Michael Alexander Gloss, de 21 anos, filho da vice-diretora de Inovação Digital da CIA (Agência Central de Inteligência, da sigla em inglês), Julian Gallina Gloss, morreu em abril de 2024 enquanto servia ao Exército russo na guerra da Ucrânia. A informação foi divulgada somente agora pelo site Important Stories, que confirmou a morte após uma investigação jornalística. Ele foi um dos mais de 1,5 mil estrangeiros recrutados pelo Ministério da Defesa da Rússia para lutar no conflito.
Julian Gloss, mãe de Michael, é uma das mais altas funcionárias da inteligência americana. Formada pela Academia Naval dos Estados Unidos, ela foi a primeira mulher a comandar os cadetes da instituição nos anos 1990 e atua há mais de 30 anos na área militar e de inteligência. Em fevereiro de 2024, poucos meses antes da morte do filho, assumiu o cargo de vice-diretora de Inovação Digital da CIA, posição estratégica voltada à transformação tecnológica da agência.

Michael Gloss foi localizado pelas autoridades russas em setembro de 2023 no centro de recrutamento militar de Moscou. O americano havia obtido um visto russo em Istambul e, ao entrar na Rússia, expressou em mensagens a intenção de permanecer no país, aprender o idioma e obter a cidadania. Durante as semanas seguintes, participou de treinamento no centro Avangard, na região de Moscou, ao lado de outros estrangeiros, incluindo cidadãos nepaleses e chineses.
O nome de Gloss apareceu oficialmente nos registros de pessoal do 137º Regimento Aerotransportado, unidade militar russa baseada em Ryazan, que integra a 106ª Divisão, uma das principais forças russas em ação na Ucrânia. O regimento estava posicionado na região de Donetsk, local onde Gloss teria sido enviado após o treinamento. De acordo com relatos de colegas e publicações em redes sociais de outros combatentes, ele participou de operações na linha de frente antes de morrer em 4 de abril de 2024.
A família Gloss foi informada da morte pelas autoridades russas, mas as circunstâncias exatas do falecimento não foram detalhadas. O obituário divulgado nos Estados Unidos afirma que Michael “estava trilhando seu próprio caminho como herói quando morreu tragicamente na Europa Oriental”, sem mencionar sua atuação no Exército russo. O corpo foi enterrado em Fairfax, no estado da Virgínia, oito meses após a morte.
A decisão de Gloss de se alistar ao lado das tropas russas causou surpresa entre amigos e conhecidos. Segundo relatos reunidos pelo Important Stories, o jovem expressava críticas ao governo dos Estados Unidos e chegou a dizer que buscava o passaporte russo para viabilizar projetos pessoais. Sua adesão ao Exército russo, no entanto, coincidiu com a intensificação das ofensivas da Rússia na Ucrânia e com o aumento no recrutamento de estrangeiros pelo Kremlin.
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