As autoridades da Tailândia intensificaram a investigação sobre empresas chinesas envolvidas na construção de um prédio governamental que desabou no fim de março, matando mais de cem trabalhadores. O edifício de 30 andares foi a única grande estrutura a ruir no país após o terremoto de magnitude 7,7 que teve epicentro em Mianmar, a cerca de mil quilômetros de distância. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA).
O acidente levantou suspeitas sobre o projeto estrutural, o controle de qualidade da obra e possíveis casos de corrupção e suborno envolvendo a licitação pública. O governo tailandês agora apura a atuação da empresa China Railway Number 10, filial da estatal chinesa China Railway Engineering, responsável pela construção em parceria com a companhia local Italian Thai.
No domingo (20), o Departamento de Investigação Especial (DSI, na sigla em inglês) da Tailândia prendeu Chuanling Zhang, executivo da China Railway Number 10, sob acusação de violar a lei de negócios ao utilizar três cidadãos tailandeses como “laranjas” para registrar a empresa no país. Segundo a legislação local, estrangeiros só podem deter até 49% das ações de uma empresa em sociedade com parceiros tailandeses.

Zhang afirmou conhecer os três homens, oriundos de regiões rurais, mas disse não ter relação próxima com eles, conforme relato de um oficial do DSI. O executivo foi liberado após pagar fiança de 500 mil baht (R$ 86,2 mil), mas está proibido de deixar a Tailândia enquanto o caso segue em investigação. Caso condenado, ele pode pegar até três anos de prisão e pagar multa de 2 milhões de baht (R$ 344 mil).
A investigação também atinge a Xin Ke Yuan Steel, fornecedora chinesa das barras de aço utilizadas no prédio. Testes feitos após o desastre apontaram que o material estava abaixo dos padrões exigidos.
Em coletiva de imprensa realizada na segunda-feira (21), o advogado da empresa, Piyapong Kongmaruan, negou qualquer responsabilidade pelo colapso. “[Acreditamos] que a verdade mostrará que as principais causas do desabamento foram provavelmente outros fatores, como o projeto, os engenheiros ou a redução nas especificações”, declarou.
Em sua defesa, a Xin Ke Yuan Steel alegou que o aço encontrado nos escombros não representa a qualidade de toda a produção da companhia. O advogado também criticou o que chamou de preconceito contra empresas chinesas. “A Xin Ke Yuan é totalmente legal e cumpre os padrões”, afirmou.
Além das questões técnicas, o DSI apura denúncias de fraude fiscal por parte da fornecedora de aço. Segundo as autoridades, a empresa, que já estava suspensa por poluição desde dezembro, teria fraudado mais de 200 milhões de baht (R$ 34,4 milhões) em restituições de imposto sobre valor agregado, embora alegue ter pago mais de 800 milhões de baht (R$ 137 milhões) em tributos corporativos desde 2019.
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