Reunião de líderes mundiais define aceleração da ação climática antes da COP30 no Brasil

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, realizaram nesta semana uma reunião virtual com 17 líderes mundiais para reforçar compromissos com a agenda do clima.

O encontro a portas fechadas contou com a presença do presidente chinês, Xi Jinping, da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, além de chefes de Estado de grandes economias, como França e Espanha, e de países vulneráveis a desastres, como Barbados e Palau.

Aumento da ambição rumo à COP30

Também participaram os presidentes de Angola e Malásia, que exercem, respectivamente, a liderança da União Africana e da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).

Após o encontro, o líder da ONU fez uma declaração enfatizando que “não há tempo a perder”, pois nenhuma região está sendo poupada dos estragos das catástrofes climáticas.

Guterres declarou que o encontro foi um passo importante para acelerar a ação climática rumo à 30ª Conferencia das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que será no Brasil, na cidade de Belém. 

Ele revelou que pediu aos líderes que intensifiquem os esforços para apresentar os planos climáticos nacionais “mais robustos possíveis” antes da conferência.

De acordo com o secretário-geral, muitos líderes se comprometeram em finalizar as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) até setembro, incluindo a China que disse na reunião que irá abordar todos os setores da economia e todos os gases do efeito estufa.

António Guterres, secretário-geral da ONU, agosto de 2024 (Foto: UN Photo/Kiara Worth)
“A oportunidade econômica do século”

Para o chefe das Nações Unidas, esses novos planos oferecem uma oportunidade única de traçar uma visão “ousada” para uma transição verde e justa na próxima década.

Segundo ele, a reunião comprovou que “o mundo está avançando a todo vapor e nenhum grupo ou governo pode impedir a revolução da energia limpa”.

Guterres ressaltou que os países estão despertando para o fato de que “as energias renováveis ​​são a oportunidade econômica do século”.

O secretário-geral destacou que elas oferecem “o caminho mais seguro para a soberania e segurança energética, e para acabar com a dependência de importações voláteis e caras de combustíveis fósseis”.

Uma mensagem “poderosa e unificadora”

As NDCs devem contribuir para limitar o aquecimento global a 1,5 °C e estabelecer metas de redução de emissões que abranjam todos os gases de efeito estufa e todos os setores da economia. Além disso, devem acelerar uma transição justa dos combustíveis fósseis para as energias renováveis.

O líder da ONU também pediu aumento do apoio aos países em desenvolvimento, afirmando que eles são os menos responsáveis ​​pelas mudanças climáticas, mas são os que sofrem os piores efeitos.

Como exemplo ele citou que a África e outras partes do mundo em desenvolvimento estão vivenciando um aquecimento mais rápido, e as ilhas do Pacífico estão enfrentando uma elevação mais acelerada do nível do mar.

Ele pediu que na COP30 os líderes apresentem um roteiro concreto para mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano para essas nações até 2035.

Para ele, a reunião deixou uma “mensagem poderosa e unificadora” no combate às mudanças climáticas e enfatizou que essa agenda não será deixada de lado.

Resgate do multilateralismo

O encontro fez parte da Parceria Brasil-ONU por Ambição Climática, lançada em setembro passado por Lula e Guterres para renovar o compromisso político com o Acordo de Paris. O objetivo é criar impulso para planos climáticos nacionais mais fortes, a serem anunciados em 2025.

De acordo com um alto funcionário da ONU que falou em uma sessão informativa antes da reunião, o encontro serviu para “lembrar aos líderes que o clima continua sendo uma prioridade fundamental e que a colaboração e o multilateralismo ainda importam”.

Um alto funcionário brasileiro que participou disse que a COP30 em Belém irá além das negociações para se concentrar na implementação, transparência e entrega. De acordo com ele, os países “já negociaram o suficiente e agora o mundo quer ver ação, resultados, exemplos, soluções”.

O representante brasileiro também enfatizou que demonstrar resultados tangíveis é essencial para restaurar a confiança no multilateralismo, provando que não se trata apenas de negociar documentos, mas de torná-los realidade. 

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