Imagine um planeta do tamanho de Marte vagando pelo jovem Sistema Solar, um gigante rochoso chamado Theia. Agora, visualize a sua colisão com a Proto-Terra (o planeta Terra em seu estágio inicial), num evento cataclísmico que redesenhou nosso planeta e, de quebra, nos presenteou com a Lua!
Essa é a mais recente e intrigante teoria sobre a formação do nosso satélite natural, e as evidências apontam para um passado muito mais violento do que se imaginava.
Encontro explosivo há bilhões de anos
Há cerca de 4,5 bilhões de anos, o cenário cósmico era bem diferente. A Terra recém-formada não tinha sua fiel companheira lunar. A Lua, segundo a hipótese mais aceita atualmente, nasceu de um impacto colossal entre a jovem Terra e Theia.
Inicialmente, cientistas acreditavam em um choque de raspão, onde fragmentos de ambos os corpos se uniram para formar a Lua. No entanto, estudos recentes com supercomputadores sugerem algo muito mais dramático: uma colisão de frente.
Nesse cenário apocalíptico, Theia teria se fundido completamente com a Terra em questão de horas, lançando uma quantidade imensa de material incandescente ao espaço. Como mostra a simulação abaixo feita pela NASA:
Esse material, então, teria se aglutinado, dando origem a dois corpos celestes: um grande, que logo realinhou-se com a Terra, e um menor, impulsionado para longe, que se tornaria a Lua que conhecemos.
DNA cósmico revela a verdade
A principal evidência que sustenta essa teoria é a análise da composição química de rochas terrestres e lunares. Cientistas descobriram que os níveis de isótopos de oxigênio são praticamente idênticos em ambas as amostras.
Essa similaridade impressionante sugere uma mistura profunda e vigorosa de material, algo que só uma colisão frontal poderia ter causado.
“Se encontrássemos uma diferença nos isótopos de oxigênio entre a Lua e a Terra, isso implicaria que o impacto que formou a Lua foi um golpe superficial”, explica o professor e pesquisador Ed Young, ao portal IFL Science.
Outros indícios reforçam essa narrativa cósmica impactante. O alinhamento quase perfeito da órbita lunar com a órbita terrestre ao redor do Sol, a possibilidade de eclipses, o alto momento angular do sistema Terra-Lua e a menor densidade do nosso satélite natural são características que encontram explicações plausíveis no cenário de uma colisão massiva.

A colisão e as estações do ano
Além da Lua, a colisão cósmica com Theia nos deixououtro fenômeno fundamental para a vida como a conhecemos: as estações do ano. A inclinação do eixo de rotação da Terra, atualmente em 23,4 graus, é amplamente atribuída ao impacto devastador com o planeta vizinho.
Essa inclinação faz com que diferentes hemisférios recebam mais luz solar em diferentes épocas do ano, criando o ciclo das estações.
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O que restou do planeta que se chocou contra a Terra?
- A resposta pode estar escondida nas profundezas do nosso planeta.
- Cientistas suspeitam que grandes estruturas anômalas, conhecidas como Grandes Províncias de Baixa Velocidade (LLVPs), localizadas no manto terrestre abaixo das placas tectônicas africana e do Pacífico, podem ser remanescentes de Theia.
- Essas formações densas teriam afundado no manto ao longo de bilhões de anos, reforçando a ideia de que não faziam parte da composição original da Terra.
- Simulações computacionais apoiam essa hipótese, demonstrando que fragmentos de Theia poderiam ter penetrado o manto superior e, eventualmente, se deslocado para a fronteira entre o manto e o núcleo.
- Se essa teoria se confirmar, os restos de Theia também podem ter desempenhado um papel crucial na formação das placas tectônicas.
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