Um levantamento surpreendente do Sexlog, maior plataforma de sexo e swing do Brasil, coloca o Pará entre os líderes de um ranking inusitado: o estado figura em terceiro lugar no país em número de adeptos do fetiche cuckold, prática em que o parceiro sente prazer ao ver a companheira com outro homem. Com 34,99% dos usuários locais assumindo a fantasia, o Pará empata com o Piauí e fica atrás apenas do Acre (47,69%) e do Amazonas (37,52%).
Os dados, coletados neste mês de abril, em celebração ao Dia do Corno, ocorrida última sexta-feira 25, mostram que o Norte do Brasil é o epicentro dessa prática, desafiando estereótipos de conservadorismo e revelando uma ousadia sexual que floresce na região amazônica.
O Sexlog contabiliza quase meio milhão de adeptos do cuckold em todo o Brasil, com o Norte dominando o cenário. No Pará, a alta adesão reflete uma abertura crescente para explorar fantasias antes vistas como tabu. “O Norte é sempre rotulado como conservador, mas os números mostram uma realidade bem mais liberal”, afirmou Mayumi Sato, CMO do Sexlog.
A pesquisa revela que 92% dos adeptos sentem tesão ao imaginar a parceira com outro, e 78% já tinham essa fantasia antes do relacionamento atual. No comportamento, 53% preferem assistir ao vivo, enquanto 22% curtem relatos e 14% optam por fotos ou vídeos.
O perfil dos “cornos” paraenses e brasileiros é variado, mas majoritariamente masculino: 74% dos adeptos são homens que se identificam como cuckolds, 15% como “comedores de casadas” (os terceiros na dinâmica) e 11% alternam entre os papéis. A maioria, 78%, está em relacionamentos estáveis, e 89% afirmam que o fetiche fortaleceu a relação. A pornografia é a porta de entrada para 57% dos interessados, seguida por influência de amigos (23%) ou experiências com swing (15%).
Um casal entrevistado, Fagner e Kriss, ilustra a dinâmica. Juntos há quatro anos, eles compartilham suas experiências na plataforma Hotvips. “Ver ela sendo desejada por outros me excita”, diz Fagner, enquanto Kriss destaca o empoderamento: “Me sinto livre e poderosa. O sexo com terceiros reforçou nosso laço”. A confiança e regras claras são a base do casal, que dialoga antes e depois de cada encontro.
O Pará no pódio: ousadia ou reflexo cultural?
A posição de destaque do Pará no ranking do cuckold é, no mínimo, intrigante. Que o estado, conhecido por sua riqueza cultural e tradições, esteja entre os primeiros a abraçar uma prática tão ousada mostra que a sexualidade humana não se encaixa em rótulos regionais. Contudo, a liderança do Norte levanta questões: seria um reflexo de maior abertura ao diálogo sobre desejos? Ou apenas um sinal de que plataformas como o Sexlog têm maior penetração na região?
O fato é que o Pará, com sua vibrante cena sexual, está ajudando a desmistificar o fetiche, transformando o “corno” de piada em protagonista de uma revolução na intimidade.
Ainda assim, é preciso cautela. Como destaca Mayumi Sato ao G1, o cuckold exige consentimento, diálogo e respeito mútuo. A popularidade no Pará é positiva por quebrar tabus, mas também acende um alerta: fantasias devem ser exploradas com segurança, usando proteção e evitando imposições. O estado pode até ser um dos “reis dos cornos”, mas que essa coroa venha com responsabilidade e liberdade consciente.
Da Grécia a Shakespeare
Se você já riu de uma piada de corno na mesa de bar, prepare-se para uma reviravolta: o corno, essa figura lendária da comédia e da tragédia, está vivendo seu momento de glória. No Dia do Corno, o “traído” deixou de ser apenas o coitado da história para se tornar protagonista de um fetiche que é puro desejo, ousadia e — por que não? — um toque de deboche consentido. Quem diria que o chifre, outrora motivo de vergonha, agora brilha como coroa?
A figura do corno é tão antiga quanto uma novela grega. Lá na Grécia Antiga, Hefesto já levava chifre de Afrodite com Ares, e o pobre ferreiro divino nem tinha Sexlog pra desabafar. Shakespeare eternizou a paranoia da traição em Otelo, e Machado de Assis nos deixou até hoje discutindo se Capitu traiu ou não Bentinho em Dom Casmurro. Spoiler: a dúvida é o tempero da história.
Hoje, o corno brilha nas telas com mais camadas. Na série The White Lotus (HBO), o personagem Ethan, vivido por Will Sharpe, mergulha num misto de ciúme, paranoia e tensão sexual que deixa a gente confuso: tá sofrendo ou tá gostando? É o corno 2.0, que não é só vítima, mas também cúmplice de um jogo de poder e desejo. E, convenhamos, esse clima de “será que é traição ou fantasia?” é mais viciante que pipoca na maratona de streaming.
A trilha sonora do chifre: do chororô à zoeira
Na música brasileira, o corno é praticamente um gênero musical. Do samba-canção ao sertanejo, ele chora as mágoas em letras que vão de Reginaldo Rossi a Marília Mendonça. Mas, nos anos 90, os Mamonas Assassinas transformaram o drama em comédia com “Bois don’t cry”, uma pérola que mistura sofrência com a dúvida existencial: “Ser corno ou não ser? Eis a minha indagação”. É o hino de quem já aceitou o chifre com um ombro amigo e uma cerveja gelada.
No funk e no pop, o jogo virou. MC Carol e Anitta cantam sobre liberdade, relações abertas e desejo sem culpa, onde o corno é menos vítima e mais parceiro de crime. O chifre, nesse cenário, é quase um acessório fashion: usa quem quer, e com estilo.
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