa e acusava o chefe do Estado-Maior, Valery Gerasimov, de traição.

“As Forças Armadas da Ucrânia não conseguiram romper nossa linha de frente, (mas) nosso comandante superior nos atingiu pelas costas, traiçoeiramente e de forma vil, decapitando o Exército no momento mais difícil e tenso”, disse ele na mensagem que gerou a punição.

Membros das Forças Armadas da Rússia (Foto: reprodução/Facebook)

A reação foi imediata. Popov foi removido do cargo, enviado à Síria e, em 2024, preso sob acusação de fraude — uma irregularidade que ele sempre negou. Procuradores pediram pena de seis anos de prisão, e o general foi formalmente desligado das Forças Armadas. A detenção gerou revolta entre nacionalistas russos, veteranos e militares ativos, que passaram a pressionar pela sua reintegração.

Em março de 2025, Popov publicou uma carta aberta ao presidente Vladimir Putin pedindo para voltar ao campo de batalha. No texto, chamou o líder russo de seu “guia moral e modelo”, dizendo que ele o fez entender “o significado das palavras lendárias: ‘cabeça fria, coração quente e mãos limpas’”.

Na semana passada, o advogado de Popov, Sergei Buinovsky, afirmou à agência Tass que havia chegado a um acordo com o Ministério da Defesa para suspender o processo judicial e permitir que Popov retornasse ao combate. “Temos uma moção para suspender o caso, com a decisão positiva de enviar Ivan Ivanovich para a operação militar especial”, disse o defensor, usando a expressão adotada por Moscou para se referir à guerra.

Segundo o jornal russo Kommersant, ele assumirá o comando de um destacamento Tempestade-Z  — grupos compostos por ex-presidiários que protagonizam ofensivas de alto risco. A analista Kateryna Stepanenko, do Instituto para o Estudo da Guerra, afirma que essa missão “é, efetivamente, uma sentença de morte, porque o comando militar russo usa principalmente destacamentos penais ‘Tempestade-Z’ em assaltos frontais suicidas”.

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