Taiwan vem intensificando os esforços para conquistar espaço no mercado global de drones, dominado atualmente pela China. A estratégia inclui fabricar aeronaves não tripuladas livres de componentes chineses, em meio ao aumento da demanda internacional por equipamentos considerados mais confiáveis em contextos de segurança nacional. As informações são da revista The Economist.
“Esses são vermelho-zero, 100%. Nada feito na China”, afirmou Dy Hsin, gerente da fabricante taiwanesa Coretronic, enquanto exibia um pequeno drone de vigilância produzido pela empresa. Os aparelhos já vêm sendo fornecidos para bombeiros e equipes de resgate nos EUA, e a companhia mira agora contratos com a patrulha de fronteira americana.

O governo taiwanês investe para fortalecer a indústria local de drones tanto para equipar suas Forças Armadas quanto para aproveitar a desconfiança global em relação aos produtos chineses. O presidente Lai Ching-te pretende transformar o país no “hub asiático das cadeias de suprimento de VATs (veículos aéreos não tripulados) para as democracias globais”. A meta é ambiciosa: produzir 15 mil drones por mês até 2028, com apoio de subsídios e contratos que somam US$ 210 milhões (R$ 1,2 bilhão).
Apesar da expertise tecnológica, Taiwan enfrenta dificuldades para competir em preço com os fabricantes chineses, que controlam 80% do mercado mundial. Segundo Dy, os drones da Coretronic custam cerca de 25% mais que os equivalentes chineses. “Nossos fabricantes precisam de mais pedidos do exterior para ganhar escala”, afirmou Lu Wen-Tsan, representante do Ministério do Comércio taiwanês.
Outro desafio é garantir que os produtos estejam realmente livres de componentes chineses. Moudy Hu, líder da aliança de fabricantes de drones criada pelo governo, afirmou que só quatro empresas taiwanesas foram aprovadas até agora nos rigorosos testes exigidos para contratos com o Ministério da Defesa. “Muitas das pequenas fornecedoras de peças ainda precisam passar por inspeção”, destacou.
Além da concorrência chinesa, os fabricantes de Taiwan acompanham o avanço da indústria de drones da Ucrânia, que afirma ter capacidade para produzir cinco milhões de unidades por ano. “Alguns aqui discutem se não deveríamos simplesmente comprar drones ucranianos e armazená-los”, relatou Hong-Lun Tiunn, do think tank DSET, sediado em Taipé.
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