EUA movem bombardeiros e ampliam ameaça contra o programa nuclear do Irã

Os EUA deslocaram para uma base no Oceano Índico aeronaves capazes de lançar bombas desenhadas para destruir instalações subterrâneas fortificadas, movimentação interpretada como um aviso direto ao Irã: se as negociações sobre o programa nuclear fracassarem, uma ofensiva militar não está descartada. O alerta foi reforçado por declarações recentes do presidente Donald Trump, que voltou a ameaçar bombardeios caso Teerã não aceite um novo acordo. as informações são da agência Reuters.

Apesar da expectativa crescente por uma operação militar, analistas e especialistas em defesa apontam que uma ofensiva, mesmo com grande poder destrutivo, dificilmente eliminaria a capacidade iraniana de desenvolver armas nucleares.

“Ultimamente, fora uma mudança de regime ou ocupação, é bastante difícil ver como ataques militares poderiam destruir o caminho do Irã rumo a uma arma nuclear”, afirmou Justin Bronk, pesquisador do Royal United Services Institute (Rusi). “Seria essencialmente o caso de tentar reimpor alguma medida de dissuasão militar, impor custos e empurrar os ‘prazos de rompimento’ de volta para onde estávamos há alguns anos.”

Inauguração do projeto nuclear de Teerã, em janeiro de 2015 (Foto: Tasnim News Agency/Hossein Heidarpour)

O “prazo de rompimento” refere-se ao tempo necessário para produzir material físsil suficiente para uma bomba. Com a saída dos EUA do acordo nuclear em 2018, durante o mandato anterior do atual presidente, o Irã ultrapassou os limites estabelecidos e reduziu esse prazo para apenas dias ou semanas. Agora, Trump tenta negociar novos termos: “Se eles não fizerem um acordo, haverá bombardeio”, disse ele

O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, também subiu o tom. “O Irã está mais exposto do que nunca a ataques contra suas instalações nucleares. Temos a oportunidade de alcançar nosso objetivo mais importante – impedir e eliminar a ameaça existencial ao Estado de Israel.”

As principais instalações de enriquecimento de urânio do Irã, Natanz e Fordow, foram construídas em profundidade para resistir a ataques aéreos. Especialistas dizem que apenas os EUA teriam capacidade técnica para atingi-las com eficácia, usando os bombardeiros B-2 e suas bombas de 30 mil libras.

“(Israel) não tem bombas de cinco mil libras suficientes” para destruir esses locais, observou o general aposentado da Força Aérea dos EUA Charles Wald.

Mas o impacto de um ataque pode ser o oposto do esperado. “Um ataque pode interromper e atrasar o programa, mas não pode destruí-lo”, afirmou Eric Brewer, da Nuclear Threat Initiative. “Um ataque pelos Estados Unidos provavelmente causaria mais danos do que um ataque israelense. Mas, em ambos os casos, estamos falando em ganhar tempo, e há um risco real de que isso empurre o Irã para mais perto da bomba.”

Ali Shamkhani, conselheiro do líder supremo Ali Khamenei, usou a rede social X, antigo Twitter, para destacar outros possíveis efeitos colaterais de um eventual ataque. “A continuação das ameaças externas, e o Irã estando em estado de ataque militar, podem levar a medidas de dissuasão, incluindo expulsão de inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e cessação da cooperação”, escreveu.

James Acton, analista do think tank Carnegie Endowment for International Peace, concordou com a afirmação Shamkhani. “Se você bombardear o Irã, é quase certo que o Irã, na minha opinião, expulsará os inspetores internacionais e correrá para a bomba”, disse ele, destacando que uma situação semelhante levou a Coreia do Norte a abrir mão da cooperação internacional e efetivamente criar e testar sua primeira arma nuclear.

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