O cenário mundial atual é de tensão crescente. Em 2023, o investimento global em defesa alcançou níveis históricos, chegando a 2,44 trilhões de dólares, equivalente a cerca de 2,27 trilhões de euros. O aumento, de 6,8% em relação a 2022, foi registrado pelo Instituto Internacional de Estocolmo para a Pesquisa da Paz (SIPRI), uma das maiores referências mundiais no acompanhamento de gastos militares. O instituto também analisa quanto esse gasto representa do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país, indicando a prioridade que cada nação dá às suas forças armadas.
Entre os países que menos destinam orçamento para a defesa, o Haiti chama atenção. Apenas 0,1% de seu PIB é voltado para fins militares, o que se reflete na grave crise de segurança e instabilidade que afeta a nação. Irlanda e Maurício aparecem logo em seguida, com 0,2% do PIB investido em defesa. A Irlanda, historicamente neutra em conflitos, mantém essa política há décadas, enquanto Maurício é um país insular que não possui grandes forças armadas.
Em média, o gasto militar mundial em 2023 foi de 2,3% do PIB. O Reino Unido, por exemplo, destinou 74,9 bilhões de dólares para defesa, equivalente a 69,6 bilhões de euros, alinhando-se a essa média. Já países como África do Sul, Áustria e Nova Zelândia tiveram investimentos proporcionais menores, com 0,7%, 0,8% e 1,2% de seus respectivos PIBs voltados para defesa.
Outros países registraram níveis variados. O Canadá dedicou 1,3% de seu PIB ao setor militar, enquanto a Alemanha, uma das maiores potências da Europa, gastou 1,5%. A Austrália, preocupada com a segurança no Indo-Pacífico, destinou 1,9% do seu PIB, totalizando 32,3 bilhões de dólares. A França chegou a 2,1% do PIB e Taiwan, com constantes ameaças de conflito com a China, investiu 2,2%.
A Índia, uma das maiores economias emergentes, superou ligeiramente a média mundial, com 2,4% de seu PIB voltado para a defesa, o que representa um investimento de 83,6 bilhões de dólares. Singapura foi além, dedicando 2,7% de seu PIB, evidenciando sua preocupação com a estabilidade regional.
Em meio a essa preparação crescente, alguns países se destacam pelo volume de recursos destinados às forças armadas. Em primeiro lugar, está a Ucrânia. Com 36,7% de seu PIB comprometido com gastos militares em 2023, o país investiu cerca de 64,8 bilhões de dólares. Esse esforço massivo se deve principalmente à guerra em curso com a Rússia, que demanda recursos constantes para manter a resistência.
O Líbano aparece na sequência, com um aumento de 10% em seu orçamento militar, totalizando 241 milhões de dólares. Apesar de parecer modesto em números absolutos, esse valor representa uma parte significativa da capacidade financeira do país, que enfrenta desafios internos e tensões na fronteira.
Argélia também reforçou suas forças armadas, influenciada pelas disputas com o Marrocos e o apoio ao movimento separatista do Saara Ocidental, o Frente Polisário. O aumento no orçamento militar reflete a importância estratégica dessas questões para o governo argelino.
A Arábia Saudita, um dos maiores investidores mundiais em defesa, ampliou ligeiramente seus gastos, alcançando 75,8 bilhões de dólares em 2023. A estabilidade da região e a proteção das suas vastas reservas de petróleo são algumas das razões para essa prioridade constante em segurança.
Outro país que viu seu orçamento militar disparar foi o Sudão do Sul. Em 2023, o país aumentou seu gasto em 106%, ultrapassando 1 bilhão de dólares. Esse crescimento é resultado direto da escalada da violência interna e das tensões provocadas pela guerra civil no vizinho Sudão.
O panorama internacional indica que muitos países estão se preparando para cenários de conflito mais intensos, redobrando investimentos em segurança e aumentando a presença militar. A crescente instabilidade geopolítica e os conflitos regionais ajudam a explicar a disparada histórica dos gastos militares em diversas partes do mundo.
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